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Servtec: foco nas parcerias e no setor de energias renováveis
Reportagem Seriada

Servtec: foco nas parcerias e no setor de energias renováveis

| Lauro Fiuza | A disponibilidade para a reinvenção nos negócios, os estudos e as experiências internacionais levaram ele e os filhos a referência no setor de energias renováveis no Estado
Episódio 8

Servtec: foco nas parcerias e no setor de energias renováveis

| Lauro Fiuza | A disponibilidade para a reinvenção nos negócios, os estudos e as experiências internacionais levaram ele e os filhos a referência no setor de energias renováveis no Estado
Episódio 8
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Ainda adolescente, o cearense Lauro Fiuza não sabia ao certo que profissão seguir, mas tinha certeza que seria empresário. Entre a turma de engenheiros que se formou, 18 ao todo, ele foi o único que não foi ser empregado e já saiu dono de empresa e segue até hoje.

Um facilitador para se manter na ativa aos 76 anos e sem planos de aposentadoria é o espírito desbravador, que vem do pai, para fazer algo inusitado sempre. Foi assim que transformou a Servetc, nos seus 52 anos de atuação e sua própria carreira. Chegou a ter 13 empresas.

Dois momentos foram fundamentais para alavancar os negócios, que sempre foram acompanhados, mesmo que distante, pela esposa Beatriz, e pelos filhos Pedro, Lauro, Beatriz, que herdaram do pai a paixão pelo trabalho.

Um deles foi a quase falência, que o fez ser resiliente diante das dificuldades. O outro foi um curso em Harvard aos 46 anos.

Foi na volta dos Estados Unidos que decidiu fechar e dar de presente alguns dos multinegócios que tinha e focar apenas na energia renovável. Bingo! Daí para frente só prosperidade, união em família, que recebeu dos pais, os filhos indo trabalhar com ele espontaneamente e muitas parcerias com grandes empresas de todo o mundo.

Entre as características marcantes que perpetuam pelas gerações dos Fiuza, a seriedade, a honestidade e o amor entre eles. Tudo isso junto foi o que ele diz que possibilitou a credibilidade no mercado que só cresce e coloca a Servtec entre as primeiras do segmento, não em tamanho, mas sempre líder em inovação.

Mesmo com o lado empresarial aguçado, reconhece seu lugar de privilégio na sociedade e ao lado da esposa e dos filhos também dá continuidade aos valores familiares de olhar o próximo e ajudar na transformação dessas vidas.

Além da geração de empregos e riquezas da empresa, mantém há 10 anos o Instituto Beatriz e Laura Fiuza (IBLF) que por meio da música transforma a realidade de crianças e jovens da periferia de Fortaleza e, consequentemente, das suas famílias.

Ao O POVO, o fundador e atual presidente do conselho da Servtec abre seu baú de memórias familiares, relações com a esposa e filhos, opina sobre questões sociais e fala sobre negócios. 

 

 

Conheça os números da empresa

O POVO – Conte sobre as suas memórias de família...
Lauro Fiuza – Eu sou um homem de família. Minha família, pai, mãe e avós sempre foram rodeados de familiares. Meu pai vem de uma família que são 16 ou 15 irmãos e a convivência com eles e os primos sempre foi parte da nossa vida. Herdei essa tradição.

Meu bisavô era pernambucano e foi nomeado juiz de Baturité e se mudou, conheceu minha avó e construiu família.

E o da Beatriz o bisavó dela era cearense, foi um grande industrial chamado José Pinto do Carmo. Os dois ficaram muito amigos quando ambos se mudaram para Fortaleza.

O meu bisavô ficou sendo o advogado de vínculo do bisavô dela. A vida inteira trabalharam juntos os dois e nasceu essa união entre nossas famílias.

Mas eu só vim conhecer a Beatriz quando ela tinha dezoito anos. Eu nunca a tinha visto, mas meus irmãos a conheciam. Recentemente fizemos 51 anos de casamento.

