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Preço comparado: tomate e carnes têm maiores altas na cesta de proteínas e guarnições
Reportagem Seriada

Preço comparado: tomate e carnes têm maiores altas na cesta de proteínas e guarnições

Sazonalidade explica grande variação de preços em hortifrútis, enquanto influência do mercado externo impacta especialmente cortes bovinos nobres, dizem especialistas
Episódio 15

Preço comparado: tomate e carnes têm maiores altas na cesta de proteínas e guarnições

Sazonalidade explica grande variação de preços em hortifrútis, enquanto influência do mercado externo impacta especialmente cortes bovinos nobres, dizem especialistas
Episódio 15
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Quem gosta de um belo cozido no almoço, com carne bovina temperada com tomate, por exemplo, sentiu pesar no bolso a compra desses produtos em supermercados de Fortaleza, no período que vai de fevereiro de 2024 a fevereiro deste ano.

O tomate foi o item com maior elevação no período entre os itens mais consumidos na hora de almoçar, com alta de 43,27%, passando de R$ 2,41 para R$ 7,99, o quilo. Já o lombo sem osso saltou 27,98%, indo de R$ 21,66 para R$ 28,99, e o coxão mole (ou chã de dentro) subiu 25,89%, passando de R$ 35,70 para R$ 46,99.

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Em contrapartida, a batata inglesa, que também entraria no prato citado acima teve a maior queda na comparação anual, de 62,44%, reduzindo seu valor médio de R$ 10,59 para R$ 4,16. Os dados são do levantamento Preço Comparado, iniciativa do O POVO, que tem parceria com o Departamento Municipal de Proteção e Defesa dos Direitos do Consumidor (Procon Fortaleza).

A pesquisa pública do órgão compara os valores médios de, aproximadamente, 100 produtos em mais de 30 estabelecimentos da Capital.

Em fevereiro, O POVO traz o recorte de itens consumidos mais habitualmente durante o almoço do fortalezense, selecionando 20 produtos de 13 supermercados espalhados pela Cidade, com foco em proteínas e guarnições.

 

Valor da cesta de proteínas e acompanhamentos nos supermercados de Fortaleza

 

Quando a comparação é feita entre a passagem de janeiro para fevereiro deste ano, o grande vilão é o ovo, assim como ocorre em outras regiões do País e do mundo. O produto teve alta mensal de 8,07% nos supermercados da Capital, com o preço médio da bandeja com 20 unidades indo de R$ 12,95 para R$ 13,99.

Logo em seguida, aparecem as altas nos preços médios do quilo do presunto de peru (5,66%) e do molho de tomate tradicional (5,59%), das marcas Perdigão e Fugini, respectivamente, tornando mais cara, por exemplo, a preparação de uma macarronada. A despeito disso, houve uma queda de 1,03% do pacote de 500 gramas do macarrão espaguete sêmola.

Entre os itens que ficaram mais baratos neste mês estão a cenoura e a batata inglesa, com expressivas reduções de 16,45% e 15,79%, nesta ordem. Em seguida, aparece a farinha de mandioca branca (-7,64%) e o azeite (-7,41%).

O quilo do coxão mole (ou chã de dentro) subiu 25,89%, passando de R$ 35,70 para R$ 46,99(Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES O quilo do coxão mole (ou chã de dentro) subiu 25,89%, passando de R$ 35,70 para R$ 46,99

 

 

Preço do ovo está relacionado a demanda e deve seguir em alta

De acordo com o supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Reginaldo Aguiar, o aumento repentino no preço da bandeja de ovo não tem relação com a crise aviária dos Estados Unidos

Isso porque, conforme explica o especialista, a taxa de exportação do produto é muita baixa, em torno de 5%. Nesse sentido, o fenômeno tem ligação mais com a alta demanda, já que, com o aumento da carne, as famílias mais pobres substituem uma proteína pela outra. 

"Com essa elevação do valor da carne, naturalmente o consumo de ovos aumenta. Também coincidiu com aquela onda de calor. As aves mais velhas, em alguns lugares, não aguentaram. E, quando você substitui as aves mais velhas, que põem mais ovos, pelas mais jovens, estas produzem menos. Por causa do aumento da demanda, o produtor não tem condição de atender no curto prazo e o preço sobe."

Na passagem dos meses de janeiro para fevereiro, o produto que mais encareceu foi o ovo(Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal Na passagem dos meses de janeiro para fevereiro, o produto que mais encareceu foi o ovo

Assim, Reginaldo Aguiar ressalta que a tendência é de que essas altas continuem ocorrendo, pelo menos, até a quaresma – período do ano litúrgico que antecede a Páscoa –, pois muitos católicos adotam a prática de não comer carne vermelha.

