Como a operação mais letal da história do RJ pode afetar o Ceará?
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Jornalista formado pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Atua em redações desde 2014, quando participou do programa Novos Talentos, no O POVO. É repórter do caderno de Cidades, onde tem ênfase na cobertura de segurança pública. Escreve ainda para Esportes O POVO. Mestrando em Avaliação de Políticas Públicas, na UFC.
Como a operação mais letal da história do RJ pode afetar o Ceará?
Morte de faccionado cearense no Complexo da Penha já havia gerado graves desdobramentos no Ceará em 2024 e cenário semelhante pode vir a se repetir em 2025
A Inteligência das Forças de Segurança cearense já havia identificado, por exemplo, que Carlos Mateus da Silva Alencar — conhecido como "Fiel" ou "Skidum" e apontado como chefe do CV no Grande Pirambu e no bairro Boa Vista — refugiava-se na Penha.
Outros cearenses também estavam escondidos na Penha. Nas redes sociais, perfis ligados a integrantes do CV do Ceará publicaram manifestações de pesar pelas mortes de, pelo menos, quatro faccionados que seriam provenientes da região do Grande Pirambu — Carlos Mateus incluso. Até a publicação desta coluna, os nomes dos presos e mortos na operação Contenção não haviam sido divulgados de maneira oficial.
Portanto, é evidente que a guerra iniciada no Rio nesta semana pode repercutir diretamente no Ceará. Não por acaso, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) afirmou que monitora a situação e que, “de forma preventiva, reforçou o policiamento em pontos estratégicos orientados por levantamentos da Coordenadoria de Inteligência (Coin/SSPDS)”.
A suposta morte de Skidum — não confirmada até a publicação desta coluna — ainda poderia gerar uma corrida interna no CV para assumir a sua posição. Na ausência de um sucessor inconteste, seus antigos subordinados poderiam digladiar-se pelo comando do tráfico de drogas e demais atividades criminosas no Grande Pirambu.
Há ainda os rivais. Integrantes do Terceiro Comando Puro (TCP) já se manifestaram nas redes sociais celebrando as mortes de adversários na Penha e no Alemão. Um enfraquecimento do CV no Pirambu seria um convite para que faccionados do TCP — atuantes em comunidades como a da Colônia, na Barra do Ceará — ataquem os rivais na região.
Dezenas de mortes já foram registradas nos últimos anos em decorrência da rivalidade entre facções do Pirambu e da Colônia e muitos outros homicídios podem vir a ocorrer se uma intervenção eficaz não for feita.
Por tudo isso e muito mais, os dias seguintes ao já histórico 28 de outubro de 2025 interessam demais aos cearenses. É preciso saber se os feudos das favelas cariocas irão permanecer, permitindo com que foragidos de criminosos de outros estados continuem a ordenar delitos em “home office”.
O Governo do Rio e mesmo o Governo Federal e a Prefeitura Municipal precisam esclarecer o que oferecerão, daqui para frente, aos moradores da Penha e do Alemão. Os policiais irão sair em algum momento, certo? O que ficará no local? Haverá algo além de uma força repressiva armada?
A sociedade fluminense pode até nunca ter testemunhado um banho de sangue como o desta terça-feira, mas já presenciou vários outros e sabe que, por si só, operações como essa não alteram a dinâmica das facções no estado. Líderes e soldados são repostos, e as condições que permitem a reprodução da violência faccional permanecem inalteradas.
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