Na sala imersiva do MIS, fósseis do Cariri voltarão à vida
Repórter do O POVO+ especializada em ciência, meio ambiente e clima. Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC), é premiada a nível regional e nacional com reportagens sobre ciência e meio ambiente. Também já foi finalista do Prêmio Einstein +Admirados da Imprensa de Saúde, Ciência e Bem-Estar na região Nordeste
Gritei como uma criança com o vídeo de um pterossauro sobrevoando um Cariri marinho transformando-se em floresta de araucárias, publicado nas redes sociais do Museu da Imagem e do Som do Ceará (MIS-CE). É que, depois do sucesso da exposição imersiva Aves do Ceará, vem aí o Fósseis do Cariri.
Vamos voltar no tempo: em janeiro de 2024, o MIS-CE inaugurou a exposição Aves do Ceará na sala imersiva. Ao projetar em quatro paredes e no chão, a sala imerge o público em uma animação adorável apresentando a diversidade de 29 aves em diferentes ambientes do Ceará.
Da serra ao sertão, do dia à noite, a exposição é prato cheio para falar sobre biodiversidade e proteção do meio ambiente.
As crianças amam. Interagem com as plantas, gritam com o carcará (Caracara plancus) dando rasantes e predando um pombo-comum (Columba livia), encantam-se com a rasga-mortalha (Tyto furcata) dominando a noite.
A exposição fez uma pausa temporária em dezembro de 2024 para dar lugar a uma tão empolgante quanto: o Fósseis do Cariri. De repente, era eu a criança correndo com os bichos da tela.
Seguindo a experiência da antecessora, que explorou não apenas diferentes ecossistemas cearenses, mas também viajou ao período Cretáceo para mostrar as aves pré-históricas do Estado, o Fósseis do Cariri vai recriar os ecossistemas fossilizados da Bacia do Araripe.
A Bacia do Araripe é um dos sítios paleontológicos mais ricos do mundo. Por um conjunto de fatores, conhecidos e em investigação, os seres vivos que ocuparam o atual sertão caririense foram super bem preservados.
Por aqui, os paleontólogos conseguem analisar mais do que ossos. Órgãos, penas, peles, escamas e até algumas moléculas foram encontradas em qualidade suficiente para dar pistas cruciais do passado.
Para além dos pterossauros e dinossauros (primos, não irmãos), a exposição dará destaque merecido ao bioma do Cretáceo caririense. As paisagens, a vegetação e todos os animais terrestres e aquáticos, por vezes escanteados pela admiração aos dinos, serão apresentados ao público.
A obra reproduz cinco dinossauros, nove pterossauros, dois crocodilomorfos, duas tartarugas, 16 peixes e mais de 15 espécies de plantas, resultando em um total de mais de 50 espécimes recriados por paleoartistas experientes. A parte de animação 2D foi dirigida pelo animador cearense Neil Rezende.
A inauguração será no sábado, 11 de janeiro, às 18h30min. Vai por mim, essa é uma atividade obrigatória para crianças e adultos, principalmente porque falar de ciência e paleontologia é, também, falar de patrimônio cultural!
Tem pesquisa brasileira e muito nordestina entrando no TOP 10 descobertas arqueológicas de 2024!
Como assim? Arqueologia não é o estudo dos humanos de outros tempos, enquanto a paleontologia é dos outros seres vivos? É sim.
Acontece que em abril de 2024 pesquisadores brasileiros encontraram, na Paraíba, artes rupestres coexistindo intencionalmente com pegadas de dinossauros.
Ao analisar o sítio arqueo-paleontológico, os pesquisadores apontaram o valor cultural dos vestígios paleontológicos para povos indígenas pré-coloniais. O POVO+ publicou reportagem sobre o estudo, que contou com registros fotográficos de dois cientistas-mirins de Nova Olinda (Cariri cearense).
O ineditismo do estudo foi destacado pela Archaeology Magazine como uma das 10 descobertas mais empolgantes do ano.
A pesquisa tem autoria principal do arqueólogo Leonardo Troiano (Iphan), com equipe formada pela paleontóloga Aline Ghilardi (UFRN), pelo paleontólogo Tito Aureliano (Urca) e pela arqueóloga Heloísa Bitú (Instituto de Arqueologia do Cariri Dra. Rosiane Limaverde, da Fundação Casa Grande).
Para a reportagem do OP+, Aline resumiu perfeitamente como fósseis e cultura têm tudo a ver: “(Esse sítio) dialoga com o profundo do que é ser humano: ser curioso com a natureza. A partir do momento que a gente encontra um fóssil, nós atribuímos valor científico. No presente, isso já passa a ser um valor cultural. Os fósseis não deixam de ser a interpretação que a gente faz deles, uma forma de cultura.”
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