A esposa e a filha, ambas Beatriz, com Lauro Fiuza(Foto: JÚLIO CAESAR)
Foto: JÚLIO CAESAR A esposa e a filha, ambas Beatriz, com Lauro Fiuza

O POVO - O que aprendeu de mais importante com seus pais e replica aos filhos e netos?
Lauro - Meu pai era um homem muito correto, muito sério, muito digno. Não fazia nada errado, de uma educação cristã, de passar cinco anos no seminário de Minas Gerais.

Mas ao vir passar as férias aqui resolveu que a batina não era o caminho dele, mas ele trouxe toda essa bagagem de educação na vida inteira. Sempre ouvi o meu pai tratando todo mundo de igual para igual.

Nunca vi um ato de arrogância e de superioridade, ele sempre foi simples, um bom homem de negócio, comerciante.

Depois se dedicou a administrar a fazenda da família. Na fazenda a gente fabricava a primeira cachaça que foi exportada para os Estados Unidos. Ele conseguiu durante dez anos aprovar a entrada da cachaça brasileira nos Estados Unidos.

O POVO - Esse pioneirismo do senhor vem dele?
Lauro - Eu sempre fui muito atrevido e gosto de fazer coisas que os outros não estão fazendo. Me lembro de dar uma palestra lá na Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo, e me perguntaram: 'Por que que você entrou para fazer esse negócio de eólica?'

É uma razão muito simples. Sempre fui de praia, ficar olhando na praia e o vento batendo e eu fiquei tanto tempo olhando para o vento na praia que ele levou meus cabelos todinho (risos) e todos riram muito.

Sempre procurei inovar, eu comecei, fui pioneiro no Nordeste em fazer engenharia de piscina, botar filtragem, azulejo e projetar as piscinas em nível que as pessoas pudessem ficar em pé.

Tudo isso era novidade à época. Piscina aqui no Nordeste inteiro, em 1968, era um tanque de água, escura, sem filtragem, com três metros de profundidade para pessoa dar tainha. Então foi uma revolução. Quando eu terminei essa empresa eu tinha feito mil piscinas no Nordeste.

O POVO - O que veio depois?
Lauro - Daí apareceu o ar-condicionado. Sim. Aí nós também fomos pioneiros em fazer ar-condicionado central. E fomos crescendo aqui, depois fui para o Piauí, Maranhão, Pernambuco e Rio Grande do Norte.

Fui crescendo e em 15 anos de empresa a gente era número um do País. Desbancamos as grandes que existiam à época e ficamos na primeira posição e fomos durante muito, muito tempo a maior empresa do Brasil nesse setor. Com filiais na Argentina, no Chile, na África, no Brasil todo também.

O POVO - Conte sobre o setor de energia?
Lauro – Tudo que trabalhei antes foi como uma evolução. Não é que a gente mudou de ramo. Foi quando eu voltei de Harvard que eu entendi que o meu negócio não era ar-condicionado. Era trabalhar com energia.

E quando você trabalha com energia você vai subindo na escala e chegamos à geração de energia. Passamos primeiro para cogeração e depois geração. E aí o negócio tomou outra dimensão. Harvard aos meus 46 anos mudou radicalmente o meu pensamento.

Lauro Fiuza teve de aprender a focar em um segmento para crescer(Foto: JÚLIO CAESAR)
Foto: JÚLIO CAESAR Lauro Fiuza teve de aprender a focar em um segmento para crescer

O POVO - O que aprende em Harvard aos 46 anos?
Lauro – Aprendi que para você crescer tem que focar no que você está fazendo. Você tem que ser bom naquilo que está fazendo e quando eu voltei eu vi que tinha 13 negócios diferentes, todos eles sem dar lucro, todos em época de investimento.

Era uma atrapalhada: eu fazia exportação de frutas, tinha loteamento, tentando fazer um hotel lá no Cumbuco com os franceses, uma indústria têxtil, enfim, 13 negócios diferentes que é impossível numa empresa pequena você diversificar tanto.

Eu não era bom em nenhuma. Era bom no setor de ar-condicionado. Tudo que a gente ganhava aqui no negócio espalha nos outros que não davam lucro.

