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Futevôlei: pé na areia, bola no ar e minha marra à prova
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Redatora de Capa e Farol do O POVO. Quadrinista e jornalista entusiasta de temas relacionados à saúde e bem-estar. Uma ex-sedentária em busca de se manter em movimento

Futevôlei: pé na areia, bola no ar e minha marra à prova

Mobilidade, agilidade, equilíbrio, coordenação e resistência são algumas das valências do esporte que, ainda por cima, é muito divertido
Tipo Crônica
Resistência, equilíbrio e coordenação estão entre os benefícios da prática (Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal Resistência, equilíbrio e coordenação estão entre os benefícios da prática

Baixinho, marrento e craque do futevôlei. Podia ser eu, não fosse pelo terceiro item, mas é o Romário, minha única referência na modalidade. Com as cenas do peixe, hoje senador, jogando nas areias do Rio em mente, e munida apenas de uma longínqua experiência com futebol (no gol, ainda por cima), decidi me aventurar na quadra de areia.

O convite era antigo. Malu Mendes, uma designer companheira de redação, há meses me chamava para bater essa bolinha. Fui adiando, porque bola, afora a de vôlei mesmo, nunca foi muito minha praia. Mas me rendi ao futevôlei na última semana e — já adianto — saí procurando uma quadra nas redondezas de casa e querendo ter 48 horas no meu dia para conciliar mais uma aula.

Para o meu batismo nas areias, fui até a Sapiranga, no Futevôlei Centro de Treinamento Boa Forma, e fui apresentada à prática pelo profissional de Educação Física e professor de futevôlei Cassiano Júnior. A intensidade do esporte na areia não permite que a gente chegue frio na quadra. Então, o professor comanda um aquecimento pré-treino e, nessa hora, eu agradeci meus bons meses de Crossfit, que não me deixaram sucumbir sem fôlego, porque o negócio é puxado.

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Depois, é pé na areia e não tem muita enrolação. A bola, minha quase completa desconhecida, já entra em ação e, para minha total surpresa, eu sou razoavelmente boa cabeceando. A base dos pés em L, o movimento do corpo guiado pelo pé de trás, as mãos em pose de vôlei, o queixo alto e voilá. Eu quase acreditei que a marra e a pouca estatura com as quais eu sou contemplada eram pré-requisitos básicos para o futevôlei.

FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 26-09-2025: Coluna de Esportes da Domitila Andrade sobre Futevôlei. (Foto: Samuel Setubal/ O Povo)
FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 26-09-2025: Coluna de Esportes da Domitila Andrade sobre Futevôlei. (Foto: Samuel Setubal/ O Povo) Crédito: Samuel Setubal

Mas a minha sorte de principiante não resistiu ao próximo fundamento. Na chapa do pé, meu amigo, eu sou fraca. Mesmo destra, o pé direito é uma negação. Melhor seria ter dois pés esquerdos, que a vergonha seria menor.

Já no passe de ombro, a malemolência do brega funk foi minha inimiga: o impulso do ombro é dado pela base, ou seja, pelas pernas, mas a dançarina que habita em mim não conseguiu se desfazer do gingado. A bola até ia, mas ia com molejo e sem altura. Já o saque, com o montinho de areia feito impreterivelmente com os pés (nunca com as mãos, é blasfêmia), com o chute na lateral do pé, e pegando embaixo na bola, eu precisei de umas cinco tentativas, mas saiu.

Meu condicionamento físico não me abandonou, mas a hora dessa brincadeirinha na areia marcou mais de 500 kcal e atingiu 165 bpm no relógio. Cassiano, que, apesar do nome, é torcedor do Alvinegro de Porangabuçu, me explicou que o trabalho na areia ajuda com emagrecimento, mas também com mobilidade, agilidade, equilíbrio, coordenação e resistência.

FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 26-09-2025: Coluna de Esportes da Domitila Andrade sobre Futevôlei. (Foto: Samuel Setubal/ O Povo)
FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 26-09-2025: Coluna de Esportes da Domitila Andrade sobre Futevôlei. (Foto: Samuel Setubal/ O Povo) Crédito: Samuel Setubal

Foi a perspectiva de perder uns quilinhos que atraiu a Malu, minha anfitriã, mas em sete meses de prática, quatro vezes por semana, duas horas por dia, ela conquistou mais do que isso. “Me deu resistência pra fazer outras coisas fora da areia. Já conto como cardio, que era uma coisa que eu não tinha motivação nenhuma pra fazer na academia. Mas acho que, principalmente, me ensinou a ser disciplinada e organizou minha rotina. Começou com o objetivo de emagrecer, e eu gostei tanto que hoje eu quero continuar treinando e pensando em competir”, comenta a futura atleta.

O esporte, inclusive, deve ser reconhecido oficialmente como modalidade esportiva no Brasil (PL 423/2023), pela Comissão de Esporte (CEsp) do Senado, em reunião nesta quarta-feira, 1º. E o projeto, não à toa, é de autoria do senador Romário (PL-RJ).

Apesar do meu desempenho — com muita boa vontade — na média, Malu me incentivou, dizendo que era bem parecida comigo quando iniciou. Talvez tenha sido gentileza dela, mas, se nem as pernas roxas das boladas me desanimaram, é capaz de o futevôlei entrar para o hall das minhas mil e uma atividades.



Foto do Domitila Andrade

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