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A anistia na agenda de Ciro e RC
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

A anistia na agenda de Ciro e RC

O posicionamento dos dois é importante para, dentre outras coisas, entender o limite até onde eles estão dispostos a ir para viabilizar uma aliança de conveniência eleitoral em torno do objetivo comum de tomar o poder local do PT
0709gualter.jpg (Foto: carlus campos)
Foto: carlus campos 0709gualter.jpg

Qual a opinião dos novos aliados locais do bolsonarismo sobre a anistia ampla que está sendo buscada no Congresso para livrar da cadeia todos os envolvidos com o golpismo que grassou entre nós nos últimos anos do governo nacional anterior, de Jair Bolsonaro, e os primeiros dias deste atual, liderado pelo petista Luiz Inácio Lula da Silva? Abraçam a causa? Concordam que a paz no País virá pelo caminho de uma espécie de "liberou geral" diante das investigações e dos julgamentos em curso?

A resposta que derem será importante para, dentre outras coisas, entender o limite até onde eles estão dispostos a ir para viabilizar uma aliança de conveniência eleitoral em torno do objetivo comum de tomar o poder local do PT. Derrotando, no caso, o governador Elmano de Freitas em seu projeto provável de tentar reeleição para o cargo no próximo ano.

Por enquanto, há prevalecido um retumbante silêncio. O nome que se dá como preferido para comandar um palanque oposicionista estadual, Ciro Gomes, deve-se reconhecer, tem sido crítico da forma como a ação penal é conduzida pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes, desde antes de sua inesperada aproximação com os bolsonaristas cearenses.

A diferença é que faz isso advertindo para o risco de os erros do magistrado poderem resultar, palavras dele, na "impunidade dos malfeitores". Referência, dá para imaginar, ao grupo que andou agindo para provocar uma ruptura institucional no País e que tinha em Jair Bolsonaro, exatamente o beneficiário principal do tal perdão prévio que se anda buscando aprovar no Congresso. Caso tenha havido alguma inflexão de Ciro sobre o quadro, por enquanto ela não tem sido trazida a público.

Da mesma forma que o ex-prefeito Roberto Cláudio, outra liderança local importante que fez a aproximação com os adversários (quase inimigos) de antes, segue mantendo distância do debate e evitando manifestações públicas de apoio ou oposição à ideia de que se deve fazer de conta que nada aconteceu; que não se tentou impedir um presidente eleito de tomar posse; não se foi às ruas pedir uma intervenção (golpe) militar; que não havia gente disposta até a explodir áreas públicas de Brasília para criar um ambiente de caos; que não se fez um ataque coordenado às sedes dos três poderes da República; que não se desenhou um plano para matar autoridades dentro do mesmo objetivo de lançar o País numa bagunça institucional que justificasse uma ação de força etc etc.

De certa forma, a situação desafia figuras como Ciro e Roberto Cláudio, citando apenas os dois principais num leque de nomes que coloca muito mais gente na berlinda, na medida em que lhes pressiona a colocar passado, presente e futuro na balança para decidirem sobre algo que é de interesse da sociedade e ajudará a moldar o acordo político-eleitoral que costuram para o próximo ano. É claro que o caminho adotado ajudará na decisão de voto de muita gente, num caminho ou em outro.

A trajetória de ambos, sem arranhões democráticos, os colocaria, naturalmente, numa linha de resistência à iniciativa que pretende simplesmente passar uma borracha numa página triste da história brasileira, que exige punição e não esquecimento. Porém, na cartilha eleitoral de 2026, um movimento brusco pode representar o fim de conversas boas que têm acontecido em torno de um palanque de oposição que junte toda a turma do contra na política do Ceará, ideologias e convicções à parte. Resta entender o que a anistia tem a ver com isso.

A irmã está certa

Há uma certa burrice política em reações que saem de dentro da base governista cearense diante de fala recente da deputada, e secretária estadual da Mulher, Lia Ferreira Gomes, acerca do que poderia representar a entrada do irmão dela, Ciro, na disputa sucessória de Elmano de Freitas. Como pontuou a parlamentar e assessora do governador, seria um fato político capaz de bagunçar o cenário e gerar complicações para caminhada do petista rumo à reeleição.

