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Quem são eles? Quem eles pensam que são?
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Mentor e conselheiro de startups há mais de quatro anos, formado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e com especializações pela UFRJ e Unyleya. Hoje, atua como diretor de Operações da Casa Azul Ventures, já tendo mentorado mais de 100 startups e avaliado mais de 1.000 em diversos programas nacionais e internacionais. Também atua como gerente de Novos Negócios no Grupo de Comunicação O POVO.

Quem são eles? Quem eles pensam que são?

Veja casos não inventados que startups passam com aceleradoras e que refletem alguns perigos que empreendedores desavisados podem encontrar no caminho
Tipo Opinião
Ao contar os casos, lembrei muito de músicas da banda Engenheiros do Hawaii. Na foto, Humberto Gessinger, vocalista (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Ao contar os casos, lembrei muito de músicas da banda Engenheiros do Hawaii. Na foto, Humberto Gessinger, vocalista

Na minha adolescência, sempre ouvi muito Engenheiros do Hawaii. Esses dias presenciei algumas situações que me fizeram lembrar uma música deles: 3ª do Plural. Duas partes da música me chamam muita atenção e me trazem gatilhos desses acontecimentos.

Umas das estrofes narra: “Eles querem te vender / Eles querem te comprar / Querem te matar a sede / Eles querem te sedar.”

Uma Aceleradora apresentou para uma startup, um contrato onde a multa rescisória era mais de R$ 300.000 (reforço que a aceleradora não entregava nenhum dinheiro no processo).

Qual seria o melhor argumento para uma cláusula dessa? Ganhar algum valor em cima de contratos amarrados? Rezo para que não seja por isso.

Prender a startup junto à aceleradora, mesmo quando ocorrem problemas? Evitar o risco da startup sair da aceleradora após ter se dedicado muito à ela?

Bem… por qual motivo a startup quebraria um contrato desse?! Se essa relação já está desgastada, o mais inteligente que a aceleradora poderia fazer é deixar a startup livre pra viver, sem cobrar pelo que você tentou fazer por ela. O risco também é da aceleradora!

O refrão pra mim, é nítido: “Quem são eles? Quem eles pensam que são?”

Presenciei uma reunião onde um investidor faz uma oferta para tomar 50% da startup, simplesmente pelo fato de ele ajudar a entregar dois contatos de grandes empresas. Não havia dinheiro envolvido, não havia entregas estratégicas, apenas o que de mais valor se tinha era a possibilidade de fechar grandes contatos.

Não quero ficar com comparativos, mas se eu fosse ganhar 50% por cada vez que conectei pessoas, talvez estaria comprando o Twitter com o Elon Musk.

Como afirmei aos presentes, a proposta é absurda e imoral. Fazer uma proposta assim é não conhecer o mercado de startups ou. pior ainda, se conhecer é querer destruir o negócio para tirar algum proveito dessa destruição.

Enfim, cito a última: Vender, comprar, vedar os olhos / Jogar a rede contra a parede / Querem te deixar com sede / Não querem te deixar pensar.

Outro conto de Aceleradora (e juro que foram diferentes). O head de aceleração, colocou os founders dentro de uma sala, por quatro horas, para criarem um plano de negócios robusto. A sala, tinha recursos escassos, água pouca, e uma obrigação de não sair até o fim das 4 horas.

Ao final, o head trazia um contrato, que eles precisavam ler no mesmo instante, e assinar naquele momento. Os founders não poderiam ligar para advogados, amigos ou conhecidos. Era tudo, ou nada, em uma pressão absurda, prometendo que aquela seria a ÚNICA chance dos founders terem algum sucesso na vida.

Por qual motivo colocar essa pressão? Por que os founders não poderiam consultar ninguém? O que tinha naquele contrato que deveria ficar preso naquela sala? Por que ter feito os empreendedores ficarem 4 horas na sala?

Minha única leitura é que a aceleradora criou um ambiente e fez uma pressão psicológica em um nível extremo, que faria com que os founders aceitassem qualquer condição. Não consigo cogitar outra hipótese.

A música é uma crítica generalista de uma sociedade capitalista, feita em 2002. Mas se encaixa tão bem para esses contos absurdos que encontrei, que precisava trazer de alguma forma.

Infelizmente, os casos contados acima, não são inventados e refletem alguns perigos que empreendedores desavisados podem encontrar no caminho.

Felizmente, todos os acordos propostos foram negados pelos empreendedores. Mas foi por muito pouco que quasem aceitam (e se aceitassem, as chances de falharem seriam muito altas).

Empreendedores, não precisa saber quem são eles… mas por favor, converse com outros empreendedores para aceitarem qualquer proposta.

E ai, já viu algum deles por aí? 

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