jornalista, com pós-graduação em Propaganda e Marketing (Uni7) e em Moda e Comunicação (Universidade de Fortaleza). Já atuou como assessora de comunicação, repórter do Núcleo de Revistas do O POVO, jornalista na área de branding e design, e produtora de conteúdo no Penteadeira Amarela, um dos primeiros blogs de comportamento do Ceará. A ligação com a moda surgiu ainda na faculdade, quando teve contato com os bastidores da moda, passando a vê-la como forma de expressão individual, de manifestação cultural e de reflexão social. Atualmente, é editora-adjunta de projetos do O POVO.
Foto: Divulgação
Corre 4, da Olympikus. A marca desenvolve modelos temáticos, como esse, do Outubro Rosa
Era uma vez uma época em que ambientes voltados para a prática de esportes e atividades físicas, como academias, eram quase inóspitos. O "figurino" exigido era um tênis básico, uma legging e uma camiseta, muitas vezes de algodão, antiga, com estampa de alguma propaganda. O look completo era "permitido" apenas em trajetos curtos. De casa para a academia, da academia para a padaria.
Hoje, o cenário está um pouco diferente. De um lado, o consumidor, que quer ter mais qualidade de vida ao mesmo tempo que possui mais acesso à informação, e que, por sua vez, chega em maior quantidade e de maneira mais rápida. Do outro, o mercado: expansão de academias, crescimento do segmento fitness, investimento em tecnologia.
A combinação de saúde e bem-estar levou a um aumento no investimento em tecnologia, com a introdução de tecidos inteligentes e inovações que aprimoram a experiência do consumidor.
Foto: Reprodução/@bad__running
A paulistana Bad Running une tecnologia e conforto, destacando o estilo urbano
"As tecnologias vestíveis, como roupas que monitoram a saúde e a performance física, têm atraído a atenção dos consumidores que buscam resultados mais eficazes e um acompanhamento mais preciso de seu progresso", opina Priscila Medeiros, coordenadora dos cursos de Moda, Design de Moda e Design da Universidade de Fortaleza (Unifor).
Evlyn Pires, personal stylist, adiciona outro ponto para essas mudanças: o mundo pós-pandemia de Covid-19 e a relação das pessoas com o vestir, o conforto e os códigos de vestuário. Do pilates aos grupos de corrida, das quadras de tênis às academias.
O mercado viu a oportunidade de aprimorar o básico "funcional" para a prática de esportes e a roupa confortável de ficar em casa, transformando-os em símbolos de estilo que perpassam pelo fitness, o streetwear e até pelo luxo.
Ela lembra que a WGSN, maior autoridade global em tendência de consumo e design, acompanha o boom das atividades ao ar livre desde início de 2015 e previu um aumento significativo de consumidores praticando esportes.
"Segundo eles, à medida que os consumidores adotam atividades que aumentam seu bem-estar físico e mental, as marcas precisam estar à frente das mudanças macro que impulsionam o setor nesse espaço competitivo", traduz.
Em paralelo, a tecnologia têxtil é a espinha dorsal desse movimento. Tecidos inteligentes e funcionais impactam no athleisure, estilo que mistura, literalmente, "atlético" com "lazer" e tornam as roupas esportivas muito mais funcionais, confortáveis e, agora, com mais "informação de moda".
Foto: Divulgação
Corre 4, da Olympikus. A marca desenvolve modelos temáticos, como esse, do Outubro Rosa
Porém, segundo a consultora, não só de roupas e acessórios tecnológicos vivem essa moda. Para manter o mercado dinâmico e atraente, é necessário informações de design e lifestyle. Afinal, o esporte vem sendo colocado em um lugar de desejo e não é por acaso que atletas estão se tornando os novos ícones da moda.
"Esporte e lifestyle de luxo estão cada vez mais convivendo juntos, visto que esse movimento tomou conta das passarelas internacionais, onde a estética esportiva chegou a ocupar um papel central em algumas maisons e em muitas parcerias entre criadores e criativos, atletas entre outras personas capazes de motivar essas práticas que resulta em peças de ginástica que vão pra vida - do esporte ao baile", completa.
No Brasil, uma das principais marcas que têm se destacado no segmento de sportwear é a Olympikus. Com 50 anos de mercado, foi a partir de um determinado produto que a marca tornou-se referência em um dos esportes que mais ganha adeptos no Brasil, a corrida.
Com o tênis modelo Corre, a Olympikus iniciou o seu processo de reposicionamento e passou a dialogar com a comunidade corredora. O produto foi criado para democratizar a alta tecnologia de performance, oferecendo ao usuário uma boa relação de custo-benefício.
