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Dois meses até a definição em Fortaleza
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Dois meses até a definição em Fortaleza

Tipo Opinião

No calendário original das eleições, começaria na segunda-feira que vem o prazo para as convenções partidárias, quando os candidatos são oficializados. As datas foram empurradas e as convenções ocorrerão de 31 de agosto até 16 de setembro. Portanto, faltam dois meses, no máximo, para o cenário eleitoral de Fortaleza se definir. O primeiro turno será em 15 de novembro. Então, daqui a quatro meses estaremos no segundo turno da campanha - se o(a) prefeito(a) já não estiver eleito(a).

Até agora, tem-se como certo que Capitão Wagner (Pros) será candidato. A candidatura de Célio Studart (PV) também não parece que será revertida. Heitor Férrer se coloca como nome do Solidariedade. O Psol terá Renato Roseno. O Novo não terá candidato a prefeito. Buscará eleger vereadores e, conforme informou o colega Eliomar de Lima, deverá liberar os filiados a apoiarem opositores de PT e PDT.

O PSDB acena com candidatura de Carlos Matos, mas não é algo absolutamente certo. O PT definiu o nome de Luizianne Lins, mas ela topa negociar para o nome do PT ser outro, com apoio de uma grande aliança.

Falta a base governista. Não é desprezível a hipótese de que o comando do grupo Ferreira Gomes trabalhe perto do limite desse prazo de dois meses.

As desincompatibilizações de Samuel Dias (PDT), Élcio Batista (PSB), Nelson Martins (PT) e Ferruccio Feitosa (PDT) ocorreu para cumprir o prazo daquele momento. Foi a antecipação forçada de um movimento que a cúpula preferia deixar mais para frente.

O método Ferreira Gomes

Um dos motivos é a concentração no combate à Covid-19, mas vai além. Não é por acaso que Cid Gomes trabalha no limite dos prazos e gosta de adiar definições - quando é situação, claro. Ele é o mentor do método que mantém a hegemonia no poder no Ceará há 13 anos e meio. Grupo que esteve sempre do lado vencedor em todas as eleições estaduais ou na capital desde 2006. Foram quatro vitórias para governador e três para prefeito - em 2008, o apoio formal do grupo foi a Luizianne Lins (PT), embora Ciro Gomes tenha aberto dissidência para apoiar Patrícia Saboya (então PDT).

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O método cidista, quando em sua plenitude, consiste em movimentos ousados, rápidos, sem dar tempo de reação aos adversários. Por isso trabalham no limite do prazo.

Desta vez, Cid não está na coordenação do processo, embora tudo tenha de passar por ele e Ciro. Roberto Cláudio se move com liberdade dentro de limites. Sabe que pertence a um grupo, que tem líderes. E muito está em jogo para todos eles. Nem ele nem os irmãos decidirão sozinhos. Quem conduz é o prefeito. Uma certa liberdade vigiada. Se as decisões estiverem dentro daquilo que os Ferreira Gomes julgam razoável, serão confirmadas. O governador Camilo Santana é outro ator nesse jogo.

Pelo histórico, devemos esperar definições no limite do prazo e movimentos que tragam algum nível de surpresa. O previsível não é a rotina para o grupo.

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Roberto Cláudio coordena as negociações dentro de certos limites
Foto: JÚLIO CAESAR
Roberto Cláudio coordena as negociações dentro de certos limites

O que está em jogo para o governismo

Há muito em jogo porque, para o projeto nacional de Ciro Gomes, seria um enorme baque, gigantesco, perder a capital de seu estado, sobretudo se for para um aliado de Jair Bolsonaro. Se Ciro perdeu ficou fora do segundo turno da última eleição presidencial em condições mais favoráveis, imagine-se em quadro mais adverso. Quanto a Roberto Cláudio, fazer um sucessor o torna nome muito provável para concorrer a governador em 2022. A derrota pode inviabilizá-lo.

A cada eleição, o grupo governante tem o poder a perder. Não é pouca coisa. Desta vez, em Fortaleza e sem uma candidatura construída até agora, eles podem comprometer também os respectivos futuros políticos.

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