
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Uma fala meio descompromissada e rápida do governador Elmano de Freitas (PT) em conversa com jornalistas, cerca de uma semana atrás, repercutiu nos bastidores do ambiente político mais do que a calmaria aparente que reina no ar é capaz de expressar. Disse ele que o PSD, de Domingos Filho, engrossou a voz (expressão minha, não do governador) e começa a dar sinais de que também quer espaço majoritário no bloco governista. A pergunta é: cabe mais um?
Olhando de maneira rápida parece que não. Já circulam como interessados nas vagas os nomes de Júnior Mano (PSB), Eunício Oliveira (MDB), José Guimarães (PT), Chiquinho Feitosa (Republicanos), citando-se apenas os que se movimentam à luz do dia faz algum tempo no sentido de angariar apoios dentro da aliança para suas intenções de brigar pelo Senado no próximo ano.
O pessoal envolvido no processo é experiente demais e sabia, desde o começo, que teria de lidar com uma quantidade quase incontrolável de interesses políticos por serem acomodados diante dos nomes fortes interessados (potencial de voto à parte) nas vagas em disputa. No caso, além das duas cadeiras reservadas ao Ceará na chamada Câmara Alta, também o posto de vice-governador(a).
Acontece que a entrada em cena, como elemento novo, de alguém com a capacidade articuladora do ex-presidente da Assembleia e ex-vice governador entorna o caldo um pouco mais e, com certeza, deve angustiar quem está responsável por levar adiante as conversas com a expectativa de que elas não deixem sequelas e nem feridos pelo meio do caminho. Casos do próprio Elmano, do ministro Camilo Santana e do senador Cid Gomes, para citar apenas o seletíssimo bloco que se considera de elite nas tratativas que acontecem a mil no grupo governista.
A coluna buscou alguma pista mais concreta de que Domingos Filho efetivamente deixou marcas de seus planos eleitorais para o próximo ano ao ponto de ser lembrado numa declaração pública do governador, até que meio implicitamente defendendo o pleito como justo. Não foi possível encontrar e ele não seria ele caso houvesse rastros detectáveis de que entrou para valer numa briga que, nesse momento, parece interessante fazer de conta que não lhe diz respeito.
Gente mais ingênua chegou a imaginar que a concertação do ano passado em Fortaleza, quando o grupo acomodou a então deputada Gabriella Aguiar na chapa majoritária e a fez vice-prefeita, indicaria um acordo prévio para 2026, na qual o PSD estadual já se daria antecipadamente por contemplado. Pensar assim é outra forma de ignorar a inteligência política do personagem em questão.
Domingos Filho é, hoje, figura importante para o equilíbrio de um governo que se prepara para enfrentar, nas urnas, uma oposição que há tempos não apresentava a força e o nível de articulação dos dias atuais. Portanto, é natural que ele levante o dedo para se fazer visto num contexto em que não há campeão de votos na lista de pré-nomes para cargos majoritários, considerando que Cid Gomes insiste em se manter fora da lista de opções para o Senado, por exemplo. Em síntese, a disputa interna no governismo está mais aberta do que somos capazes de imaginar e o teatro da política nos permite perceber.
A ideia de realizar encontros semanais na Assembleia, na forma de cafés de manhã, com convidados especiais em cada edição, já se insere entre as iniciativas mais interessantes da temporada pré-eleitoral no Ceará. Mas, está claro, tem suas limitações, como ficou demonstrado no resultado abaixo do esperado, em termo de adesão, da experiência de tirar o evento do seu habitat natural e tentar organizá-lo na periferia. A Barra do Ceará abriu a ideia na sua versão itinerante e há promessa de continuar por outros bairros, com a ideia de ouvir a população, mas, olhando para as próximas, é preciso melhorar o nível de mobilização.
O lançamento do livro infanto-juvenil "As travessuras de Nide e Tito", às 10h30min de hoje no café do Passeio Público, na praça dos Mártires, no Centro, marca o principal evento do dia pela lembrança dos 80 anos que Frei Tito de Alencar comemoraria hoje. A obra, da Fundação Demócrito Rocha (FDR), em parceria com o selo editorial Ribeira do Cocó, resgata os tempos de infância do religioso nas margens do riacho Pajeú e é assinada pela irmã dele, Nildes Alencar Lima, além de Jeannete Filomeno Pouchain Ramos e Maria Larissa Nascimento Marques. O frade cearense, da Ordem dos Dominicanos, engajou-se desde cedo no movimento estudantil, foi preso pela ditadura militar e ficou conhecido como um símbolo da luta pelos direitos humanos.
Leia também: Frei Tito: casa de cearense torturado pela ditadura militar é tombada
Fernando Cerimedo, aquele argentino que tocou fogo na política brasileira em 2022 com seu estudo fajuto que apontava fragilidades nas nossas urnas eletrônicas, fartamente utilizado pelo bolsonarismo no questionamento ao processo eleitoral, agora faz o mesmo em seu país. Só que, lá, incomodando ao governo ultradireitista de Javier Milei, de quem foi no passado o principal estrategista. Na sexta-feira passada, ele apresentou-se à justiça para, voluntariamente, declarar ter ouvido várias vezes do amigo Diego Spagnuolo (que está preso), como uma espécie de confidente, que a irmã e assessora de Milei, Karina, ficava com 3% de parte dos contratos firmados pela empresa pública que comandava. Transações na área da saúde, que costumam ser firmadas na casa dos milhões de dólares.
Heitor Férrer, deputado estadual do Cidadania, tem como marca de ação política, desde sempre, um zeloso cuidado por não se deixar influenciar pela agenda corporativa nos parlamentos, o que faz dele uma companhia incômoda para muitos colegas. Ei-lo, de novo, meio que pregando no deserto dentro da Assembleia com seu discurso radical de crítica ao movimento recente no Congresso que levou à aprovação de mudanças que flexibilizam, pra não dizer afrouxam, a lei da Ficha Limpa.
A coluna destacou, outro dia, que Ciro Gomes e Roberto Cláudio, pelo fato de terem se aproximado do bolsonarismo local de olho nas eleições de 2026, seriam pressionados a dizer algo, contra ou a favor, acerca do movimento pela anistia dos acusados da tentativa de golpe de Estado. Dentre eles Jair Bolsonaro, agora já oficialmente condenado a 27 anos de prisão. Para Ciro, em especial, o silêncio, que até ontem seguia firme, está gerando estranheza ainda maior diante do seu discurso de peso nacional. Como ele continua no PDT, a deputada federal mineira Duda Salabert foi às redes sociais cobrá-lo sobre o comportamento omisso, valendo-se inclusive de uma ironia: "alguém sabe se ele está em Paris?"
Roberto Pessoa, que chegou aos 82 anos neste 2025, transformará a casa em que nasceu na rua Monsenhor Bruno, 1376, em Fortaleza, em espaço museológico. Na próxima terça-feira ele organiza no endereço, a partir de 16h, evento para marcar a inauguração do espaço, onde estará organizada toda sua trajetória como cidadão, como empresário e como político. Muita coisa acumulada e, vale dizer, ainda há capítulos por serem construídos e contados já que ele segue ativo na política, no quarto mandato como prefeito de Maracanaú e um grupo importante de aliados, alguns parentes, espalhados pela vida pública local e nacional.
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