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Pandemia acelera oportunidades para startups no Ceará
Reportagem Especial

Pandemia acelera oportunidades para startups no Ceará

Mapeamento do Ambiente Local de Empreendedorismo mostra que a quantidade de iniciativas de apoio às startups no Estado cresceram 30% em relação ao período pré-pandemia

Pandemia acelera oportunidades para startups no Ceará

Mapeamento do Ambiente Local de Empreendedorismo mostra que a quantidade de iniciativas de apoio às startups no Estado cresceram 30% em relação ao período pré-pandemia
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A crise desencadeada pela pandemia impôs uma série de transformações em diversos setores econômicos. A maior parte delas incluiu o uso intensivo de tecnologia. E é em meio a esse cenário que têm crescido as oportunidades para startups no Ceará. Um mapeamento feito pelo Ambiente Local de Empreendedorismo (ALE) mostra que as iniciativas de apoio às startups cresceram 30% no Ceará, em relação ao período pré-pandemia.

Estruturado em sete grandes verticais (capital humano, rede de crescimento, rede de conhecimento, rede de apoio/consultoria, rede de inovação, acesso a capital e negócios), o ALE identificou 316 iniciativas ativas no Estado. Ou seja, são equipamentos, hubs de inovação, projetos, empresas ou instituições parceiras (públicas ou privadas) que as startups, em diferentes estágios de maturação, têm hoje à disposição no Ceará para se desenvolver e ganhar mercado.

O mapeamento Ambiente Local de Empreendedorismo (ALE) identificou iniciativas ativas de apoio às startups no Ceará(Foto: divulgação)
Foto: divulgação O mapeamento Ambiente Local de Empreendedorismo (ALE) identificou iniciativas ativas de apoio às startups no Ceará

“Em algumas áreas, essa tendência de crescimento é ainda mais expressiva. Se antes de 2020, por exemplo, a gente tinha no Ceará apenas cinco grandes empresas que investiam de forma mais consistente em inovação aberta (quando empresas tradicionais se associam a startups para produzir inovação), hoje, esse número chega a 19”, afirma o consultor em inovação, Moisés Santos, responsável pelo mapeamento.

O ecossistema de startups no Ceará também ganhou reforços importantes no último ano. A Universidade Federal do Ceará (UFC), por exemplo, lançou o Condomínio de Empreendedorismo e Inovação, que se propõe a ser uma ponte de conexão entre a academia e o setor produtivo. O Instituto Atlântico, Núcleo de Tecnologia e Qualidade Industrial do Ceará (Nutec), ICC Biolabs (agência de consultoria na área de saúde) e o CriarCE (hub de hardware do Governo do Estado) se juntaram para lançar o Programa em Rede de Apoio à Incubação e Aceleração (Praia), oferecendo, por meio de editais, treinamentos, tecnologia, mentorias e possibilidades de financiamento.

VEJA ANÁLISE DE ESTREIA NO OP+ | Abraão Freires Saraiva Jr.: Empreendedorismo inovador na Universidade

 

Condomínio do Empreendedorismo da UFC
Condomínio do Empreendedorismo da UFC (Foto: Viktor Braga/ Divulgação UFC)

Além de abrigar startups, estimular o empreendedorismo, inovação e as relações com o mercado, o espaço abrigará o futuro Centro de Pesquisas em Inteligência Artificial que será criado na instituição.

Em Juazeiro do Norte, está sendo estruturado o hub de inovação Cuida. E o Polo Químico de Guaiúba, que deve entrar em operação em maio deste ano, está estruturando um novo hub de inovação, o Orbitar Labs, previsto para ser inaugurado em 2023, voltado para as áreas de química, biotecnologia, nanotecnologia, inovação e tecnologia.

“É um movimento interessante que está ganhando força. E a pandemia acelerou um pouco mais esse processo porque trouxe a transformação digital como necessidade urgente. E para se adequar as empresas só tem dois caminhos: ou produz inovação dentro dela ou incentiva e se aproxima de quem faz isso de forma mais rápida e assertiva, que são as startups”, afirmou Moisés.

Ele, que ajudou a estruturar o hub de inovação do Banco do Nordeste (BNB), conta que decidiu fazer esse mapeamento, junto a mais de cem agentes públicos e privados que atuam nesta área, justamente pela carência de uma base de dados mais sólida sobre esse cenário no Ceará. O nome ALE é uma homenagem ao professor do Centro Universitário Fametro, o cearense Alexandre Hollanda, entusiasta do empreendedorismo, e que faleceu em março deste ano em decorrência da Covid-19.

