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"Quem não muda de ideia é doido", diz Lira sobre Bolsonaro perto do Centrão
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"Quem não muda de ideia é doido", diz Lira sobre Bolsonaro perto do Centrão

| Eleição na Câmara | Lira aposta nas traições "do lado de lá" para que vença o candidato Baleia, apoiado por Maia, o principal desafeto de Bolsonaro no Legislativo
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ARTHUR Lira fez coletiva na AL-CE ao lado de deputados da bancada cearense (Foto: JÚLIO CAESAR)
Foto: JÚLIO CAESAR ARTHUR Lira fez coletiva na AL-CE ao lado de deputados da bancada cearense

Em Fortaleza em campanha à presidência da Câmara dos Deputados, o deputado federal Arthur Lira (PP-AL), candidato do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) contra Baleia Rossi (MDB-SP), afirmou nessa quinta-feira, 14, que todo governo necessita articular uma coalizão para que as pautas possam andar nas casas legislativas.

Ele ponderou que essa não é uma realidade defendida por ele, mas que é imprescindível diante do amplo conjunto de partidos presentes na Câmara e das matérias que necessitam de aprovação.

Questionado em coletiva por O POVO se o presidente Bolsonaro mudou em relação ao candidato que em 2018 pregava distanciamento do Centrão, Lira respondeu que uma coisa é estar do "lado de lá", ou seja, não ser governo. Outra, ele prosseguiu, é ter de gerir o País.

"Trazer ideias pejorativas para os partidos que sempre contribuíram com as matérias mais importantes, e você não tenha dúvida disso, todas as reformas que foram aprovadas e as que virão, todas as matérias importantes para recuperação desse País em 2021 terão que ter o apoio maciço dos partidos de centro", ele argumentou.

E completou, em resposta ao questionamento: "Então, acho que uma frase mal colocada, uma impressão mal tida, só quem não muda de ideia é louco, só quem não muda de ideia é doido." 

Lira então foi questionado outra vez sobre se o presidente havia mudado: "Você tem que adequar-se à realidade. Uma coisa é você estar do lado de lá (sem governar), e o presidente Bolsonaro, quando ele se elegeu, para completar a sua pergunta e deixar os outros com espaço, ele se elegeu com 50 milhões de votos, e tem que administrar um País para 220 milhões de brasileiros. A realidade é bem diferente e nós temos que saber compreender isso fazendo a correlação de forças." 

Lira esteve na Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE) para coletiva de imprensa. Ele estava acompanhado dos deputados federais cearenses AJ Albuquerque (PP), Domingos Neto (PSD), Capitão Wagner (Pros). Depois, Dr. Jaziel (PL) chegou ao seu encontro. São quatro apoiadores que, publicamente, já manifestaram voto em Lira.

Também ao lado do postulante, Pedro Bezerra (PTB) fez fala ao fim da coletiva em tom de elogio ao colega de Parlamento alagoano.

Questionado por O POVO se aquilo havia sido uma sinalização, afirmou que causou mesma impressão no Palácio da Abolição, nessa quarta-feira, 13, quando esteve com Baleia Rossi (MDB-SP) e Rodrigo Maia (DEM-RJ). Manteve portanto a própria escolha sob interrogação.

A comitiva de Lira também foi composta por deputados de outros estados, entre os quais Luís Miranda, (DEM-AP), Dr, Luizinho (PP-RJ), Carlos Cajado (PP-BA) e Marcelo Ramos (PL-AM). Nos bastidores, um parlamentar cearense apoiador de Lira classificou como possíveis ainda os apoios de Jr. Mano (PL), que enfrenta a Covid-19.

Lira, por sinal, aposta nas traições "do lado de lá" para vencer Baleia Rossi, apoiado por Maia, o principal desafeto de Bolsonaro no Legislativo.

"Eu acredito no voto dos meus pares, porque eu conheço quase todos por nome, transito no plenário daquela Casa há dez anos. E uma característica que eu tenho naquela Casa é ser amigo dos meus amigos e cumprir os acertos políticos que são feitos para votações. (...) Em todas as análises, o nosso bloco é bastante uníssono e há muita defecção do lado de lá", afirmou o parlamentar.

Lira defendeu ser necessário a abertura de diálogo com várias frentes e forças da Câmara. Para ilustrar essa capacidade, recordou ter votado em Ciro Gomes (PDT) em 2018 para presidente da República. Questionado se votaria novamente em 2022, já que Cid Gomes (PDT) o chamou de "novo Eduardo Cunha" em 2019, Lira pacificou no tom.

"Eu votei, já declarei que votei, na campanha já falei diversas vezes com o na época (candidato a) senador Cid Gomes e todas as conversas eram para pedir santinho, adesivo, propaganda, para facilitar os votos de Alagoas."

Manta de carneiro

Domingos Neto (PSD), que já coordenou a bancada cearense, cumpriu o já tradicional modo de recepcionar políticos de fora do Ceará. Mais uma vez, o parlamentar deu de presente uma manta de carneiro, uma das especiarias de Tauá, município situado no Sertão dos Inhamuns.

O agraciado da vez foi Arthur Lira (PP-AL), candidato na eleição da Câmara. Outro que já recebeu a iguaria como regalo foi Jair Bolsonaro, em 2020, quando esteve no Ceará para o evento de chegada das águas da Transposição do Rio São Francisco.

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