Logo O POVO+
Dia de ofensivas jurídicas contra a greve
Reportagem

Dia de ofensivas jurídicas contra a greve

Ações na Justiça elevam pressão sobre entidades militares que estimulem ou tomem parte de paralisações. Multa pode chegar a meio milhão de reais
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
NO INÍCIO do mês, policiais e bombeiros realizaram ato em frente à AL contra proposta de reajuste feita pelo governo (Foto: FÁBIO LIMA/O POVO)
Foto: FÁBIO LIMA/O POVO NO INÍCIO do mês, policiais e bombeiros realizaram ato em frente à AL contra proposta de reajuste feita pelo governo

Em meio às tensões em torno da proposta de reajuste salarial de policiais e bombeiros, que chega hoje à Assembleia Legislativa (AL-CE), ações do Ministério Público do Estado (MPCE) e do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) jogam pressão sobre associações de militares.

No fim da manhã de ontem, o MPCE entrou com ação civil pública com pedido de antecipação de tutela contra cinco entidades de militares por ameaça de paralisação das atividades. Entre outras medidas, o órgão requereu o bloqueio das contas das associações.

Segundo o procurador-geral de Justiça, Manuel Pinheiro, as instituições estariam realizando "atividades típicas de representação sindical e mobilizando as respectivas categorias para participar de atos públicos", o que é vedado por lei.

Encaminhado para a 3ª Vara da Fazenda Pública, o pedido foi acatado pela juíza Cleiriane Lima Frota. A magistrada fixou multa de R$ 500 mil por dia em caso de descumprimento da determinação e impediu que os dirigentes das categorias se reúnam, pessoal ou virtualmente, até março, sob pena de sanção.

Também nessa segunda-feira, o TJCE manteve decisão da desembargadora Francisca Adelineide Viana, que revogou liminar expedida pela própria juíza concedendo habeas corpus preventivo contra eventual prisão de policiais e bombeiros que participem, direta ou indiretamente, de atos reivindicatórios.

A primeira decisão, de janeiro deste ano, foi deferida em benefício dos PMs e bombeiros, a pedido de entidades representativas do segmento. Em 5 de fevereiro último, porém, a desembargadora reviu o juízo após ter sido provocada pela Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e recuou, submetendo a ação à Seção Criminal do TJ e suspendendo a medida cautelar.

Reunido nessa segunda-feira, o colegiado declinou da competência para apreciar o tema, remetendo-o para o Órgão Especial do Tribunal, que ainda não tem data para analisar o assunto. Até lá, no entanto, a suspensão do habeas corpus continua válida, ou seja, militares que tomem parte em atos paredistas poderão ser presos, conforme entendimento da Seção Criminal.

Listen to "#69 - O aumento salarial dos policiais e a disputa política na segurança" on Spreaker.

Policiais têm reunião marcada para hoje, no entorno da AL-CE, a partir das 9 horas. A convocação foi feita pelo deputado estadual Soldado Noelio (Pros) na última quinta-feira, 13, horas depois de aprovar acordo salarial com o Governo do Estado, durante rodada de negociações com intermediação de parlamentares e do MPCE.

O POVO entrou em contato com presidentes de associações de PMs, mas não obteve retorno até o encerramento da edição. Na sexta-feira, 14, o presidente da Aspramece, Pedro Queiroz, disse à reportagem esperar que o governador Camilo Santana (PT) reabrisse as negociações sobre a tabela de vencimentos. O Palácio da Abolição descarta essa possibilidade.

 

REAJUSTE

Pela nova tabela salarial de policiais e bombeiros, negociada entre governo e deputados, um soldado passará a ganhar R$ 4,5 mil ao fim de 2022. Hoje, o soldo da patente é de R$ 3,2 mil

O que você achou desse conteúdo?