O levantamento identificou 166 startups em fase de tração no Estado. Esta é considerada a última etapa antes da startup se consolidar de vez no mercado, quando a empresa já tem produto bem definido, uma base de clientes e já possui algum tipo de faturamento.

Das 165 startups mapeadas, 157 têm sua sede na região metropolitana de Fortaleza. Mas foram identificadas também empresas com esse grau de maturação nas regiões Norte, no Cariri e no Litoral Leste.

Quando se trata de área de atuação, a maior parte das soluções tecnológicas propostas pelas startups no Estado são voltadas para as “dores” do setor educacional. São 25 startups em fase de tração nesta área. Em seguida, aparecem aquelas que atuam no segmento de vendas e varejo (15); finanças (15); e serviços para empresas, o chamado B2B (12).

O Ceará, apesar de ter apenas 2,2% de participação na economia nacional, e ainda estar muito distante daqueles ecossistemas de inovação mais robustos como o encontrado em São Paulo, tem produzido bons frutos.

A Arco Educação, por exemplo, está no seleto grupo de startups brasileiras consideradas unicórnios, como são chamadas as startups que alcançam o valor de mercado acima de R$ 1 bilhão. Criada em 2004, a startup cearense de soluções educacionais atingiu a marca de R$ 1,2 bilhão quando se lançou na Nasdaq, em 2018.

Do ano passado para cá, outras quatro startups cearenses, que já vinham com grande destaque nacional, fizeram o “exit”, expressão que se refere ao “ponto de saída” de uma startup. Ou seja, quando ela é vendida. São elas: Ivia (adquirida em julho de 2020 pela indiana Wipro); Agenda Edu (adquirida em setembro do ano passado pela Eleva Educação); Mercadapp (vendida em novembro do ano passado para Linx); e mais recente a Casa Magalhães (vendida neste mês para o grupo O Boticário).

 

 

 

Crise econômica impulsiona busca por novos negócios

Mas por que essas empresas estão despontando no mercado atraindo investidores nacionais e internacionais? Na avaliação do coordenador do Centro de Empreendedorismo da Universidade Federal do Ceará (CEMP/UFC), Abraão Saraiva, vários fatores estão se somando para isso. O primeiro deles é o próprio contexto da pandemia que favorece a digitalização da economia. Mas é preciso considerar também o amadurecimento das startups cearenses.

”É preciso lembrar que, em 2015, houve um agravamento muito forte da crise econômica do País, cujos reflexos perduram até hoje. E, em momentos de crise como esses, uma saída muito buscada é o da atividade empreendedora. No Ceará, não é diferente. Muitas startups começaram a desenvolver soluções naquela época, várias iniciativas de apoio à inovação também foram criadas no Estado, e isso agora começa a dar frutos”.

Ele explica que a taxa Selic, em patamares muito baixos, também favorece a busca por investimento de maior risco. Além do próprio perfil dos empreendedores cearenses que também é um ponto positivo, assim como a qualidade do produto e de gestão.

“Nós temos no Ceará uma característica forte nos empreendedores que é o senso de escassez. E isso, de certa forma, nos molda para buscar fazer mais com menos. O Estado também vem conseguindo bons resultados em educação”, opina Abraão.

A opinião é compartilhada pelo diretor de operações da Casa Azul Ventures, Maurício Cardoso. Ele explica que nos últimos anos é perceptível um aquecimento do ecossistemas de startups no Estado. Tanto no sentido de estímulos ao setor, como de capital disponível, e na qualidade dos projetos. “Não basta apenas ter uma boa ideia, é preciso que aquela startup tenha um modelo de negócio viável e escalável. Uma aceleradora ou investimento externo não vai mudar o plano de negócios daquela empresa, aumentar as competências, o que vai fazer é ajudá-la a atingir seus objetivos de forma mais rápida”.

"Esse aumento tem relação direta com nossa capacidade de operacionalização, para que a gente consiga dar a atenção que aquela empresa requer naquele estágio de negócio." Mauricio Cardoso, diretor de operações da Casa Azul Ventures

A Casa Azul, aceleradora do Grupo O POVO, criada em 2017, tem hoje oito startups abrigadas em seu guarda-chuva (Mercadapp, Urbis, Levarti, Labpacs, Be My Guest, Servit, Susclo e Sistema Contas) que recebem desde mentoria, investimento, conteúdos e acesso a uma rede de contatos que podem ajudar  essas empresas a ganhar escala no mercado. Também realiza eventos que impulsionam a conexão entre os agentes do sistema.

