Com o resultado das eleições de 2020 e a confirmação de José Sarto (PDT) como novo prefeito, a cidade de Fortaleza apresenta agora um novo mapeamento do voto por zonas eleitorais. Com o pedetista eleito vencendo em 12 zonas ante as cinco do adversário derrotado nas urnas, Capitão Wagner (Pros) - resultado apertado com apenas 2,4 pontos percentuais de diferença - os postulantes obtiveram desempenhos diferentes em algumas regiões da Capital. Em algumas, ambos conquistaram espaço, porém, sem hegemonia consolidada.
Comparando com as eleições do ano de 2016, quando Wagner competiu o pleito com o atual prefeito Roberto Cláudio (PDT), das cinco zonas eleitorais onde o candidato da oposição saiu vitorioso em 2020, quatro ocorreram onde ele já havia ganho de RC em 2016 (083, 094, 114 e 116). Isso por que a análise comparativa desta reportagem desconsidera o resultado das quatro novas zonas que não existiam no pleito de quatro anos atrás (080, 085, 093, 095). Em, 2017, o Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) alterou de 13 para 17 o número de zonas eleitorais em Fortaleza.
Exatamente nessas regiões, mais a Oeste de Fortaleza, o sucesso dos candidatos do grupo que se mantém no poder há oito anos não tem ocorrido. Em 2012, RC perdeu para Elmano de Freitas (PT) em duas destas zonas (083 e 114), que compreendem os bairros Henrique Jorge, Bela Vista, Demócrito Rocha, Jóquei Clube e Pici, Barra do Ceará, Álvaro Weyne, Jardim Iracema e Presidente Kennedy. Nestas regiões, tanto RC quanto Sarto perderam nas últimas três eleições no 2º turno, seja para Elmano e Capitão Wagner (duas vezes).
Apesar do padrão de bom desempenho de Wagner nas zonas onde saiu vitorioso, é precipitado afirmar que sua hegemonia é algo consolidado. Em 2016, ele conseguiu, nessas zonas eleitorais, vitórias com grande vantagem. Na zona 114, por exemplo, abriu margem confortável para RC de 12 pontos percentuais.
Na eleição do último dia 29 de novembro, por outro lado, a disputa foi mais acirrada, com menos de meio ponto percentual (0,48 p.p) de vantagem para o candidato do Pros. Além disso, na zona 117 (Siqueira e Canindezinho), vencida por Wagner em 2016, Sarto "tomou" os votos do adversário.
Já nas outras 12 zonas conquistadas por Sarto neste pleito, sua hegemonia também não é uma confirmação. Nas sete zonas em que os candidatos do grupo governista foram vencedores nas últimas três eleições (2012, 2016 e 2020), em apenas uma (118), a vantagem de Sarto foi maior que nos pleitos anteriores. Nas zonas 001, 002 e 003, por exemplo, RC ostentou margens robustas para os seus adversários, que chegaram até a casa dos 35 p.p em 2016, nessas zonas localizadas em áreas mais nobres da cidade, em bairros como Aldeota, Meireles, Varjota, Cocó, Centro, Praia de Iracema, além da Messejana.
De 2012 para 2016, RC conseguiu aumentar os valores percentuais nas zonas onde saiu vitorioso em ambos os anos eleitorais (001, 002, 003, 112, 113, 115 e 118). A diferença percentual de votos também registrou crescimento (maior de 25% em 2012 e de 34% em 2016). Já Sarto, mesmo com a vitória, não conseguiu a mesma performance no comparativo há quatro anos atrás.
Além da disputa mais apertada em 2020 entre Sarto e Wagner, o candidato eleito não conseguiu aumentar a diferença onde o grupo governista saiu vitorioso em 2016 e neste ano ( 001, 002, 003, 082, 112, 115 e 118). A única exceção foi a zona 118, onde tanto Sarto quando RC são vitoriosos desde 2012, sempre conseguindo aumentar a diferença e o percentual de votos contra os adversários.
O mesmo ocorre nos territórios onde Wagner ganhou nas duas últimas eleições. Em 2020, nas quatro zonas já mencionadas onde ele saiu vitorioso, a diferença entre Wagner e o candidato do PDT foi menor.
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