
Redatora de Capa e Farol do O POVO. Quadrinista e jornalista entusiasta de temas relacionados à saúde e bem-estar. Uma ex-sedentária em busca de se manter em movimento
Redatora de Capa e Farol do O POVO. Quadrinista e jornalista entusiasta de temas relacionados à saúde e bem-estar. Uma ex-sedentária em busca de se manter em movimento
“Regra número um para sobreviver aqui: cardio”. A frase é de Zumbilândia (2009) e é a primeira explicação de como Columbus, o Jesse Eisenberg antes de criar o Facebook, sobrevive a um apocalipse zumbi. Correr é, no filme, uma habilidade de sobrevivência. Mas, mesmo sem que haja mortos-vivos em busca de comer seu cérebro, estar com o cardio em dia vai te fazer viver mais. Dito isso, eu era do time que pulava o cardio. Mantinha uma rotina estabelecida de crossfit e musculação, mas aquele cardiozinho pós-treino recomendado na ficha era ignorado mais vezes do que eu queria admitir.
Entrei nas férias com a ideia de desafiar meu corpo a se acostumar (ou pelo menos começar) a ter mais um estímulo. Mas para isso eu precisava achar um cardio que gostasse. Atividade física carece de disciplina, mas não precisa ser obrigação.
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Então, por 30 dias, eu resolvi testar possibilidades e entender o que se encaixaria mais na minha rotina e, portanto, seria mais fácil de manter, e o que seria mais divertido. Sim, esse foi um critério. Eu não sou atleta, não pretendo ser. Performance passa longe de qualquer meta que eu estabeleci quando iniciei nessa vida em movimento. O cardio precisava, então, me deixar feliz.
E foi assim que eu, como uma sommelier de esportes, pulei corda, lutei boxe e hapkido, nadei na piscina e no mar, fiz hot yoga, treinamento funcional com um monte de esteira, subi escadas, dancei, fiz elíptico, quilômetros sem fim de bicicleta ergométrica, e corri — no meu ritmo, mas corri. Ao longo dos 30 dias, aprendi algumas coisas — sobre atividade física e sobre mim.
A primeira coisa foi que atividades em grupo são mais estimulantes. Ter um horário estabelecido, a orientação de um profissional e a relação com pessoas que estão ali com objetivos parecidos com o seu tornam a horinha de cardio mais rápida. Ainda assim, vão ter dias que você só quer colocar fones de ouvido, ficar no seu mundo e correr ou pedalar. Esse foi o segundo ensinamento: aprenda a ouvir o que seu corpo e sua mente querem e precisam e dê isso a eles, se for possível. Inclusive, quando eles pedem descanso.
Quem também era do meu time de visitar o cardio como quem visita um parente chato — aqueles 20 minutinhos protocolares — era a professora Érica Moura, 37. Com objetivos parecidos com os meus, ela testou várias modalidades. “Durante o desafio, as aulas de dança foram algumas das mais divertidas. Me senti super viva e conectada comigo mesma. É uma forma leve e prazerosa de se mexer. Também teve a natação, que foi uma prática que eu amava na adolescência. Revisitar isso foi muito especial, me trouxe lembranças boas e uma sensação de ‘voltar pra casa’. Foi um resgate emocional e físico ao mesmo tempo”, conta.
Ela, assim como eu, relata uma melhora no condicionamento físico e na disposição. Isso porque, como explica o profissional de Educação Física Thiago Pires dos Santos Araújo, o Thiago Pressão, as atividades cardiocirculatórias têm relevância comprovada nas recuperações fisiológicas. “A atividade aeróbica auxilia no desenvolvimento ventricular e isso melhora a saúde do coração como um todo, prevenindo problemas sistêmicos, como pressão arterial, problemas cardíacos, diabetes, uma série de doenças e síndromes metabólicas”, enumera Thiago, que é presidente da Federação Cearense de Funcional Fitness.
Thiago pondera, no entanto, que a minha estratégia de variar entre as atividades pode servir, no curto prazo, para descobrir a que você quer aderir, mas não deve ser levada adiante por um longo período. A variabilidade pode dificultar na construção do hábito e, além disso, colher os benefícios de uma prática requer tempo e repetição. “Escolher uma atividade fixa e realizar a prática fixa dessa atividade de forma continuada, a médio e longo prazo, obviamente a colheita vai ser muito mais funcional para o organismo, não somente de saúde, como de bem-estar e performance”, aponta.
Por isso, embarque na aventura em busca de um cardio para chamar de seu, encontre e persista. Tenho corrido. E, se dermos sorte e o apocalipse zumbi não nos abater, pelo menos isso me fez enxergar determinação em mim. E um coração forte.
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