Absolum chega chutando a porta e redefinindo o que é um bom beat ’em up moderno
clique para exibir bio do colunista
Miguel Pontes é Streamer de Games na Twitch. Host, editor e produtor do Mais Um Podcast de Games e da Comunidade Nerd do O POVO. Pesquisador da Central de Jornalismo de Dados - Datadoc e Acervo O POVO. Neste espaço, vai falar sobre jogos, noticiar eventos, analisar games e opinar sobre a indústria de jogos
Absolum chega chutando a porta e redefinindo o que é um bom beat ’em up moderno
Entre porradaria mística, morte em loop e uma trilha sonora fantástica, Absolum chega mostrando que dá pra reinventar o gênero sem perder o gostinho de arcade. O novo game da Dotemu, Guard Crush e Supamonks entrega aquele tipo de pancadaria que te faz suar, morrer e sorrir — tudo ao mesmo tempo.
Foto: Divulgação Dotemu
Absolum, novo jogo da Dotemu reinventa a roda e mistura beat em up com roguelike
Se tem uma coisa que eu dou o maior valor num jogo é quando ele entende de cara o que o jogador quer: porradaria desenfreada, progresso viciante e um visual de cair o queixo. Absolum, lançado na última quinta-feira,9, acerta em cheio em todos esses quesitos.
Ele mistura a alma dos beat em ups clássicos com o vício dos roguelikes modernos, no melhor estilo "Hades encontra Streets of Rage", o que torna impossivel o game não estar na discussão sobre os melhores jogos do ano.
Absolum é o resultado maduro de uma parceria que entende de videogame de verdade. A Dotemu, que passou os últimos anos ressuscitando clássicos com seu devido respeito e talento, une forças novamente com a Guard Crush, mestre em modernizar o que antes era só nostalgia.
Só que, dessa vez, elas largam os remakes e apostam numa IP totalmente própria — e acertam bonito viu. Com o toque artístico do estúdio francês Supamonks, responsável pelas animações de cair o queixo e pelo visual que parece ganhar vida a cada frame, o jogo entrega algo raro: inovação dentro de um gênero que vivia preso na própria fórmula.
A história se passa em Talamh, um mundo destruído por um cataclisma mágico. O vilão, o Rei Sol Azra, domina o pedaço com seu exército chamado de Ordem Carmesim, escravizando magos e arcanos e controlando o que sobrou da magia — Um mala que quer o poder mágico só pra ele!
Por outro lado, um grupo de rebeldes resolve botar ordem na casa com a ajuda de Uchawi, uma poderosa entidade chamada no jogo de Mãe, é a responsável por trazer de volta a vida seu personagem sempre que ele "papocar do aro" pelo caminho — clichê eu sei, mas confia que vai dar bom!
A narrativa é simples, servindo apenas como pano de fundo para o que o jogo realmente quer te entregar: ação, ritmo e um loop de progresso que te prende e te faz jogar e rejogar e rejogar...
Os personagens são quatro e cada um tem um estilo próprio. Galandra é a elfa guerreira com poderes necromânticos, Karl é o anão briguento que mistura punhos rápidos e pesados com armas de fogo, Cider aposta em agilidade e combos rápidos, e Brome é o mago que mistura feitiço com pancada na cara.
Trocar entre eles muda completamente o ritmo das lutas, o que deixa o jogo um frescor de novo mesmo depois de várias tentativas.
Porém, você inicia o jogo apenas com dois deles, Karl e Galandra, e vai desbloqueando os outros a medida que evolui, como se fosse uma preparação para o momento de jogar com Cinder ou Brome, a essa altura o jogo já te ganhou e voce estará viciado ligar um combo de ataques no próximo ou de tentar passar pelo chefão sem levar hit.
Prepare-se para morrer muito
Sim, você vai morrer muito! Muito mesmo, tanto que nas primeiras 5 ou 6 horas de jogo vai querer desistir e ficar irritado com a demora para progredir.
Mas calma, cada morte aqui serve para alguma coisa: você aprende a mecânica dos inimigos, ganha novas habilidades, desbloqueia rituais e upgrades que deixam a próxima investida mais divertida e fácil, por assim dizer.