Como isso, agregado a elogios que uma irmã está autorizada a fazer a um irmão, diferenças políticas à parte, pode gerar pressão por uma demissão ou coisa do tipo? Acerta o Abolição quando ignora por completo sugestões do tipo.

O PT e o Nordeste

Humberto Costa, senador por Pernambuco e liderança nacional importante do PT, tendo sido o presidente da executiva nacional recentemente para fazer a transição entre Gleisi Hoffman e Edinho Silva, demonstra-se otimista com as perspectivas para o Nordeste em 2026. Nas suas contas, por exemplo, há grandes chances de o partido renovar o controle do governo do Ceará, reelegendo Elmano de Freitas.

Aliás, dos quatro estados hoje liderados por petistas na região, Costa é otimista também com a Bahia e o Piauí, mas admite dificuldades no Rio Grande do Norte, onde Fátima Bezerra encerra o segundo mandato e o cenário de sucessão se apresenta confuso, ainda, para a legenda.

O filho na vaga do pai

Quadro político em Santa Quitéria, a 241 km de Fortaleza, segue ainda muito confuso às vésperas de uma eleição complementar para escolha do novo prefeito. Vencedor da disputa no ano passado, lembremos, José Barroso Braga, o "Braguinha", do PSB, teve mandato cassado antes da posse por abuso de poder político e econômico.

Mais do que isso, pela suspeita fundada de envolvimento com o crime organizado. Por enquanto, coisas da política e da vida, segue cuidando das coisas no município o vereador Joel Barroso (PSB), presidente da Câmara, e que tende a ser candidato à efetivação no cargo pelo grupo do prefeito cassado. O qual vem a ser, olha só, pai dele. A oposição mais forte se prepara com Tomaz Figueiredo, do (MDB).

Procura-se um prefeito

Choró, a 140 km da capital. é outro município em clima de indefinição pela incapacidade dos setores públicos responsáveis em agir contra desmandos e irregularidades a tempo de ajudar o eleitor a saber em quem está votando. Reeleito prefeito, Bebeto Queiróz (PSB) teve prisão decretada entre eleição e posse e até hoje segue foragido, para vergonha dos responsáveis por sua captura.

Também neste caso haverá nova eleição, em outubro, mas, desta feita, espera-se que os problemas nas candidaturas, alguns bem visíveis, sejam observadas a tempo de limpar o cenário e permitir ao incauto cidadão fazer suas escolhas mais tranquilo em relação ao que representa, de fato, cada nome que se permite ir às cédulas eleitoral.

A política na horizontal

Evandro Leitão, o prefeito de Fortaleza, participa amanhã, segunda-feira, de almoço-debate organizado pelo Lide-Ceará, no Gran Marquise Hotel, na Beira Mar, a partir do meio-dia.

A ideia é que ele faça um balanço dos oito meses de sua administração, abrindo-se a questionamentos de empresários, líderes políticos e formadores de opinião em geral.

Priscila Costa, vereadora em Fortaleza e que continua cotada para uma candidatura ao Senado em 2026, reinsere o tema do nome próprio do PL para disputar o governo.

É outra voz forte no bolsonarismo que resiste à ideia de abraçar opções como Ciro Gomes ou Roberto Cláudio. Ela, por exemplo, vê com mais simpatia a alternativa Luiz Eduardo Girão, a quem já convidou, inclusive, para trocar o Novo pelo PL.

Felipe Mota, da ala do União Brasil na Assembleia que defende a federação recém formalizada com o PP totalmente na oposição, quer jogo duro em relação aos "resistentes", até expulsões se preciso for.

No total, são 7 parlamentares das duas legendas. Acontece que uma maioria, de quatro contra três, que apoia o governo Elmano, significando que apenas se houver uma forte intervenção da cúpula nacional a coisa será como querem os oposicionistas. Haverá?

 

Foto do Guálter George

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