Depois de cair 2,38% em julho, o preço da carne em Fortaleza deve registrar nova deflação em agosto. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor - Amplo 15 ( IPCA-15), considerado a prévia da inflação, e que foi divulgado nesta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou uma variação negativa no preço do produto de 0,38% neste mês.
O movimento impulsionado principalmente pela queda da demanda, porém, ainda não foi suficiente para reverter as fortes altas registradas nos anos de 2020 e 2021 - de 15,66% e 11,81%, respectivamente.
Ou seja, apesar de estar cedendo, os preços ainda estão nivelados em patamar muito elevado. Para se ter uma ideia, nesta semana, uma rede de supermercados de Fortaleza anunciou descontos na ordem de 24% em cortes como maminha, picanha e filé mignon. Ainda assim, o kg da picanha maturada não saía por menos de R$ 88,90.
E a tendência para os próximos meses é de oscilação de preços, avalia o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Carnes do Ceará (Sindicarnes), Francisco Everton da Silva.
Isso porque, do ponto de vista da produção, o cenário não está favorável para novas reduções de preços, pelo contrário, a tendência é de alta. Mas, o peso da inflação sobre o poder de compra tem derrubado o consumo de proteínas pela população, o que limita a margem dos repasses.
"Estamos no período de entressafra do boi. Há uma oscilação, sobe e desce de preços natural. No geral, o preço está estável, mas com promoções de preços porque o consumo ainda não chegou ao ideal", explica o presidente do Sindicarnes, Francisco Everton da Silva.
Ele reforça que, historicamente, no segundo semestre a carne sobe de preço por conta do aumento de consumo, com a chegada das festividades de fim de ano. Mas, nos últimos anos tem sido diferente. "Como o consumo caiu, esperamos que os preços não subam, a não ser que ocorra uma reviravolta no mercado. Entre as carnes de grande consumo, a tendência é que mantenha a estabilidade de preços".
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Segundo a Associação Cearense de Supermercados (Acesu), a iniciativa de fazer eventos promocionais como forma de estimular o consumo parte das próprias redes, pois não há um movimento de queda das carnes.
Redução de preços de proteínas nas lojas os clientes devem sentir nos concentrados de proteínas texturizadas, como o "Whey Protein", que teve o imposto de importação zerado pelo Governo Federal, no entanto impacta público "bem restrito", de “praticantes de esportes”, diz a Acesu.
Mesmo com a queda da inflação nos últimos meses, a perda do poder de compra dos brasileiros é preocupante. De março de 2017 a março de 2022, o real perdeu 31,32% de seu valor e poder de compra. Em outras palavras, com o mesmo valor, se adquire apenas 2/3 do que se comprava naquele ano.
Na análise do panorama e perspectivas para economia, a Mapfre Economics elevou a previsão do crescimento real da economia brasileira, subindo a previsão do PIB de 0,7% para 1,1% em 2022.
Em meio ao processo de queda da inflação, com dois meses seguidos de deflação, os custos com alimentação não dão trégua aos consumidores. Nesse grupo de produtos, as carnes permanecem em patamar de preços elevados e tiveram queda no consumo. Segundo o IBGE, as carnes acumulam deflação de 0,74% em Fortaleza no acumulado até julho. E há projeção de queda de 0,38% em agosto, segundo a prévia da inflação.
Apesar dos dois últimos meses de alívio, os preços subiram muito na Capital entre 2020 e 2021, acumulando altas anuais de 15,66% e 11,81%, respectivamente. Por isso, o varejo aposta em promoções para recobrar a clientela afugentada pelos altos patamares de preços das proteínas animais.
Petrobras reduz em 10,4% querosene de aviação
A Petrobras anunciou ontem que, no próximo dia 1º de setembro, ajustará os preços de querosene de aviação (QAV) com uma redução de 10,4% nos preços de venda para as distribuidoras. É a segunda queda seguida nos preços do QAV, que já haviam sofrido redução de -2,6% no início de agosto.
"Conforme prática que remonta os últimos 20 anos, os ajustes de preços de QAV são mensais e definidos por meio de fórmula contratual negociada com as distribuidoras. Os preços de venda do QAV da Petrobras para as companhias distribuidoras buscam equilíbrio com o mercado internacional e acompanham as variações do valor do produto e da taxa de câmbio, para cima e para baixo, com reajustes aplicados em base mensal, mitigando a volatilidade diária das cotações internacionais e do câmbio", disse comunicado da empresa.
A Petrobras comercializa o QAV produzido em suas refinarias ou importado apenas para as distribuidoras. Elas, por sua vez, transportam e comercializam o produto para as empresas de transporte aéreo e outros consumidores finais nos aeroportos ou para os revendedores.
"Importante ressaltar que o mercado brasileiro é aberto à livre concorrência e não existem restrições legais, regulatórias ou logísticas para que outras empresas atuem como produtoras ou importadoras de QAV", informou. (AB)