Pré-candidato a prefeito de Fortaleza, o deputado federal Capitão Wagner (Pros) projeta ter apoio do PSL ainda no primeiro turno das disputas pela sucessão de Roberto Cláudio (PDT).
"Existe a possibilidade de o Heitor (Freire) fechar conosco", disse o parlamentar, referindo-se ao também deputado e presidente da legenda no Estado. "Temos mantido conversa com a executiva nacional do partido, e há de fato uma chance de apoio já no primeiro turno."
Principal nome da oposição a RC, Wagner tenta firmar aliança com o PSL, cuja cota do fundo eleitoral iria lhe garantir musculatura e condições materiais de ampliar o alcance da chapa.
Além disso, a ex-sigla de Jair Bolsonaro tem a segunda maior fatia de tempo de propaganda gratuita na televisão e no rádio, atrás apenas do PT. Segundo estimativa do deputado, o PSL, em caso de coligação, traria aporte de 10% do tempo, levando seu espaço para 26% do tempo total.
Nesta semana, Freire chegou a declarar à reportagem que não descartava endossar a campanha de Wagner para o Paço, mas assegurou que, até o momento, mantém seu nome como pré-candidato. A reportagem apurou que deputado trabalha com a hipótese de projetar-se para a reeleição em 2022, quando concorreria novamente a uma cadeira na Câmara.
Wagner avalia que a decisão está com Freire. "A gente respeita esse tempo. Temos planejamento em todas as situações, para o melhor cenário e o pior cenário", acrescentou.
Questionado se as dissidências dentro do PSL podem atrapalhar os planos de uma aliança em torno dele, o postulante do Pros respondeu que, na capital cearense, "a maioria das opções é de esquerda, e o nome que pode ter convergência é o nosso".
Hoje, o partido comandado por Freire está dividido entre o grupo dos deputados estaduais André Fernandes e Delegado Cavalcante e o do dirigente. Embora controle a máquina partidária e a divisão de recursos, Freire é desgastado na base bolsonarista que Wagner ambiciona conquistar.
Isso explica a estratégia em várias frentes que o pré-candidato tem movimentado, cortejando legendas como o PSDB. "Tenho conversado com Danilo (Forte), Fernanda Pessoa e o Pontes (presidente tucano no Ceará)", informou. "Não conversei com Tasso ainda, mas vamos falar com ele para tentar um apoio no primeiro turno. Deixar para o segundo é risco."
O discurso de Wagner para consolidar um grupo mais capilarizado de legendas é o de que preciso construir um grupo sólido no campo conservador e de oposição para enfrentar a força do governismo na Capital.
"A diferença é que estou tentando agrupar sem agredir os possíveis aliados", alfineta Wagner, numa crítica ao ex-ministro Ciro Gomes (PDT). "Não dá para imaginar quem quer apoio e esculhamba os integrantes do seu partido. É ele que faz isso."
Em entrevista ao O POVO na semana passada, Ciro pregou aliança entre PDT e PT, mas com o PT do governador Camilo. Na mesma conversa, o ex-presidenciável voltou a criticar o ex-presidente Lula, dizendo que o petista tentaria atrapalhar o entendimento entre pedetistas e o Partido dos Trabalhadores para 2020.