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José Avelino: cadeia econômica que gera renda para mais de 100 mil pessoas
Reportagem

José Avelino: cadeia econômica que gera renda para mais de 100 mil pessoas

Números conservadores dão conta de mais de 11 mil pontos de venda e cadeia gerando renda para 100 mil pessoas. Hoje, o espaço abarca desde feirantes itinerantes até empreendedores com cadastro MEI, movimentando uma cadeia econômica que encontra no comércio popular sobrevivência e desenvolvimento
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Movimentação da feira da Rua José Avelino movimenta cadeia de negócios que gera milhares de empregos. (Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita Movimentação da feira da Rua José Avelino movimenta cadeia de negócios que gera milhares de empregos.

Antes os vendedores de produtos da Feira da José Avelino eram apenas "informais sonegadores de impostos". Hoje há desde feirantes itinerantes até empreendedores com cadastro de microempreendedor individual (MEI).

Números conservadores dão conta de mais de 11 mil pontos de venda e cadeia gerando renda para 100 mil pessoas, de acordo com Martinho Batista Neto, o fundador da Associação de Gestores de Empreendimentos do Polo de Negócios da Rua José Avelino e Adjacências (Ajaa) e proprietário do Fontenele Mall (em 2007), primeiro shopping popular do Polo da José Avelino.

De acordo com a própria Associação dos Feirantes e Ambulantes do Estado do Ceará, o perfil dos feirantes veio evoluindo, há até negócios maiores de quem possui lojas em outros locais, oriundos de outros grandes centros comerciais na Cidade, como Monsenhor Tabosa e Centro Fashion Fortaleza.

Quando se fala em Polo da José Avelino, vai da própria rua até o espaço da feira da Sé e adjacências. Martinho diz que naquele corredor comercial há cerca de 40 galpões, dentre grandes e pequenos, que abrigam milhares de boxes.

Esses são os feirantes mais formalizados, pois há ainda os vendedores das calçadas, os "shopchão", em sua maioria informais, que encontram nas vendas um modo emergencial de sobrevivência.

A cadeia produtiva, muito ligada à confecção, movimenta fornecedores donos de facções na periferia da Capital e também municípios da Região Metropolitana, principalmente. A maioria são empresas familiares, com poucos funcionários.

"É um filme repetido", sintetiza Martinho, ao comentar sobre esse novo processo da Prefeitura de Fortaleza de cadastramento para realizar um reordenamento na área.

Ele lembra dos tempos de 2001, quando inaugurou o Galpão do Pequeno Empreendedor e, na gestão Juraci Magalhães, já proibia a ocupação do espaço público pela feira. Ele entende que, neste momento, por conta da pandemia, a situação de vulnerabilidade aumentou e pessoas buscam na feira uma opção de sustento da família.

"Em todas as administrações, desde o Juraci Magalhães, houve esse conflito com os vendedores de rua. Neste momento se assume uma maior gravidade por conta das mazelas e dificuldades que o povo vem enfrentando, principalmente os mais pobres."

O fundador da Ajaa ainda ressalta que a melhor das opções passa longe de tirar a feira dali. Iniciativas como levar aqueles ambulantes e feirantes para bairros na periferia ou mesmo em Maracanaú não têm muito apelo por um simples fato: os feirantes vão aonde as pessoas estão e não o contrário.

"A solução da José Avelino está na José Avelino. Querer tirar aquelas pessoas para bairros afastados não existe. Acho que dá para conversar e negociar as responsabilidades, organizando os horários de início e fim da feira de rua", destaca, pois a quantidade de "shopchão" aumentou demasiadamente.

Martinho, porém, não demoniza os vendedores da rua: "Começa empreendendo na rua, depois evolui para o MEI. Conheço muita gente que passou por esse processo, histórias bonitas, de pessoas que hoje geram emprego, graças a muito esforço".

São Paulo tem a Rua 25 de Março e Belo Horizonte tem a Feira da Afonso Pena. E, no Ceará, hoje sendo uma referência no Nordeste, a Feira da José Avelino. Para o economista Gilberto Barbosa, o efeito multiplicador da feira, transbordando sobre outros setores, forma uma cadeia econômica relevante. "Mesmo sendo informal ele gera receita para outras empresas. Continua girando a economia, comercializando com fornecedores e clientes".

"Quando temos uma feira de relevância em termos de tamanho e demanda, mesmo com a informalidade no começo, ela passa a gerar renda. Essa relevância gera multiplicadores positivos, pois gera renda para os feirantes, para os funcionários, e vai gerar outras demandas, seja dentro da própria Cidade e além", afirma.

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ONDE A TRIBUTAÇÃO OCORRE

De acordo com a Sefaz, para garantir a arrecadação e diminuir a sonegação de impostos, opera a antecipação da tributação, desde 2006, com tributação diferenciada na aquisição de tecidos na entrada de produtos ao Ceará. Mesmo que não arrecade em toda cadeia, a Fazenda taxa de alguma forma a cadeia econômica.

As cadeias econômicas impactadas com a feira

FORNECEDORES

As facções ou pequenas oficinas de costura - muitas localizadas em Fortaleza ou cidades da Região Metropolitana, também havendo casos de produtos que vêm de fora do Ceará - atendem à demanda dos feirantes no que se trata do produto de maior evidência da feira, os artigos de vestuário.

LOGÍSTICA

A ligação entre o feirante e o fornecedor. A cadeia de transporte é demandada nesta relação, conectando essas oficinas de costura até o Centro de Fortaleza.

ORGANIZAÇÃO

Montar e desmontar a estrutura da feira também gera emprego para os carregadores, que trabalham como "faz tudo" nessa cadeia, sendo um elo que liga a logística e a produção.

FEIRA

Com os boxes e pontos de venda em operação a feira acontece. O crescimento já proporciona a alguns donos de boxes gerar empregos, adquirir outros pontos de venda dentro da própria feira, expandindo suas atuações.

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