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Mercado de trabalho: não finja que não há diferenças entre homens e mulheres!
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Sara Oliveira é repórter especial de Cidades do jornal O Povo há 10 anos, com mais de 15 anos de experiência na editoria de Cotidiano/Cidades nos cargos de repórter e editora. Pós-graduada em assessoria de comunicação, estudante de Pedagogia e interessadíssima em temas relacionados a políticas públicas. Uma mulher de 40 anos que teve a experiência de viver em Londres por dois anos, se tornou mãe do Léo (8) e do Cadu (5), e segue apaixonada por praia e pelas descobertas da vida materna e feminina em meio à tanta desigualdade.

Sara Oliveira comportamento

Mercado de trabalho: não finja que não há diferenças entre homens e mulheres!

É jornada atrás de jornada, duplas, triplas, quádruplas… e no meio delas, pessoas que parecem fingir que nenhuma dessas diferenças existe.
Desigualdade de gênero no mercado de trabalho (Foto: Andrea Rankovic)
Foto: Andrea Rankovic Desigualdade de gênero no mercado de trabalho

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Dormir poucas horas, fazer tarefas domésticas, criar crianças, ser responsável pelos pais - e muitas vezes pelo cônjuge. Trabalhar em tempo integral, com direito a ponto, demandas e metas. Quantos homens, ao se depararem com esse monte de obrigações, conseguiriam se dedicar a aprender idiomas, se especializar, se informar, ascender profissionalmente? Quantas mulheres, que cumprem todos esses papeis, conseguem?

Centenas de estudos científicos já mostram por A + B que a desigualdade de gênero, principalmente quando o assunto é profissão, é uma realidade a ser superada. Vimos diariamente histórias de mulheres que sustentam casas sozinhas, por gerações, ao mesmo passo que cozinham, cuidam e limpam. Poucos homens conseguem entender o que de fato significa a pessoa sair do trabalho e dizer que “vai para o próximo turno”.

É jornada atrás de jornada, duplas, triplas, quádruplas… e no meio delas, pessoas que parecem fingir que nenhuma dessas diferenças existe. O mercado de trabalho continua a ser desigual, do cargo ao salário. E a sobrecarga imposta à vida das mulheres precisa ser considerada.

O 1º Relatório Nacional de Transparência Salarial de Critérios Remuneratórios mostrou que as empresas consideram, em seus planos de cargos e carreiras, os critérios de proatividade, cumprimento de metas, disponibilidade em ocupações específicas e horas extras.

Critérios que são atingidos mais por homens, por motivos óbvios já destacados acima, mas também expostos por outros números: no Brasil, apenas 21,4% das empresas adotam auxílio-creche, enquanto só 17,7% adotam licença maternidade/paternidade estendida. Dados que mostram a realidade do básico, quando pensamos sobre com quem vamos deixar nossas crianças para irmos trabalhar.

Outros números, do Observatório da Indústria mostram que, no Brasil, é no setor de Serviços Domésticos onde há a menor margem de diferença salarial entre homens e mulheres: 0,45%. Enquanto que no de Atividades do Setor Financeiro, Seguros, Previdência Privada e Planos de Saúde, a margem é de 87%.

As estatísticas mostram como as desigualdades abissais diminuem as possibilidades de mulheres conseguirem cumprir os critérios de trabalhar até mais tarde sem problemas, fazer mestrado, doutorado, viagens, cursos, happy hour de negócios.

E mesmo com todos os números e exemplos cotidianos que mostram como as mulheres ainda são desvalorizadas profissionalmente pelas demandas sociais impostas a elas, ainda é preciso lidar com as lógicas que insistem, como a da síndrome de impostora. Mulheres que até se acham merecedoras dos seus êxitos, mas muitas vezes duvidam de si mesmas.

Tenhamos políticas públicas que entendam o benefício social de mais equidade, apoio para questões como invisibilidade e vulnerabilidades, e representatividade política suficiente para amenizar essas disparidades. E principalmente: que homens entendam - e crianças sejam ensinadas - sobre divisão de tarefas e igualdade de gênero no cumprimento das tantas responsabilidades da vida.

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