Maurício explica que hoje o número de empresas atendidas pela aceleradora é o dobro da que tinha há seis meses. “Esse aumento tem relação direta com nossa capacidade de operacionalização, para que a gente consiga dar a atenção que aquela empresa requer naquele estágio de negócio. Mas a gente percebe de forma clara um aumento no volume de startups no mercado, o que nos leva também a elevar o nível de exigência para entrar”.

Representantes das novas startups aceleradas pela Casa Azul
Representantes das novas startups aceleradas pela Casa Azul (Foto: Divulgação )

 

É necessário avançar na formação empreendedora

Como todas as empresas, as startups também sentiram os reflexos da pandemia, em maior ou menor grau, dependendo da sua área de atuação. Muitas, tiveram que recomeçar do zero. Outras assistiram a demandas de produtos e serviços, até então pouco exploradas, crescer bastante. Mas, de modo geral, todas tiveram de fazer ajustes nas estratégias da operação para se adequar ao novo cenário.

O problema é que, apesar da estrutura de apoio estar crescendo no Ceará, essas oportunidades ainda não se apresentam de forma clara e coordenada para quem está à frente do negócio, diz Moisés Santos. “Falta um ‘maestro’ que organize o ecossistema de startups no Estado, que una as pontas. A gente tem algumas iniciativas pontuais, mas ainda não é de forma mais ampla”.

Na avaliação do Abrão Saraiva, é preciso também amplificar os esforços em capacitação empreendedora. “O Ceará tem uma boa base de educação em conhecimento científico e técnico, temos instituições muito bem avaliadas, mas é preciso avançar na formação empreendedora inovadora”. 

 

 

Investimentos em startups bate recorde no Brasil

Investir em empresas de base tecnológica está em alta no Brasil. O estudo Insire Venture Capital, feito pela Distrito Dataminer, mostra que no primeiro trimestre deste ano as startups brasileiras atraíram mais de R$ 11 bilhões em investimentos. É quase quatro vezes mais do que o apurado no mesmo período do ano passado (R$ 3 bilhões).

E é bom que se diga que o ano de 2020 já tinha sido o melhor resultado apurado desde o início da série histórica, em 2011. Foram R$ 19,9 bilhões em captações. Alta de 17% em relação ao ano anterior.

Mas não é apenas o mercado de Venture capital, ou capital de risco, modalidade de investimento focada em empresas de até médio porte que possuem alto potencial de crescimento, que está aquecido no Brasil. Também há mais opções de editais, chamadas e linhas de crédito para startups disponíveis no mercado.

Desde mecanismos de suporte direto (recursos reembolsáveis e recursos não reembolsáveis), de suporte indireto (investimentos obrigatórios, subcrédito e incentivos fiscais), como recursos do Sistema S (edital de inovação para a indústria, bolsa de estudos, e termo de cooperação técnica e financeira) e empréstimos.

O Banco do Nordeste (BNB), por exemplo, criou no ano passado o FNE Startup, linha de crédito específica para o setor e condições diferenciadas. Ao todo foram mais de R$ 700 mil contratados, destes, R$ 300 mil no Ceará. Para este ano, a expectativa é ampliar o montante para R$ 3 milhões, explica a gerente do hub de inovação do BNB, Lina Salles.

“Somos um banco de desenvolvimento e quando se olha sob esta perspectiva é preciso acompanhar também as transformações que vêm ocorrendo na economia e no ambiente de negócios. Se antes, as empresas, por exemplo, buscavam crédito para ajudar a comprar um equipamento, hoje, há uma demanda crescente para investir em digitalização, para adquirir espaço em nuvem. E, seguindo essa linha de raciocínio, entendemos que devíamos nos especializar ainda mais e criar mecanismos de alavanca para essa nova economia”.

Ela reforça que o banco também disponibilizou em 2020, via Fundo de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Fundeci), R$ 5 milhões em edital de inovação com recursos não reembolsáveis. Ou seja, que não precisam ser devolvidos ao banco. A previsão para este ano é lançar mais um edital em igual valor.

