O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro pediu o afastamento imediato do diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, por 90 dias, e a condenação dele por improbidade administrativa. O órgão afirma que Vasques fez uso indevido do cargo para beneficiar a candidatura do presidente Jair Bolsonaro (PL) à reeleição.
O documento da Procuradoria fala em "intenção clara" de Vasques de promover "propaganda político-partidária e promoção pessoal de autoridade com fins eleitorais". O Ministério Público Federal lista entrevistas e discursos do chefe da PRF em eventos oficiais que, na avaliação do procurador Eduardo Benones, associam a imagem dele à "instituição PRF" e ao presidente no período eleitoral. A ação cita ainda o uso de "símbolos" e da imagem da corporação para favorecer a campanha de Bolsonaro.
A Procuradoria destacou que Vasques chegou a pedir votos para o presidente nas redes sociais na véspera do segundo turno. A postagem foi apagada horas depois. Para o MPF, o episódio não pode ser "dissociado" do "clima de instabilidade e confronto instaurado durante o deslocamento de eleitores no dia do segundo turno das eleições e após a divulgação oficial do resultado pelo Tribunal Superior Eleitoral".
A PRF abordou veículos no dia do segundo turno das eleições, em 30 de outubro, mesmo após a Justiça Eleitoral proibir operações relacionadas ao transporte de eleitores. A ação da PRF levou o Ministério Público Federal a abrir inquérito para apurar a conduta de Vasques. A investigação também vai analisar se houve demora deliberada da corporação para desmobilizar manifestações de apoiadores de Bolsonaro que bloquearam estradas após o resultado da disputa.
Bolsonaro pediu a ministros do Supremo Tribunal Federal que não investissem contra Vasques, chamado pelo presidente de "bom menino". A conversa ocorreu no último dia 1º.