Logo O POVO+
Sertão transformado: Perímetros irrigados têm potencial de expandir em mais de 10% PIB do agro do Ceará no ano
Reportagem

Sertão transformado: Perímetros irrigados têm potencial de expandir em mais de 10% PIB do agro do Ceará no ano

| INOVAÇÕES | Produção de frutas e hortaliças animam empresários e Ceará planeja expansão da área produtiva, o que deve refletir também no avanço do agronegócio no Estado
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
FORTALEZA-CE, BRASIL, 03--06-2024: Perímetro irrigado no município de Aracati-Ce. (Foto: Júlio Caesar/O Povo)  (Foto: JÚLIO CAESAR)
Foto: JÚLIO CAESAR FORTALEZA-CE, BRASIL, 03--06-2024: Perímetro irrigado no município de Aracati-Ce. (Foto: Júlio Caesar/O Povo)

A chegada das águas do Rio São Francisco em maior proporção aos açudes do Ceará e o fim do ciclo de seca com bons períodos chuvosos nos últimos anos traz novas perspectivas ao Ceará. Por meio da evolução das tecnologias de irrigação, o agronegócio prospera e busca aumentar sua produtividade e área plantada.

Somente para 2024, é esperada uma expansão bem maior do que 10% no Produto Interno Bruto (PIB) do agro puxada pela agricultura irrigada de alto valor agregado, com plantações exitosas como a de tomate, com 2,5 mil hectares de área regada. Somente aí são R$ 700 milhões por ano em produção.

O Governo do Estado já mapeou o potencial da Ibiapaba, Chapada do Apodi e Chapada do Araripe para expansão dessas áreas produtivas, aproveitando os espaços irrigados.

LEIA MAIS | Ceará aposta em culturas nobres para dar nova cara ao agronegócio

"Podemos aumentar muito essa área de produção irrigada, não só com o tomate, mas com novas culturas - especialmente com fruticultura e hortaliças", afirma Sílvio Carlos Ribeiro, secretário executivo do Agronegócio do Ceará.

"Os empresários do setor estão buscando, investindo, fazendo um forte trabalho e encontrando boas perspectivas de crescimento", complementa.

O foco das ações de apoio ao setor por parte do Governo do Estado diz respeito a parcerias e nova visão de desenvolvimento econômico do Ceará. Ele enfatiza os bons períodos de chuva nos últimos anos.

"A agricultura irrigada vem para dar o salto no valor bruto de produção. Hoje temos uma perspectiva de expansão da área produtiva irrigada com essa boa oferta hídrica que temos", pontua.

LEIA TAMBÉM | Mirtilo: a fruta promessa do Ceará para as exportações brasileiras

Atualmente, apenas 55% das áreas irrigadas dos 14 projetos coordenados pelo Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs) estão com atividades produtivas em ação. São 19,4 mil hectares ativos, enquanto a capacidade total seria de 35,2 mil hectares que já foram ocupados.

Em meio ao desenvolvimento de atividades nos perímetros irrigados, a demanda por crédito é crescente. Somente o Banco do Nordeste (BNB) movimentou, por meio do FNE-Irrigação, R$ 1,3 bilhão em toda a sua área de atuação, em 2023.

Apenas o Ceará foi responsável pela contratação de quase R$ 530 milhões, o que representou uma alta de 10% nos valores em relação a 2022. Dos 652 contratos firmados por essa linha de crédito, 72 deles foram no Ceará. Portanto, o volume de recursos nos projetos é grande.

A história dos perímetros irrigados no Ceará remontam à década de 1960. O primeiro grande projeto foi o perímetro de Morada Nova, com irrigação superficial e desenvolvido por investidores franceses que chegaram ao Estado para plantar arroz.

Após esse período, houve um crescimento gradual na expansão da área irrigada, chegando a regiões como a Ibiapaba e Paraipaba. Essa última se tornando um case de sucesso pela ascensão da cultura do coco.

Apesar do crescimento desde 1960, foi a partir do fim da década de 1990 e início dos anos 2000 que a área de produção irrigada do Ceará deu um salto.

Foram inaugurados os perímetros do Baixo Acaraú, do Tabuleiro de Russas, de Araras Norte e do Jaguaribe-Apodi. Foi neste período que a produção de banana se expandiu, assim como de mamão e de grãos.

Um dos responsáveis pela implantação de perímetros irrigados no Ceará nos início dos anos 2000, Odílio Coimbra, assessor da Presidência da Federação da Agricultura do Ceará (Faec), destaca que, após uma sequência de anos de seca a partir de 2012, muitos empreendedores deixaram de produzir no Ceará e partiram para outros estados.

LEIA MAIS | Em 2012: Ceará registra 6ª pior seca desde 1950, segundo Funceme

Agora, ele destaca que o Estado vive um novo momento. A perspectiva de fortalecimento das garantias de segurança hídrica revigora o apetite de investimentos. O POVO noticiou que a Itaueira, maior produtora de melão do mundo, volta a produzir no Ceará em 2024, sendo só um dos exemplos.

"Digamos que temos aproximadamente 20 mil hectares com infraestrutura parada e podemos crescer com as culturas de ciclos curtos, como o melão, a melancia, a abóbora, a macaxeira, assim como a produção de sementes".

Sistemas hídricos apresentam bons percentuais de abastecimento após período de chuvas

Por meio dos dados da Agência Nacional de Águas (ANA), por meio do seu Sistema de Acompanhamento de Reservatórios, é possível notar que há garantia de abastecimento nos principais sistemas de irrigação.

No maior deles, do Baixo Acaraú, o principal reservatório que atende à demanda produtiva, o Açude Araras, conta com 96,5% de sua capacidade (891 milhões de m³).

LEIA AINDA | Com 15 dias para o fim da quadra chuvosa de 2024, o Ceará tem 55 açudes com 100% da capacidade preenchida

Os outros dois grandes perímetros irrigados, o Jaguaribe-Apodi e o de Morada Nova, vivem situações semelhantes. São atendidos por grandes reservatórios que estão longe de sua capacidade máxima há anos.

No caso do Jaguaribe-Apodi, o abastecimento fica por conta do Açude Castanhão, o maior reservatório para múltiplos usos da América Latina, que atualmente está com 36,5% de sua capacidade (6,7 bilhões de m³).

Já o perímetro de Morada Nova é atendido por dois reservatórios, o Banabuiú, que está com 41% de sua capacidade (1,6 bilhão de m³), e o Pedras Brancas, com 37,6% de capacidade total (434 milhões de m³). (Colaborou Adriano Queiroz)

Mais notícias de Economia

Tecnologia

Dentre os tipos de tecnologias usadas no campo está a irrigação de precisão que usa sensores e sistemas de monitoramento para adaptar a precisão às necessidades específicas das culturas

O que você achou desse conteúdo?