Hoje, tudo que é desenvolvido pela marca passa por muitas mentes, mãos e etapas até chegar ao consumidor. Bianca Dallegrave, gerente de marketing da Olympikus, conta que o Centro de Desenvolvimento, um dos maiores da América Latina, é composto por profissionais que realizam pesquisas em diferentes áreas e locais.
Já no momento de co-criação, além dos pesquisadores, a metodologia agrega corredores, especialistas e criativos. Assim, no chamado sprint, todos os envolvidos têm o desafio de prototipar, em cinco dias, um produto.
Foto: Reprodução/@sette_julia
Julia Sette é produtora de conteúdo digital da área da corrida. De forma divertida, fala sobre o universo desse esporte e assina parcerias com marcas do sgmento
Antes mesmo de lançá-lo, a empresa inicia uma escuta para entender a reação e a receptividade do público e como ele está em relação à concorrência. Os dados são utilizados no próximo ciclo de inovação, permitindo a evolução de cada item.
O modelo Corre virou uma grande família, uma linha voltada para a alta performance na corrida. Assim, a tecnologia está, por exemplo, dos tecidos elastizados, que permitem que calças e shorts tenham mais bolsos para comportar os itens utilizados em longos trajetos; além de tecidos mais respiráveis, confortáveis e adaptáveis ao corpo.
"A gente vê as matérias dizendo que as maratonas são as próximas 'Fashion Weeks', as pessoas se preparando para as maratonas, compondo os seus 'lookinhos' para correr. Então essa prática de esporte está na moda, democratizou ainda mais a busca pela saúde, pelo bem-estar", completa Bianca.
Para conquistar os mais ligados às tendências, a marca aposta em estampas e cores diferenciadas, tendo o degradê como uma das principais características. Outra estratégia que sempre esteve presente no universo da moda e a Olýmpikus tem adotado são as colaborações, ou collabs.
Recentemente, lançou com a marca carioca Welcome Sunny Garments uma coleção-cápsula voltada para o sport style, com peças para o dia a dia, mas com características voltadas ao esporte. A queridinha da coleção foi a jaqueta. "Ela resgata as jaquetas de futebol do passado, com o logo estourado e uma cor presente", exemplifica Bianca.
Além dos produtos a marca também se preocupou com diferentes ativações, como a prova Bota Pra Correr, um festival de corrida desenvolvido para quem quer correr e "descobrir" o Brasil. Na corrida, o ingresso dá direito a um modelo Corre. A cada ano, duas edições acontecem em locais diferentes. A próxima será aqui no Ceará, no Cumbuco, nos dias 21 e 22 de novembro.
Foto: Marcos Marques/Divulgação
A Libre é uma marca cearense que está atenta às tendências, sem abrir mão do conforto na hora de praticar as atividades físicas
Tem mercado, sim!
E não são apenas as grandes marcas que têm voz e vez no mercado. A Libre é uma marca jovem, com pouco mais de um ano de mercado, mas que nasceu com um foco: proporcionar movimentos com conforto e estilo. São peças produzidas por e para mulheres, que atrelam estética e funcionalidade.
"Trabalhamos com poliamida de alta gramatura, um dos melhores tecidos da atualidade, que oferece maciez, segurança e resistência. Prezamos pela qualidade da costura e pela utilidade das peças, com diferenciais como bolsos funcionais, alças reguláveis, pala alta para maior sustentação e shorts sem costura frontal, garantindo conforto e confiança em qualquer atividade física", descreve Brenda Lima, diretora da marca.
Outra atenção é na grade de tamanhos, com numeração do P ao GG, e com a produção local, a partir de insumos também da região. A marca está disponível no e-commerce, em feiras culturais e na Elabore, loja colaborativa de Fortaleza.
Como escolher?
Pense o que faz sentido para cada prática e também para a sua rotina - as demandas ao longo do dia exigem praticidade;
A prática de esportes durante o dia pede, prioritariamente, peças com acabamento UV, com mais mobilidade, sem costura e com cortes a laser;
E casos pontuais, como circulação sanguínea, busque peças que são feitas com cristais bioativos que estimulam a circulação e proporcionam benefícios como a redução da fadiga muscular, melhorando a firmeza e elasticidade da pele;
Vai do treino para um café ou uma reunião? Observe texturas, transparências, linhas e formas que conversam com a vida que você leva. Raciocine o seu dia, o treino e o caminho que essa roupa vai percorrer, antes, durante e depois. "Não adianta um top com um design incrível em uma prática de pilates em não tem sustentação", diz Evlyn;
Para quem sai cedo, só retorna para a casa à noite com exercícios no meio do caminho e não quer nem gosta de carregar mil coisas: aposte em camadas e sobreposições;
Quem transpira muito também pode ter as roupas como aliadas, buscando tecidos que regulam a temperatura e reduzem a umidade do corpo durante a prática do exercício.
Fonte: Evlyn Pires, personal stylist
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