Foi aí que eu decidi deixar tudo, vendi, dei de presente, isso em 1998, quando eu voltei de Havard. Aí concentramos num único negócio que era geração de energia.

O POVO – Foi positivo?
Lauro - Em três anos a empresa multiplicou por dez. Hoje não posso nem te dizer quantas vezes multiplicou, porque nos transformamos em numa referência nesse setor.

Não somos o maior, tem gente muito maior do que a gente, inclusive de um outro cearense, a Casa dos Ventos, que tem um crescimento extraordinário, fora da curva, mas somos considerados um líder e referência em fazer as coisas certinhas.

Criamos muito respeito na comunidade do investimento do País. E a única atuando em todas as esferas de energias renováveis. Temos algumas dezenas de sócios em tudo que a gente faz. Não fazemos nada sozinho, eu nunca consegui fazer nada sozinho.

Acho que a sociedade é a forma ideal de a gente desenvolver um negócio e crescer. Porque consórcio tem os seus defeitos e tem qualidades. Todos nós temos defeitos e qualidade. A boa coisa é você encontrar sócio que complemente isso que falta na gente.

O POVO - Qual foi o seu momento mais relevante na carreira?
Lauro - Olha eu sempre trabalhei muito. E nos momentos mais difíceis eu tive uma mulher do meu lado que foi o que sustentou os meus momentos de dificuldades extremas. Eu me lembro muito bem quando cheguei a passar seis meses sem dormir.

Eu dormia dez minutos e acordava. Isso na década de 1992 e 1993. Naquela época eu quase fali, mas eu descobri amigos que eu não sabia que tinham me ajudado nas devidas proporções e atos. A Beatriz olhou para mim e disse: 'Eu nunca vi você fazer nada errado, então resista, vamos à luta que vai dar certo.'

Isso num momento difícil é muito importante. Sempre tive uma mulher do meu lado acreditando no que eu fazia e me apoiando. E ela teve uma vida difícil comigo, porque nesse crescimento espalhando pelo Brasil inteiro eu saía de Fortaleza segunda-feira e voltava sexta.

E ela educando os filhos aqui e eu atrás de fazer negócio no Brasil inteiro. Durante muitos anos. Meu outro sócio, meu cunhado (Luciano Montenegro), ficava aqui e eu com a pastinha vendendo fora do Ceará. E ela nunca reclamou.

Quando eles perguntavam, ela respondia: 'Seu pai está trabalhando para nós'. Isso me deu muita força e herdaram que trabalhar era uma coisa importante.

E Pedro ao voltar já também incorporou-se à empresa e acabou se mudando para São Paulo, mas mantém as raízes e as amizades aqui.

E, hoje, ele é nacionalmente conhecido e muito respeitado em São Paulo por estar comandando negócios que eu nunca imaginei que a gente tivesse envolvido, com valores astronômicos, e ele tem uma confiabilidade muito grande no setor financeiro e no setor de energia.

O POVO – Os filhos o seguiram?
Lauro - Quem mais copiou isso foi o Laurinho, que mora no Canadá e trabalha no Brasil. Ele leva 14 horas de voo e vem todo mês, passa quinze dias aqui, quinze dias lá. E comanda as coisas como se tivesse no Brasil.

Vou te contar uma coisa muito importante, na última fusão que a gente fez com o grupo financeiro Perfin, que comprou o controle de uma grande distribuidora de energia, fizemos um bolo grande na entrada da Vibra, sucessora da BR Distribuidora, que tinha como presidente o Wilson Ferreira, que hoje é presidente da Eletrobras de novo...

Nas negociações, ele perguntou 'Está tudo muito bem, mas quem é que vai tocar o dia a dia? Quem é que vai implantar isso?'

Nosso sócio disse: 'É a Sevitec'. E ele: 'Então está bom, vamos para frente'. Isso vale para mim mais do que qualquer dinheiro. Ele não demorou três segundos para dizer: 'Tudo bem, me sinto confortável. A sociedade está feita'. E meus filhos estão me suplantando muitas vezes e isso me deixa muito feliz.

