Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.
Ambos afastam a possibilidade, aproximando-se inclusive nos recursos que empregam
Foto: Fabio Lima
Ciro Gomes e Camilo Santana: componente pessoal
A menos de um ano das eleições, os ex-governadores Camilo Santana (PT) e Ciro Gomes (PSDB) vêm despistando sobre a possibilidade de concorrerem ao Abolição em 2026, o petista com mais ênfase do que o tucano. Até aí, nada de novo, já que uma confissão de seus interesses eleitorais a esta altura abreviaria a gestão de Elmano de Freitas, no caso de Camilo, e colocaria um alvo nas costas de Ciro.
Embora estejam cotados como nomes para a corrida pelo voto dos cearenses, ambos afastam a possibilidade, aproximando-se inclusive nos recursos que empregam. Para os dois, não há outro cenário mais concreto do que a chapa encabeçada por seus pupilos - Elmano de um lado e Roberto Cláudio do outro.
É parte do jogo, ainda que nenhum deles esteja em condição de descartar totalmente a chance de postularem o Executivo estadual em circunstâncias especiais. Dentro do PT e da base governista, por exemplo, um retorno do ministro da Educação para o Governo é classificado como espécie de arma X, ou seja, uma cartada que só seria lançada por estrita necessidade.
E que urgência justificaria esse protocolo emergencial? Entre aliados, há quem diga que uma entrada de Ciro na partida. O tucano, por sua vez, vem recusando o figurino de candidato, mas uma mudança de rota neste momento seria cavalo de pau depois da energia canalizada.
Evandro e o Plano Diretor
Há um mal-estar entre a gestão de Evandro Leitão (PT) e o setor da construção em torno do novo Plano Diretor. Esse sentimento já chegou ao Paço por vias diversas. Para empreiteiras, o documento proposto congela a ampliação de limites para a expansão do mercado imobiliário na capital cearense, o que pode comprometer estimativas de ganho projetadas para 2026 a 2028.
Esse lobby vai se incorporar às emendas da base do prefeito, cujas sugestões tendem a desmatar as partes acrescidas quando do processo de elaboração e aprovação da minuta do plano. Quando o líder da administração na Câmara advoga harmonizar interesses incompatíveis no Plano Diretor, então, sabe-se de antemão que um lado vai sair perdendo - e que lado é esse.
A vereadora Priscila Costa (PL) tem reforçado articulação para brigar por vaga no Senado em 2026. O páreo é duro, no entanto, já que o deputado estadual Alcides Fernandes (PL) é apadrinhado pelo filho, o deputado André Fernandes, que comanda a máquina da agremiação.
Entre membros da sigla, há curiosidade sobre como o dirigente estadual vai arbitrar essa tensão dentro da força partidária sem usar a estrutura do PL para favorecer o pleito do familiar. Uma das críticas que o grupo de Fernandes fazia a Carmelo Neto era de ter favorecido a eleição da esposa, Bella Carmelo.
Vencedor na eleição suplementar de Santa Quitéria no último domingo, 26, Joel Barroso (PSB) arrecadou R$ 116 mil na campanha, dos quais gastou R$ 112.595, segundo declarou ao TSE. Adversária no pleito, Lígia Protásio (PT) informou recebimento de R$ 220 mil, verba obtida por meio de repasse do fundo partidário via direção nacional do PT (em 1º/10 e 22/10).
Os maiores doadores para Joel foram Elder Albuquerque Aguiar (R$ 30 mil) e José Afrânio Pinho Pinheiro Júnior (R$ 15 mil), além do próprio prefeito interino, com aporte de R$ 25 mil em recursos próprios. Tanto a petista quanto o pessebista consumiram mais dinheiro com publicidade.
Lígia, por exemplo, destinou R$ 50 mil para a empresa de Antonio Algacy Sales Protásio Filho e outros R$ 20 mil para firma no nome de Aryma Arizia Farias Protásio. Joel Barroso se elegeu com 13.161 votos, o equivalente a 53,21% dos votos válidos. Lígia somou 6.218 votos (25,14%).
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