"Muita gente segue e você tem, naturalmente, em todos os anos, uma elevação da demanda de ovos. Então, isso deve manter o mercado aquecido e a estabilidade no preço do ovo ficará um pouco mais para frente."

Além disso, um ponto destacado pelo economista Alex Araújo é de que produtos naturais são muito mais sensíveis e perecíveis do que os industriais. Ou seja, os estabelecimentos determinam o preço com base nos estoques que possuem.

"Nos produtos industrializados de alimentação, você vê que a variação de preço é bem menor porque é possível regular esse estoque. Então, os produtos naturais vão ter sempre essa característica de oscilação muito brusca de preços variando no tempo e no espaço."

E para se ter uma ideia de anos anteriores, a pesquisa do Procon Fortaleza registrou o valor de R$ 28,29
como o mais alto para a bandeja de ovos branco com 30 unidades em fevereiro de 2023. Neste igual mês, mas em 2022, o preço era R$ 24,99. Neste ano, o Preço comparado registrou R$ 26,15.

 

 

Preço da batata varia mais de 220% entre supermercados de Fortaleza

A partir da análise dos 20 produtos que compõem a pesquisa do Procon Fortaleza recortada pelo O POVO, em todos os supermercados foi identificada uma variação de 221% entre o menor e o maior valor de igual mercadoria, em fevereiro. A maior discrepância foi vista no quilo da batata doce.

No Novo Cordeiro Supermercados (Messejana) é possível encontrar o legume por R$ 2,39, enquanto no GBarbosa, do Edson Queiroz, é preciso desembolsar R$ 7,69. A média do preço na Capital é de R$ 7,29.

Na mesma linha, dois outros produtos registraram uma grande diferença entre os supermercados: a batata inglesa (186%) e a macaxeira (153%).

Batata doce, batata inglesa e macaxeira ficaram entre os produtos que tiveram maiores diferenças entre o menor e o maior preço(Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS Batata doce, batata inglesa e macaxeira ficaram entre os produtos que tiveram maiores diferenças entre o menor e o maior preço

Em contrapartida, o arroz branco obteve a menor variação dentre os preços atuais (21,24%) praticados nos estabelecimentos. A variação é de R$ 6,59 (Supermercado Martri do Jardim Iracema, Araripe Supermercados do Bom Jardim e Novo Cordeiro Supermercados) até R$ 7,99 (Supermercado Perto do Campo - Centro).

O lombo com osso também registrou uma das menores diferenças (25,06%), assim como o ovo branco médio, de 20 unidades, com uma variação de 30,82%.

 

Destaque mais caro e mais barato em fevereiro de 2025

 

 

Supermercados com produtos mais caros e mais baratos

Em relação aos estabelecimentos que contaram com a maior quantidade dos itens mais baratos no recorte do O POVO, há o Mercado Extra, no bairro Fátima, o Super do Povo, do Henrique Jorge, e o Super Lagoa, no Centro. Todos possuem três produtos de menor valor.

Todavia, o Super do Povo também aparece na lista dos empreendimentos com o maior número de itens mais caros, juntamente com o Pão de Açúcar, na Aldeota. Dos 20 produtos, cinco tiveram os maiores valores em ambos os empreendimentos.

 

Variação de preços de proteínas e acompanhamentos entre janeiro e fevereiro de 2025

 

Segundo a presidente-executiva do Procon Fortaleza, Eneylândia Rabelo, é comum que haja disparidade de preços nos supermercados e o mercado tem livre concorrência. Porém, é preciso atentar para alguns detalhes.

"A localização, a infraestrutura e o conforto do espaço podem impactar os valores dos produtos e isso se diferencia em cada supermercado, possibilitando que preços diferentes sejam praticados. O que não pode é um mesmo estabelecimento aproveitar do momento e subir o preço de um item sem justificativa."

Por isso, Eneylândia Rabelo orienta que os clientes estejam sempre atentos a esses mudanças bruscas para, se necessário, notificar o órgão fiscalizador. As denúncias podem ser realizadas por meio da Central de Atendimento ao Consumidor, no telefone 151.

Também recomenda uma comparação minuciosa, a qual pode ser feita pelas próprias pesquisas do Procon, além de que o produto comprado "sempre caiba no seu bolso". (Colaborou Fabiana Melo)

 

 

O peso da inflação sobre o preço dos alimentos | Economia na Real

 

 

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