O BNB também passou a integrar o Fundo Anjo, estruturado pelo BNDES e gerido pela Domo Invest, voltado a startups, micro e pequenas empresas. As operações podem variar de R$ 100 mil a R$ 2 milhões, sendo estes investimentos iniciais realizados em parceria com investidores-anjo.

Para esse segmento, Lina explica que há também o suporte oferecido pelo hub de inovação do BNB, que realiza, inclusive, rodadas de aproximação entre as startups e os clientes dos bancos. “Antes da pandemia, esses encontros eram presenciais, mas hoje passamos a realizar com maior frequência e de forma digital”.

A Universidade Federal do Ceará (UFC) também criou no ano passado um programa de bolsas voltado para estudantes empreendedores, com investimentos superiores a R$ 350 mil. Para este ano, além do aporte no programa, que apenas com as bolsas deve ser superior a R$ 300 mil reais, foi lançado neste mês o edital Programa de Inovação Colaborativa – Hackathon Inovando UFC 2021.

Já a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação (Embrapii) informou que atende em fluxo contínuo a demanda das empresas por inovação, sem a necessidade de editais em específico. Em 2020, foram investidos R$ 60,3 milhões em 95 projetos de startups e pequenas empresas no Brasil. Pelo polo de inovação do Instituto Federal do Ceará (IFCE), foram aplicados aproximadamente R$ 5 milhões em projetos de inovação.

“Os valores dos projetos dependem diretamente do nível de complexidade, escopo, maturidade tecnológica dentre outros aspectos e costumam variar entre R$ 200 mil e R$ 1,5 milhão”.

 

 

Histórias de startups cearenses para se inspirar

Conheça as trajetórias de sucesso de três startups cearenses. A Agenda Edu, no segmento da Educação, sagrou-se como Unicórnio ao se tornar parceira do grupo Eleva Educação. A Mercadapp, do setor de supermercados,  foi vendida por cerca de R$ 10,5 milhões para a Linx, líder no mercado de software de gestão varejista, no ano passado. A Be My Guest, do ramo de aluguel por temporada, foi selecionada pela aceleradora Casa Azul Ventures.

 

Agenda Edu: o desafio de saber a hora de dar o próximo passo

 

Como a grande maioria das startups, a Agenda Edu nasceu em função de uma "dor". No caso, a dificuldade de Carlos Alan Alves em fazer o acompanhamento escolar dos filhos pela agenda de papel tradicional, o que acabou se tornando um desafio tecnológico também para Anderson Morais, Pedro Occiuzzi e Fernanda Catunda. Eles se conheceram durante o II Startup Wekeend Fortaleza, evento de empreendedorismo, em 2014, que tinha como proposta desenvolver ideias durante um final de semana inteiro e sair dali com o protótipo de uma startup. A iniciativa deu tão certo que acabou virando um negócio, não apenas viável, mas também com grande potencial de mercado.

"Isso tudo é fruto de muito trabalho. Em “ler” muito o usuário final e entender o que é ser escola, o que é ser aluno, entender a necessidade dos pais e linkar todos esses pontos." Anderson Morais, Ceo da Agenda Edu

Hoje a Agenda Edu, startup especializada em oferecer soluções digitais para o setor educacional, está presente em mais de 2500 escolas no País e tem quase dois milhões de usuários em sua base (educadores, responsáveis e alunos).

“Isso tudo é fruto de muito trabalho. Em “ler” muito o usuário final e entender o que é ser escola, o que é ser aluno, entender a necessidade dos pais e linkar todos esses pontos”, explica o CEO da Agenda Edu, Anderson Morais.

Nos últimos seis anos, o produto desenvolvido pela startup cearense ganhou novas funcionalidades. Além de um canal de comunicação entre pais e escola, pelo aplicativo, hoje, é possível efetuar pagamentos de despesas escolares (EduPay), contratar os serviços da cantina (EduMenu), melhor gerir o embarque e desembarque de alunos no portão da escola (EduGO!), além de capacitar educadores (+Edu).

Anderson de Morais Braga, ceo da Agenda Edu
Anderson de Morais Braga, ceo da Agenda Edu (Foto: FABIO LIMA)

Mas, para chegar a esse ponto, Anderson diz que foram fundamentais os suportes obtidos em programas de aceleração, como os da Fundação Lemann e da Wave Accelerator; a captação de mais de R$ 4,5 milhões em fundos de investimentos; o reconhecimento de prêmios; e, mais recentemente, a parceria com a Eleva Educação.