É aquele ciclo viciante de tentar de novo, experimentar combinações novas e torcer para conseguir aquele bônus que faltava, ou abrir aquele novo caminho, mais curto até o último chefão da fase. Roguelike em seu puro estado da arte.
O combate é, sem exagero, o melhor que já vi em um Beat ’em Up recentemente. Cada golpe tem peso, impacto, ritmo e muita fluidez. Dá pra sentir o soco conectando, o parry bem calibrado e o golpe especial rasgando a tela. Lindo trabalho visual da Supamonks.
Não é aquele tipo de jogo que você vence simplesmente esmagando os botões freneticamente de uma vez, até dá para jogar assim e progredir, mas o sofrimento será maior e o progresso mais demorado, confia no coroa aqui! — Absolum quer que você dance com o inimigo, leia seus movimentos e escolha a hora de agir.
O jogo, visualmente, é um espetáculo. A arte 2D da Supamonks dá um charme absurdo — é tudo animado com fluidez, cheio de cores e partículas que brilham na tela sem virar uma confusão visual.
O estilo lembra muito os desenhos animados europeus com um toque de dark-fantasy que combina perfeitamente com o tom místico da história.
Aliás, o game poderia até ser adaptado facilmente para uma animação ou HQ. Compraria fácil qualquer uma dessas mídias com um aprofundamento da história ou nova aventura dos personagens.
A trilha sonora é outro show à parte. Com composições de Gareth Coker (de Ori e Halo Infinite) e participações de peso de Mick Gordon (DOOM) e Yuka Kitamura (Elden Ring), cada luta tem uma batida que faz o coração acompanhar o ritmo da pancadaria. É o tipo de trilha que você escuta depois, fora do jogo, só pra lembrar da adrenalina. Kojima que se cuide!
Nem tudo são flores…
Claro, nem tudo é perfeito. Algumas áreas repetem inimigos demais e certas "Runs" acabam parecendo um mais do mesmo depois de muitas horas.
No início do jogo, o progresso é muito arrastado e lento, imagino que já neste ponto vários jogadores poderão dropar o jogo após 2 ou 3 horas de progresso sofrivel.
A dificuldade é puxada, principalmente nesse início, não pelo game ser díficil, mas pela demora em deixar o personagem mais forte para os próximos desafios.
A história é clichêzona sim e talvez não te pegue, não tem ganchos emocionais que te ligam aos personagens e suas motivações. Eles lutam contra o mal de Azra porque sim! A Dotemu peca em perder a oportunidade de explorar a arte visual para contar melhor essa história. É como se o jogo confiasse que a jogabilidade sozinha irá salvar a experiencia no final das contas. E até salva, mas é um desperdicio de possibilidades que faz pena.
Mas, se posso deixar uma dica aos leitores é: escolha um personagem inicial e foque todas as melhorias nele, dessa forma vai conseguir sofrer menos do que eu que levei cerca de 7 horas até achar ao ponto de ter muito prazer no jogo e querer jogar sem parar.
No fim das contas
Absolum é o melhor casamento entre nostalgia e modernidade que o gênero já teve em anos. Ele pega o espírito do fliperama da locadora em frente ao colégio e adiciona uma camada de profundidade estratégica misturada com uma uma estética visual de encher os olhos.
É difícil largar, e cada derrota vira um convite para mais algumas rodadas. Levei cerca de 7 a 10 horas pra ficar completamente entregue ao game, e cerca de 30 para chegar ao final e posso te falar: valeu muito a pena!
Se você cresceu esmagando botões nos fliperamas ou se viciou em morrer e renascer nos roguelikes da vida, Absolum é parada obrigatória e voce vai poder repetir essa experiencia no PS4, PS5, PC, Switch ou Xbox Series.
Um game que entende o jogador, respeita o gênero e entrega tudo com estilo. Prepare o controle, porque esse aqui vai dar trabalho — e prazer — em doses iguais.
Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página
e clique no sino para receber notificações.
Esse conteúdo é de acesso exclusivo aos assinantes do OP+
Filmes, documentários, clube de descontos, reportagens, colunistas, jornal e muito mais
Conteúdo exclusivo para assinantes do OPOVO+. Já é assinante?
Entrar.
Estamos disponibilizando gratuitamente um conteúdo de acesso exclusivo de assinantes. Para mais colunas, vídeos e reportagens especiais como essas assine OPOVO +.