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Na sala imersiva do MIS, fósseis do Cariri voltarão à vida
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Repórter do O POVO+ especializada em ciência, meio ambiente e clima. Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC), é premiada a nível regional e nacional com reportagens sobre ciência e meio ambiente. Também já foi finalista do Prêmio Einstein +Admirados da Imprensa de Saúde, Ciência e Bem-Estar na região Nordeste

Catalina Leite ciência e saúde

Na sala imersiva do MIS, fósseis do Cariri voltarão à vida

Exposição imersiva Fósseis do Cariri inaugura no dia 11 de janeiro às 18h30min, no Museu de Imagem e Som do Ceará
Tipo Opinião
Reconstrução ilustrada do pterossauro Kariridraco dianae, encontrado no Cariri (Foto: Júlia d’Oliveira)
Foto: Júlia d’Oliveira Reconstrução ilustrada do pterossauro Kariridraco dianae, encontrado no Cariri

Gritei como uma criança com o vídeo de um pterossauro sobrevoando um Cariri marinho transformando-se em floresta de araucárias, publicado nas redes sociais do Museu da Imagem e do Som do Ceará (MIS-CE). É que, depois do sucesso da exposição imersiva Aves do Ceará, vem aí o Fósseis do Cariri.

Vamos voltar no tempo: em janeiro de 2024, o MIS-CE inaugurou a exposição Aves do Ceará na sala imersiva. Ao projetar em quatro paredes e no chão, a sala imerge o público em uma animação adorável apresentando a diversidade de 29 aves em diferentes ambientes do Ceará.

Da serra ao sertão, do dia à noite, a exposição é prato cheio para falar sobre biodiversidade e proteção do meio ambiente.

As crianças amam. Interagem com as plantas, gritam com o carcará (Caracara plancus) dando rasantes e predando um pombo-comum (Columba livia), encantam-se com a rasga-mortalha (Tyto furcata) dominando a noite.

A exposição fez uma pausa temporária em dezembro de 2024 para dar lugar a uma tão empolgante quanto: o Fósseis do Cariri. De repente, era eu a criança correndo com os bichos da tela.

 

 

Seguindo a experiência da antecessora, que explorou não apenas diferentes ecossistemas cearenses, mas também viajou ao período Cretáceo para mostrar as aves pré-históricas do Estado, o Fósseis do Cariri vai recriar os ecossistemas fossilizados da Bacia do Araripe.

Cena da exposição Fósseis do Cariri(Foto: MIS / Reprodução Instagram)
Foto: MIS / Reprodução Instagram Cena da exposição Fósseis do Cariri

A Bacia do Araripe é um dos sítios paleontológicos mais ricos do mundo. Por um conjunto de fatores, conhecidos e em investigação, os seres vivos que ocuparam o atual sertão caririense foram super bem preservados.

Por aqui, os paleontólogos conseguem analisar mais do que ossos. Órgãos, penas, peles, escamas e até algumas moléculas foram encontradas em qualidade suficiente para dar pistas cruciais do passado.

Para além dos pterossauros e dinossauros (primos, não irmãos), a exposição dará destaque merecido ao bioma do Cretáceo caririense. As paisagens, a vegetação e todos os animais terrestres e aquáticos, por vezes escanteados pela admiração aos dinos, serão apresentados ao público.

A obra reproduz cinco dinossauros, nove pterossauros, dois crocodilomorfos, duas tartarugas, 16 peixes e mais de 15 espécies de plantas, resultando em um total de mais de 50 espécimes recriados por paleoartistas experientes. A parte de animação 2D foi dirigida pelo animador cearense Neil Rezende.

A inauguração será no sábado, 11 de janeiro, às 18h30min. Vai por mim, essa é uma atividade obrigatória para crianças e adultos, principalmente porque falar de ciência e paleontologia é, também, falar de patrimônio cultural!

Por falar em fósseis e arte...

Tem pesquisa brasileira e muito nordestina entrando no TOP 10 descobertas arqueológicas de 2024!

Como assim? Arqueologia não é o estudo dos humanos de outros tempos, enquanto a paleontologia é dos outros seres vivos? É sim.

Acontece que em abril de 2024 pesquisadores brasileiros encontraram, na Paraíba, artes rupestres coexistindo intencionalmente com pegadas de dinossauros.

No canto esquerdo da imagem, é possível ver a ocorrência da gravura rupestre (acima) ao lado de uma pegada (abaixo)(Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação No canto esquerdo da imagem, é possível ver a ocorrência da gravura rupestre (acima) ao lado de uma pegada (abaixo)

Ao analisar o sítio arqueo-paleontológico, os pesquisadores apontaram o valor cultural dos vestígios paleontológicos para povos indígenas pré-coloniais. O POVO+ publicou reportagem sobre o estudo, que contou com registros fotográficos de dois cientistas-mirins de Nova Olinda (Cariri cearense).

O ineditismo do estudo foi destacado pela Archaeology Magazine como uma das 10 descobertas mais empolgantes do ano.

O grupo de arqueólogos e paleontólogos analisando as pegadas e as artes rupestres(Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação O grupo de arqueólogos e paleontólogos analisando as pegadas e as artes rupestres

A pesquisa tem autoria principal do arqueólogo Leonardo Troiano (Iphan), com equipe formada pela paleontóloga Aline Ghilardi (UFRN), pelo paleontólogo Tito Aureliano (Urca) e pela arqueóloga Heloísa Bitú (Instituto de Arqueologia do Cariri Dra. Rosiane Limaverde, da Fundação Casa Grande).

Para a reportagem do OP+, Aline resumiu perfeitamente como fósseis e cultura têm tudo a ver: “(Esse sítio) dialoga com o profundo do que é ser humano: ser curioso com a natureza. A partir do momento que a gente encontra um fóssil, nós atribuímos valor científico. No presente, isso já passa a ser um valor cultural. Os fósseis não deixam de ser a interpretação que a gente faz deles, uma forma de cultura.”

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