A possibilidade mais forte é de que o comando do Patriota no Ceará fique com o deputado estadual André Fernandes, hoje no Republicanos. O POVO apurou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deve dar a ele o controle do partido no Ceará, caso se torne mesmo filiado. Ele está próximo de entrar na legenda, seguindo o filho primogênito, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota). Mas essas conversas ainda não foram inteiramente concluídas.
O atual dirigente da agremiação no Ceará é Samuel Braga, ex-candidato a prefeito de Fortaleza, segundo quem ainda “estamos aguardando uma definição sobre a filiação do presidente.” Fernandes não respondeu às tentativas de contato do O POVO.
Questionado sobre se simpatiza com a ideia de que Bolsonaro integre a sigla, assumindo condição de principal prócer, ele respondeu unicamente que a definição foi tomada em convenção nacional nessa segunda-feira, 31, e, dessa forma, “temos que acompanhar a decisão da maioria”.
Fortaleza - Ce , Brasil, 16-10-2020: Samuel Braga, candidato a prefeito de Fortaleza pelo (Patriota) (Foto: Júlio Caesar / O Povo)
Braga disse que ainda não recebeu notícias de que Fernandes deverá assumir função que hoje é sua. “Ainda não temos essas informações”, limitou-se a responder. Ex-vereador de Fortaleza, o presidente do Patriota é conhecido por empunhar bandeiras relacionadas à defesa do Meio Ambiente.
Na campanha ao Paço Municipal, em 2020, o carro-chefe de seu discurso foi o de uma cidade sustentável. Ele, porém, não apresentou nenhuma objeção a Bolsonaro quando indagado em sabatina do O POVO com candidatos. A agenda ambiental do Governo Federal é uma das mais contestadas Brasil afora.
O Partido Ecológico Nacional (PEN) veio a se transformar em Patriota em 2017. Já teve conversas com Bolsonaro sob a antiga identidade até o militar fechar com o PSL para disputar a Presidência em 2018.
André Fernandes é o político cearense mais próximo ao Palácio do Planalto atualmente. Ele ainda não pediu desfiliação do Republicanos, legenda gerida no Estado pelo vereador em Fortaleza Ronaldo Martins e pelo deputado estadual David Durand, vice-presidente.
O partido abrigou Flávio e Carlos Bolsonaro quando a família deixou o PSL. O pai preferiu ficar sem partido. Caso se filie ao Patriota, Bolsonaro provavelmente disputará a eleição presidencial por ele. Antes de tomar a decisão, deve conversar com deputados federais aliados, disse uma fonte ao O POVO.
Outros políticos cearenses com pontes com Brasília são Delegado Cavalcante (PSL), deputado estadual, e Inspetor Alberto (Pros) e Carmelo Neto (Republicanos), vereadores de Fortaleza.
“Na verdade, se o Bolsonaro ficar no Patriota, sim. Vou juntamente com André e outras pessoas para o partido, mas é melhor aguardar mais um pouco porque, você sabe, tem hora que está, tem hora que não está, mas vamos aguardar mais um pouco aí”, disse Alberto ao O POVO sobre o dinamismo dessas negociações.
Diferentemente do PSL, a máquina partidária Patriota não tem a mesma força financeira. Na onda Bolsonaro, há três anos, vários deputados federais foram eleitos. Isso fará com que o PSL tenha direito a fatia mais polpuda do fundo partidário no próximo ano.
Bolsonaro rompeu com o deputado federal Luciano Bivar (PE), presidente nacional do PSL, em outubro de 2019, abrindo no partido uma ala bolsonaristas e outra, bivarista.
Heitor Freire, dirigente do PSL no Ceará, ficou com o pernambucano e perdeu contato com o presidente. Freire é rompido com Fernandes, Cavalcante e Alberto, mas tem conversas com Capitão Wagner (Pros) - apoiado por esses três para o Governo do Ceará - para que o policial militar da reserva se filie ao partido.