Lauro Fiuza e os filhos(Foto: Arquivo pessoal)
Foto: Arquivo pessoal Lauro Fiuza e os filhos

O POVO - E qual momento mais desafiador?
Lauro – Foram os tempos de dificuldades que levaram uns três anos para me recuperar. Estava fazendo uma obra muito grande para o setor público, era o metrô de São Paulo, nunca me pagaram. Eu me endividei.

Tem uma conta até hoje na Justiça que não vão pagar nunca. Esse período me ensinou muito a ter resistência, resiliência e saber que com trabalho duro você vence qualquer dificuldade.

Conheci amigos que eu não sabia que tinha, me ajudaram a tomar uma decisão, nunca mais trabalhar para o setor público. A virada foi trabalhar para o setor privado.

Você ganha menos, é mais duro, não tem folga, mas você recebe. Você tem com quem falar. Jamais o nosso grupo trabalha para o setor público daqui para frente.

 

 

Conheça o legado familiar: descendentes

Filhos: Lauro, Pedro e Beatriz

O POVO – Como se sente tendo o Laurinho e o Pedro que vieram, por livre espontânea vontade, trabalhar com o senhor?
Lauro - Me sinto muito gratificado. Mostra que eles aprenderam que o pai trabalha. Que ficou marcante para eles que o sucesso vem com muito trabalho, nada é de graça. É um trabalho duro e persistente.

E que você deve realmente fazer aquilo que te dá prazer. Tenho muita pena da pessoa que tem um emprego ou um cargo, porque paga mais e detesta fazer aquilo que ele está fazendo.

Eu prefiro ganhar menos, mas fazer o que me dá prazer. E o meu prazer é desenvolver ideias para transformar em negócios, gere riqueza, gere emprego, pague seus impostos. O nosso grupo paga um imposto muito alto. Isso me deixa feliz pois eu estou contribuindo para o País.

O POVO - Quais características suas que enxerga nos três filhos?
Lauro - Eles herdaram de mim o amor por trabalhar, não pensam duas vezes em não fazer aquilo que tem que ser feito. São trabalhadores árduos, competentes, inteligentes e estão preparados.

Também herdaram de mim serem corretos e sérios e nunca mentiram. Dizer na lata aquilo que não pode fazer, desistir de coisas impossíveis, mas ser inovador.

Todos eles estão fazendo coisas inovadoras, mas com trabalho duro. E são pais fantásticos e maridos muito dedicados, sabem que a família é a base de tudo. Família e amigos.

O POVO - E a Bia que o senhor também falou que tem muito orgulho do caminho que ela seguiu...
Lauro – Muito, muito. Ela está sendo brilhante no que está fazendo. Tenho recebido elogios de pessoas que dizem: 'Aquela tua filha é maravilhosa, como ela é competente, fala muito bem, tem posições muito firmes, sabe o que quer e entende como deve ser o mundo'. Isso me dá um orgulho muito grande.

O POVO - Quando percebeu que poderia ajudar o próximo e fundar o Instituto Beatriz e Lauro Fiuza?
Lauro - O instituto, eu e Beatriz criamos juntos há dez anos. Todos os filhos participam, apoiam e aceitam os recursos que a gente tira da família para ir para lá. E tenho orgulho disso.

Acho que eles têm herdado esse espírito do pai e da mãe deles. A coisa que mais me incomoda é a miséria que ainda existe no Nordeste. Só vou ficar feliz quando eu olhar para o Nordeste e não ver a miséria. Essa discrepância é ultrajante.

O POVO - O que sente quando visita a entidade ou sabe da vida próspera que alguns jovens passaram a ter em virtude de terem frequentado o IBLF?
Lauro - Um dia desses, no aniversário da minha mãe, a gente pegou um dos garotos que toca violino muito bem e ele até já saiu do instituto e é profissional, mas está lá sempre. E numa horinha que ele estava tocando, quando parou, ele sentou do meu lado e disse:

'Doutor Lauro, eu queria lhe agradecer, o senhor não sabe como o instituto transformou a minha vida. Eu era descrente, não sabia o que ia ser na vida e, ao encontrar o instituto, aprender a tocar violino, aquilo me empoderou de uma maneira que o senhor nem imagina. Hoje eu já sou um profissional, trabalho dando concertos, toco em casamentos, em festas. Já sustento a minha família'.

