Mentor e conselheiro de startups há mais de quatro anos, formado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e com especializações pela UFRJ e Unyleya. Hoje, atua como diretor de Operações da Casa Azul Ventures, já tendo mentorado mais de 100 startups e avaliado mais de 1.000 em diversos programas nacionais e internacionais. Também atua como gerente de Novos Negócios no Grupo de Comunicação O POVO.
Uma das coisas que rotineiramente escuto quando converso com empreendedores é que eles estão construindo algo tão inovador, tão diferente e tão novo, que não tem ninguém fazendo e isso é a chave para o sucesso do negócio.
Quando escuto isso, e quando investidores de Venture Capital (bem instruídos) escutam, ficam muito mais preocupados do que animados com a ideia.
Quando essa narrativa aparece por aí, penso três coisas na hora: o empreendedor não fez o trabalho dele direito de pesquisa, a ideia dele não é boa (e ninguém quer fazer) ou ele se acha o novo Elon Musk.
O Brasil é o 10º lugar em número de startups segundo o site Startup Ranking. A soma dos três primeiros (EUA, Índia e Reino Unido) dá 90 vezes o número de startups do Brasil. Isso significa que esses países estão testando, criando e errando, no mínimo, 90vezes a mais que no Brasil.
Claro que cada país possui sua realidade e característica única. Mas não encontrar nenhum negócio, nenhuma tecnologia, no passado e no presente, faz-me parecer que o empreendedor sequer olhou para o mundo lá fora e o que está se desenvolvendo, para aprender e crescer.
Talvez alguém tenha feito sim! Talvez alguém já pensou em fazer. Mas será que a conta final fecha? Será que o modelo de negócio foi ou é viável para que ele se sustente? Será que os clientes se sentem confortáveis para pagar por esse produto ou serviço?
Talvez nesse caminho, seja muito mais perigoso tentar algo, pois já foi provado que deu errado em algum lugar, e você precisa ter um plano muito claro em mente, para garantir que você não vai fazer dar errado! Se o empreendedor não tem isso em mãos, é muito provável dar errado de novo.
Com todo respeito à capacidade empreendedora do brasileiro (que merece um tópico exclusivo). Mas o processo de inovação e disrupção requer um conjunto de elementos, como mercado confortável para o consumo, fluxo de investimento saudável em Venture Capital e uma quantidade significativa de erros para se conseguir um acerto.
O processo de empreender passa por um caminho muito grande de aprendizados, onde esse aprendizado é diretamente proporcional à quantidade de erros. É possível o empreendedor ter a mesma capacidade intelectual e técnica que o Elon Musk?
Com certeza! É possível ele ter os mesmos recursos e acessos que o Elon Musk? Certamente não. E, aí, o empreendedor precisa entender as dificuldades e a realidade que ele se insere para projetar sua viagem para Marte.
Claro que é possível produtos novos surgirem no nosso País, mesmo com todas nossas dificuldades. Mas falar que “ninguém está fazendo o que estou fazendo” é preocupante, para não dizer assustador.
Quem está entregando um produto parecido com o seu? O que ele faz de melhor? E você?
Quer ajuda pra pensar?
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