O grupo educacional, que possui entre seus investidores o bilionário Jorge Paulo Lemann, adquiriu a startup cearense em agosto de 2020. O valor da transação não foi revelado, mas Anderson admite que foi na casa das dezenas de milhões, sendo 30% foi pago em dinheiro e 70% em ações do grupo controlador da Eleva. Este formato de negócio, aliás, foi fundamental para decidir pela transação, explica.

“A gente já tinha recebido outras propostas, mas que acabaram não evoluindo. Desta vez, a gente sentiu que era hora porque sentimos que a gente tinha uma oportunidade enorme de aprender muito com eles, em vários aspectos, mas, ao mesmo tempo, a Agenda Edu continuaria com autonomia operacional e nós poderíamos ampliar os nossos desafios profissionais”.

 

 

Mercadapp: antecipar tendências e evoluir junto com o mercado

Gabriel Pinheiro, sócio fundador da Mercadapp(Foto: MARIANA PARENTE)
Foto: MARIANA PARENTE Gabriel Pinheiro, sócio fundador da Mercadapp

 A Mercadapp, startup cearense que oferece transformação digital para o setor supermercadista, é outro exemplo bem-sucedido de empresas que vem crescendo de forma exponencial nos últimos anos e alcançou novo patamar em 2020, mesmo em meio à pandemia. Em novembro do ano passado, foi vendida por cerca de R$ 10,5 milhões para a Linx, líder no mercado de software de gestão varejista.

O diretor de segmento da Mercadapp, Gabriel Gurgueira, explica que a trajetória da startup começou em 2015, em um programa de fomento da Apple Academy, onde os participantes eram capacitados a desenvolver aplicações em IOS.

"O desafio maior foi dar vazão a toda intensidade de trabalho que a gente tinha, da possibilidade de colocar novos supermercados no ar, entendendo o momento, a necessidade dos supermercados, e de fazer com que todos os consumidores finais tivessem uma boa experiência de compra." Gabriel Gurgueira, diretor de segmento da Mercadapp

Em 2016, a empresa entrou no mercado como um marketplace de supermercados. No ano seguinte passa a ser acelerada pela Casa Azul Ventures e, em 2018, altera mais uma vez seu modelo de negócio para se tornar uma plataforma no formato ‘whitelabel’, no qual a empresa oferece a sua plataforma para que outros negócios possam vender seus produtos, com a identidade visual do próprio lojista.

Gabriel reforça que até chegar a esse formato foram várias tentativas, erros e acertos, inovações incorporadas, sempre com o objetivo de melhorar a experiência, tanto para o lojista, como para o consumidor final. Também teve pela frente o desafio de desenvolver mercado, já que quando surgiu a plataforma, eram poucos os consumidores adeptos às compras online no segmento. Este é um cenário que muda radicalmente com a pandemia.

“A gente sempre teve um crescimento bem coerente. Em 2017, 2018, 2019, não teve nenhum ano em que a gente, pelo menos, não triplicasse os resultados em relação ao ano anterior. Mas quando chega 2020, a gente teve um crescimento ainda maior em função do cenário pandêmico, no qual foi praticamente obrigatório as pessoas aprenderem a fazer compras sem sair de casa”.

Entre as ações da campanha, estão o auxílio a pessoas idosas a utilizar o aplicativo da Mercadapp e o aconselhamento aos mais de 80 supermercados parceiros no sentido de reconfigurar as lojas
Entre as ações da campanha, estão o auxílio a pessoas idosas a utilizar o aplicativo da Mercadapp e o aconselhamento aos mais de 80 supermercados parceiros no sentido de reconfigurar as lojas (Foto: PRISCILA SMITHS/ESPECIAL PARA O POVO)

 Esse crescimento exponencial ocorreu, segundo ele, tanto na base de consumidores finais que passaram a fazer compras de supermercado online, como também por redes de supermercados que sentiram a urgência de se digitalizar. O que trouxe também novos desafios. O time da Mercadapp, por exemplo, que antes da pandemia, era formada por 16 pessoas, passou a ter 40.

“O desafio maior foi dar vazão a toda intensidade de trabalho que a gente tinha, da possibilidade de colocar novos supermercados no ar, entendendo o momento, a necessidade dos supermercados, e de fazer com que todos os consumidores finais tivessem uma boa experiência de compra”.