Ele disse o valor, que para ele era uma fortuna, e minha lágrima desce.

Lauro Fiuza visita o Instituto Beatriz e Lauro Fiuza (IBLF) para conferir as aulas musicais das crianças e adolescentes em situação de vuneralidade(Foto: Aurélio Alves)
Foto: Aurélio Alves Lauro Fiuza visita o Instituto Beatriz e Lauro Fiuza (IBLF) para conferir as aulas musicais das crianças e adolescentes em situação de vuneralidade

O POVO - Como analisa esse legado social deixado pelo senhor para a sociedade cearense?
Lauro - Acho muito importante que todos nós sejamos envolvidos em ajudar o próximo. Isso é uma coisa que vem da Beatriz, já é minha e dos meus filhos também. É que nós nascemos vendo a miséria de perto.

Então não é justo que a gente tenha tido melhores oportunidades, nascemos em famílias que nos deram espaço de educação, de critérios e procedimentos vivendo com gente na miséria.

E isso é uma coisa que brotou muito forte, a nossa herança de pais, Beatriz e minha, de que nós temos a responsabilidade social. Nós temos que devolver à sociedade parte daquilo que nós ganhamos. Então esse é o espírito que desabrochou até criar o Instituto Beatriz Lauro Fiuza.

O POVO - Voltando para a empresa... Quais os principais momentos da Servtec? A chave para o crescimento foi ser uma das pioneiras do setor no Estado?
Lauro - Foi muito gratificante a gente despertar para explorar energia eólica, participar daquele grupo inicial, em 2003 e 2004, e a participação no Proinfa "Programa de Incentivo a Fontes Alternativas" em 2008. Não era leilão de preço era um leilão de interesse e ele tinha um limitador de duzentos megawatts por Estado. Mas os outros não tinham projeto, então o Ceará ficou com cerca de um pouco mais de 60%.

E ganhamos esses consórcios e fizermos parcerias que já estamos há muitos anos, incluindo o BTG. Isso nos alavancou nesse setor e abriu as portas para a gente fazer aquela transição de uma empresa instaladora de ar-condicionado para ser um investidor nos próprios empreendimentos.

Depois tivemos a sorte de ganhar também o direito de construir uma usina termoelétrica em Manaus. E em seguida ganhamos também o direito de construir uma usina em Maranhão. Que funcionam até hoje, as duas. Já estão produzindo. E isso aí alavancou a nossa vida.

Hoje nós temos sociedades e vamos construir um dos maiores parques solares do Brasil, em Minas Gerais. A primeira operação entrará em março. A capacidade é de 670 megawatts.

Temos ainda uma outra parceria para parques de pequenos portes, em 14 estados, de geração de energia solar de 5 a 20 megawatts. E estamos com outra parceria para offshore "em alto mar" no Ceará, Espírito santo e Rio Grande do Sul.

O POVO - Como estão os projetos para 2023?
Lauro - Leilões de térmicas a gás no Maranhão e criar rede de distribuição de gás que vai trazer gás para o uso da economia no Maranhão. Na área de energia solar, neste ano, e em mais dois na área de R$ 6 bilhões, e no distribuído ( geração distribuída de energia "Geração elétrica realizada junto ou próxima do consumidor, independente da potência, tecnologia e fonte de energia" ), de pequeno porte, já está na ordem de R$ 1 bilhão.

Na questão de offshore estamos aguardando a regulamentação do governo do projeto de lei. Mas serão investimentos de grande porte que participaremos dos resultados.

O POVO - Apesar de o senhor estar em plena atividade na empresa, já pensou em plano de sucessão? Como trabalha o tema já que os seus filhos não estão diretamente nos negócios?
Lauro - Aposentadoria é uma palavra que não tem no vocabulário. Eu até digo brincando com quem me pergunta se está na hora de me aposentar ou se eu já decidi que dia eu vou me aposentar: "Será três meses depois que eu morrer."

