
Redatora de Capa e Farol do O POVO. Quadrinista e jornalista entusiasta de temas relacionados à saúde e bem-estar. Uma ex-sedentária em busca de se manter em movimento
Redatora de Capa e Farol do O POVO. Quadrinista e jornalista entusiasta de temas relacionados à saúde e bem-estar. Uma ex-sedentária em busca de se manter em movimento
O relógio marca 9h15min. É uma sexta-feira e poderia ser um dia qualquer, pós-treino, mas é junho. Lá estava eu sentada em um caixote, no meio da academia, com bandeirinhas tremulando ao meu redor, forró tocando na caixa de som, e nas mãos um pratinho preenchido com arroz, vatapá, creme de galinha e paçoca. No meu plano alimentar, era hora de tomar um café, comer ovos mexidos e uma porção de mamão. Mas é junho. E, nessa sexta-feira específica, junho me venceu.
Quando rebenta o sexto mês do ano, não há semana (e, em algumas, eu diria até que não há um dia sequer) em que não sejamos bombardeados por alguma guloseima típica. O pratinho é até fichinha, uma tentação quase sempre contornável, no mar de milho, coco e amendoim em que se transforma junho. Vou comprar um café preto, e uma cocada na vitrine paquera comigo; chego no trabalho, e na bancada um bolo de macaxeira sussurra que compensa demais; vou a aniversários e, em todos, a canjica, a pamonha e o mungunzá, um trio muito mais forte do que eu, me seduz a trair a dieta.
Ser fiel ao plano alimentar é tarefa quase impossível em junho: a oferta é farta, os eventos são muitos e as opções são quase todas hipercalóricas. Mas é Ceará, Nordeste, e não dá para ser feliz recusando um pedaço de bolo de milho. Tenho pra mim que quem consegue já morreu um pouquinho por dentro.
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Muito viva, a servidora Renata Viana, 42, elege junho como o mês mais complicado entre os 12 no quesito se manter na linha. "Eu acompanho um plano alimentar, tenho aquele esquema certinho e faço durante todo o ano. Mas aí, quando chega junho, é um período complicado. Bem mais complicado do que o Natal, por exemplo, pra mim. Porque são, realmente, comidas que eu amo. Dos bolos ao pratinho, tudo", comenta.
Renata Viana, 42, servidora pública
E aí, se não podemos vencer essa batalha injusta contra junho, o jeito é se juntar a ele. Mas Renata monta estratégias. "Tento reduzir a quantidade, se não resisto, então como um pouquinho. E então, quebrou aqui, mas meu almoço volta para o plano, meu jantar é dentro do plano, as demais refeições seguem a rotina. Outra coisa é que mantenho a constância nos treinos, porque preciso compensar esse aumento de (ingestão de) caloria. É um equilíbrio".
Equilíbrio é a tônica das recomendações da nutricionista clínica e esportiva Sueli Oliveira. Para ela, não é uma questão de deixar de confraternizar e perder as festas juninas em prol de uma dieta, mas sim de encaixar isso dentro de uma rotina regrada. O conselho da nutricionista é tornar aquele momento uma das três refeições livres da semana.
"A pessoa pode, sim, comer o que ela tiver vontade de comer. Você pode comer de tudo, mas não tudo. Então, é pegar pequenas porções, um pratinho menor. E aproveitar. Se você tiver realmente equilíbrio, dá certo", pontua. Incluir algum item rico em proteína, como carne desfiada, e optar por versões saudáveis das comidas (sem adição de açúcar e com menos ingredientes) são outras dicas que Sueli repassa.
Não exagerar na quantidade de alimentos ingeridos e estar atento ao que seu organismo normalmente já não digere bem são outros pontos levantados pela nutricionista clínica, esportiva e funcional Tanara Ferreira. "Nosso corpo é adaptado a produzir enzimas baseado no quanto de alimentos costumamos consumir. Nesse período, o corpo, muitas vezes, não acompanha a produção de enzimas, ácido clorídrico, e isso impacta negativamente o processo de digestão e absorção dos nutrientes. Por isso é tão comum pessoas se queixarem, após momentos assim, de azia, gases ou até mudança no padrão das fezes", alerta.
Sueli lembra também que não adianta chutar o balde no fim de semana, esquecer a dieta por dois dias, e tentar compensar tudo de uma vez com mais exercícios. "Até funciona, mas não é recomendado para saúde mental, porque a pessoa vai sentir como se estivesse se punindo. Não precisa fazer isso, é só voltar tudo ao normal, manter a rotina de treino, beber um pouquinho mais de água, se hidratar mais para não ficar retido e não confundir sede com fome", ensina.
Vale rezar a cartilha do santo equilíbrio o ano todo, mas, mais ainda sob às bençãos de Santo Antônio, São João e São Pedro.
Sueli Oliveira, nutricionista clínica e esportiva. @sueli_oliveiranutri
O POVO - Em relação às dicas e estratégias, o que é que você pode listar de dicas para esses momentos?
Sueli Oliveira - Para pessoas que querem diminuir os excessos, elas podem seguir algumas estratégias. Por exemplo, antes de sair não vai fazer uma grande refeição, mas comer uma refeição com proteína e fibras, por exemplo, uma saladinha com um pouquinho de chia e um peito de frango ou uma carne ou alguns ovos cozidos.
Ou você pode tomar uma dose de whey, só o whey mesmo com água. Uma terceira opção é tomar uma dose de psyllium, que é uma fibra que é muito poderosa. Essa fibra ela forma um gel no seu estômago, ela aumenta de tamanho e dá mais saciedade. Então, vai ficar difícil a pessoa comer muito porque ela vai estar meio que cheia antes de sair de casa. Pega 300ml de água, uma colher de sopa de psyllium, mistura ali e toma. E se tiver whey, coloca também uma colherzinha de whey. Ajuda na saciedade e vai evitar de você exagerar.
Também não deixar de treinar, se for preciso, acorda mais cedo e treina, ou tenta fugir na hora do almoço. Mas tem que manter a rotina de treino, porque se não, não vai compensar, né? Você tem que gastar energia de alguma forma. Não dá adianta só comer, e não gastar energia.
Tanara Ferreira, nutricionista clínica, esportiva e funcional. @tanaraferreiranutri
O POVO - Quais as dicas você daria para passar esse período sem deixar de aproveitar, mas minorando os danos?
Tanara Ferreira - Antes da festa, buscar se hidratar bastante, para aproveitar tanto em termos de disposição quanto não confundir fome com sede.
Nas festas juninas, assim como outros eventos, lembrar que são momentos que vão muito além da comida. Aproveitar a música, pessoas, brincadeira ajuda a tirar o foco apenas da comida.
E no momento de comer, saborear, comer devagar, fazer suas escolhas, mas evitando se sentir desconfortável porque passou do ponto. Então esteja atento e sempre se observando para ter prazeres além da comida. Realmente ela é um dos, mas não o único, principalmente nas festividades.
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