"A gente permanece no nosso desafio de manter a taxa de crescimento e atender ainda melhor esse mercado." Gabriel Gurgueira

Com o “exit”, Gabriel explica que, do ponto de vista de operação, não muda praticamente nada em termos de equipe e gestão, que permanecem as mesmas, mas há novas prospecções quanto ao futuro. “A gente permanece no nosso desafio de manter a taxa de crescimento e atender ainda melhor esse mercado. E, junto com a Link, entende essa sinergia do ponto de vista de produto, de mercado, o que naturalmente começa a orientar a nossa operação também para aproveitar melhor as oportunidades”.

 


Be My Guest: soluções e mais comodidade para o segmento de aluguel por temporada

 

A pandemia aumentou em 30% a quantidade de iniciativas de apoio às startups no Ceará
A pandemia aumentou em 30% a quantidade de iniciativas de apoio às startups no Ceará (Foto: BARBARA MOIRA)

Quando foi criada, em 2019, a Be My Guest tinha pela frente um cenário muito promissor: o turismo no Ceará estava em alta; os usuários já estavam familiarizados com aplicativos de aluguel por temporada como AirBnb e Booking; e o dólar em alta estimulava o turismo doméstico. Com a pandemia, e as viagens mais restritas, o mercado muda. Mas, a startup cearense, que tem como foco oferecer soluções para a gestão de imóveis alugados por temporada, vem conseguindo driblar os desafios e continuar crescendo mesmo em meio à crise.

"A gente consegue hoje entregar uma rentabilidade entre 30% a 50% maior do que a do aluguel tradicional e vem conseguindo fidelizar nossa base de hóspedes." Mateus Maia, diretor comercial da Be My Guest

A ideia continua sendo, em essência, a mesma: oferecer comodidade e facilidade para quem tem imóveis de temporada ou para aqueles que estão à procura de um. Ou seja, cuidar desde a publicação do anúncio nas plataformas, fazer captação de clientes, fazer a manutenção do imóvel, preparar o quarto para recepcionar os hóspedes, criando novas experiências de viagens. Mas, as estratégias precisaram ser mais assertivas, explica o diretor comercial da Be My Guest, Mateus Maia.

“A gente consegue hoje entregar uma rentabilidade entre 30% a 50% maior do que a do aluguel tradicional e vem conseguindo fidelizar nossa base de hóspedes”. Com isso, se, em um primeiro momento, a base de imóveis gerenciados foi reduzida a dez em função da pandemia, com o início da flexibilização da economia, ainda em 2020, esse quantitativo subiu para 30. Número que permanece mesmo com o agravamento do cenário pandêmico no Estado na segunda onda de Covid-19. Ao longo do ano passado, a startup conseguiu captar mais de 1200 hóspedes para os seus imóveis cadastrados.

 Uma das historias contadas é a da startup cearense Be my Guest
Uma das historias contadas é a da startup cearense Be my Guest (Foto: BARBARA MOIRA)

“O proprietário que investe em imóveis para locação de temporada, geralmente, essa não é a principal ocupação dele. Então, a gente ajuda a fazer esse gerenciamento, fazer esse contato com o cliente, a manutenção do imóvel, fazer aqueles anúncios permanecerem relevantes nas plataformas. Ou seja, tira dele toda a “dor de cabeça” de cuidar daquele imóvel, para que ele foque apenas em receber uma rentabilidade melhor”

Ele conta que a empresa também passou a fazer curadoria de imóveis para quem pretende investir neste segmento. “A gente ajuda investidores a escolher imóveis com um bom perfil para aluguel por temporada”.

"Acredito que vai nos ajudar muito a ter uma organização mais estruturada, na negociação comercial e, principalmente, a aumentar o nosso nível de conhecimento. Não tenho dúvidas de que vai expandir muito nossa visão de negócios e conexões com mercado." Mateus Maia

Há dois meses, a startup também foi selecionada para ser acelerada pela Casa Azul Ventures, dentre mais de 50 inscritos na seletiva. Para Mateus, esse suporte será essencial para ganhar escala no negócio e alcançar a meta proposta pela própria equipe para este ano, que é de chegar a 100 imóveis na carteira.

“Acredito que vai nos ajudar muito a ter uma organização mais estruturada, na negociação comercial e, principalmente, a aumentar o nosso nível de conhecimento. Não tenho dúvidas de que vai expandir muito nossa visão de negócios e conexões com mercado”.

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