Até lá eu vou trabalhar, vou estar ajudando meus filhos. Hoje eu estou no conselho executivo, o dia a dia, os dois é que fazem, a empresa está dividida em dois núcleos importantes, Pedro e Laurinho comandam todas as atividades executivamente, graças a Deus.

Eu e Beatriz estamos muito orgulhosos, porque eles foram bem-criados, eles são muito são muito melhores do que eu e mais inteligentes.

POVO - O que a Servtec já deixou, e está deixando, de legado para o setor de energia renovável do Estado?
Lauro - O legado mais importante da empresa eu tenho muito orgulho do que eu fiz, mas tenho mais orgulho do que os meus filhos estão tocando daqui para frente.

O Brasil tem uma reserva de potência de gerar energia renovável muito grande e agora, com a consciência do mundo de que o hidrogênio verde vai substituir o combustível fóssil.... Ahhh.... A potencialidade do Brasil é enorme e vai transformar uma região como a nossa do Ceará num polo de riqueza, não tenho a menor dúvida disso.

Se vai demorar cinco anos, dez anos ou 15 isso não interessa, mas vai ser. Dubai, quem conhece sabe, que aquilo era duna de areia e hoje lá é o lugar mais desenvolvido do mundo.

Graças a uma riqueza que eles descobriram que é o petróleo. Nós temos também uma riqueza, temos vento forte. As melhores águas do mundo, o melhor fator de capacidade que é a transformação desse potencial do vento em geração de energia.

Então, com o hidrogênio verde nós podemos ser exportadores de energia, como Dubai é exportador de petróleo. Eu estou muito otimista com isso. Esse é um belo legado que a gente deixa para as futuras gerações.

 

 

Linha do tempo

 

 

Bastidores

 

Entrevista

A proximidade profissional com a filha de Lauro Fiuza, Bia, fez com que os primeiros contatos fossem feitos com ela para a entrevista.

Como os dois filhos estão morando fora do Ceará, marcamos um café da manhã na residência dele, acompanhado pela esposa Beatriz e a filha Bia, que desmarcou agenda para participar desse momento.

Valeu a pena, pois, durante a filmagem, o pai relatou um episódio recente que tem encontrado amigos que são só elogios para a filha o que o encheu de orgulho e transmitiu para ela esse sentimento.

 

Instituto

O cuidado com o próximo dentro da família é pautado desde gerações anteriores e para dar continuidade nesse legado da família Lauro e Beatriz decidiram criar, em 2012, o Instituto Beatriz e Lauro Fiuza (IBLF) que assiste crianças da periferia de Fortaleza ensinando música.

 

 

Projeto Legados

Essa entrevista exclusiva com o fundador do Grupo da Servtec para O POVO dá sequência ao projeto Legados: A tradição familiar como pilar dos negócios.

São dez entrevistas nesta primeira temporada com grandes empresários para contar a base que sustenta seus princípios, valores e tradições familiares que estão sendo passados para as novas gerações. E, ainda, o legado empresarial para o Ceará.

No próximo episódio, conheça a história do grupo de calçados Meia Sola. Tane Albuquerque e seus filhos concedem entrevista ao O POVO.

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Expediente

  • Direção de Jornalismo Ana Naddaf e Erick Guimarães
  • Coordenação e edição Beatriz Cavalcante e Irna Cavalcante
  • Edição de design e identidade visual Cristiane Frota
  • Edição e coordenação do Núcleo de Imagem Chico Marinho
  • Edição de fotografia Júlio Caesar
  • Edição OP+ Beatriz Cavalcante e Regina Ribeiro
  • Texto Carol Kossling
  • Fotografia Aurelio Alves e Jílio Caesar
  • Recursos visuais Beatriz Cavalcante
  • Produção Geral Carol Kossling
  • Audiovisual Arthur Gadelha (direção audiovisual e roteiro); Aurélio Alves e Júlio Caesar (direção de fotografia) Luana Sampaio (direção audiovisual), Carol Kossling (produção e reportagem); Samya Nara (produção); Raphael Góes e Abdiel Anselmo (edição).
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