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Investimentos em data center no Pecém superam os R$ 300 bilhões
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Jornalista, repórter especial do O POVO, tem mais de dez anos de experiência em jornalismo econômico

Investimentos em data center no Pecém superam os R$ 300 bilhões

Número de interessados em instalar um centro de processamento de dados na ZPE aumentou e área ganha competitividade frente à Praia do Futuro
Tipo Opinião
André Magalhães, diretor executivo comercial do Complexo do Pecém (Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES André Magalhães, diretor executivo comercial do Complexo do Pecém

O número de interessados em investir em data center na Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará aumentou e os investimentos superam os R$ 300 bilhões, segundo revelou com exclusividade a esta coluna André Magalhães, diretor executivo do Complexo do Pecém.

Eram cinco investidores internacionais com tratativas com o Estado até duas semanas atrás, como a coluna mostrou também em primeira mão. Agora, são sete. Mais dois megaprojetos miram o Ceará como ambiente adequado para a instalação de centros de processamentos de dados. Os nomes das empresas, no entanto, continuam sob sigilo até o fim das negociações.

"Data center está vindo com toda a força, vindo muito rápido. A demanda está alta e o desafio agora é energia e espaço. Cada megawatt que você investe, são US$ 10 milhões. O cliente do data center, um Google ou Netflix da vida, faz cinco a sete vezes mais. Por isso vemos esses números grandiosos", afirma.

Na linha de frente dos trabalhos para atrair os empreendimentos, André diz considerar os data centers mais maduros, com modelos de operação e instalação já consolidados no mundo e com demanda já conhecida, o que facilita a conversa com os investidores.

Principalmente pelas condições que o Pecém apresenta: os 17 cabos submarinos de fibra óptica próximos que asseguram baixa latência (tempo de troca de informação entre os data centers e os aparelhos pessoais dos consumidores), energia renovável e área apta a receber um equipamento do tipo - tanto quando o quesito é segurança quanto por infraestrutura industrial.

As características tornam a ZPE mais competitiva do que a Praia do Futuro, em Fortaleza. Hoje, o bairro da Capital concentra os 12 data centers em operação no Estado - o 4º maior mercado do Brasil - devido à proximidade com os cabos submarinos.

Mas o posicionamento da ZPE é agressivo e ganhou ainda mais força após a publicação da Redata, que estabelece a política nacional de data centers. Ao mesmo tempo que proporciona desoneração fiscal para a instalação do empreendimento, a lei exige uso de energia 100% sustentável e a conversão de 2% do volume de recursos investidos em pesquisa e inovação no Brasil, além de assegurar 10% da capacidade de armazenamento disponível para uso no País.

"E a gente não para, porque ao mesmo tempo que vem os data centers, vem outros projetos e também negócios do Porto", conta André sobre o ritmo acelerado da captação de investidores do Complexo.

Rochas

Falando em Pecém, o Porto fará o embarque de 25 mil toneladas de granito em menos de um mês. O cálculo é da Tecer Terminais, que começou a receber navios desde o dia 25 de setembro e segue assim até 20 de outubro. Ao todo, as rochas ornamentais serão carregadas em três embarcações: M/V Canelo Arrow, Zhong Yuan Hai Yun Kai Tuo e Linden Arrow.

A movimentação deve representar mais um recorde ao Ceará, que, até agosto de 2025, projetava-se como o 3º maior exportador brasileiro do setor, com participação de 4,2% nas vendas externas, segundo indica Carlos Alberto Nunes, diretor comercial da Tecer, à esta coluna.

"A Tecer Terminais se consolidou como indutora do desenvolvimento do setor de rochas ornamentais, viabilizando operações que permitiram a expansão das mineradoras no Ceará e impulsionando toda a cadeia produtiva", destaca.

64

por cento da energia usada na indústria brasileira é de fonte renovável, segundo pesquisa do Ministério de Minas e Energia. O consumo de energia elétrica pelo setor avançou em 9,3 Terawatts-horas de energia ( 4,1%). Apesar dos números, o governo federal ainda não destravou os gargalos que forçam parques de geração renovável a interromperem a produção de energia elétrica.

Prioridades

Pesquisa internacional conduzida pela consultoria Korn Ferry aponta 5 prioridades dos trabalhadores na escolha do futuro emprego: salário e remuneração, estabilidade, o trabalho em si, benefícios e horário flexível. E ainda há quem ache que não está na hora de discutir o fim da escala 6x1.

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