Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
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O primeiro escalão com o qual Evandro Leitão (PT) iniciará sua gestão em 1º de janeiro próximo está basicamente anunciado. Falta pouco para termos 100% das vagas definidas e todos os nomes conhecidos. O que dá para dizer do quadro, em termos de perspectiva para o grupo que assume o comando da cidade em ambiente bastante desafiador, é que como ponto de partida parece bem interessante. Em alguns casos pode-se dizer, até, que um pouco mais do que isso.
A vitória de Leitão se deu num contexto difícil, em que precisou disputar apoios entre líderes políticos, com e sem mandato, até quase o dia da eleição. Um percurso que, claro, deixou compromissos ao longo dele e que poderia determinar, na formação da equipe, um excesso de "política" no perfil do secretariado. Nesse sentido, como impressão inicial, é possível dizer que há um certo equilíbrio e fundamentos técnicos apareceram como predominantes em vários dos nomes anunciados.
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Um aspecto a apontar é que a pressão que se percebe haver parece administrável. Inexistem, no plano público, cobranças exacerbadas ou constrangedoras, o fluxo da transição é atrapalhado (quando é) apenas por aspectos externos, mais ligados às descobertas assustadoras sobre o cenário financeiro que será encontrado na chegada, em janeiro.
De onde comanda o processo, ao lado apenas de seus mais próximos, o prefeito eleito faz as conversas e toma suas decisões, depois anunciadas pelas redes sociais. Tudo numa aparente calmaria.
O núcleo com o qual Evandro Leitão dividirá confidências no dia-a-dia no Paço Municipal, formado pelo chefe de gabinete, Eudes Bringel, e pelo secretário de Governo, Júnior Castro, não apresenta qualquer surpresa e expressa, na equipe, aqueles que têm sua confiança pessoal mais clara.
São aliados de sempre dele, até de antes de sua entrada na cena pública, como é o caso do vereador do PSD, com quem guarda a maior proximidade. Os dois caminham juntos em quase todos os passos que deram até hoje na política, o que torna natural a escolha feita para o cargo que, na estrutura, mais exige confiança mútua na relação entre prefeito e quem o assessora.
No caso de Júnior Castro, segundo a coluna apurou, deu-se até uma certa "disputa" com o governador Elmano de Freitas que também colocara o nome do atual prefeito de Chorozinho na lista de possibilidades para a reforma do secretariado em curso e, se diz, cogitava seu nome para uma função que o levaria a despachar desde o Palácio da Abolição.
Acontece que a relação entre os dois vem de muito tempo e, por exemplo, o prefeito eleito teve o apoio do seu futuro assessor nas duas últimas candidaturas como deputado estadual. Leitão chegou antes no convite e se entendeu como delicado desfazer o movimento, criando-lhe, potencialmente, um primeiro problema.
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Há, ainda, o caso da vice eleita Gabriella Aguiar (PSD), "anunciada" como secretária desde sempre, ainda quando a prefeitura era apenas um objetivo buscado. A primeira opção colocada na mesa foi a pasta da Saúde, em alinhamento com o perfil profissional dela, que é médica, mas se chegou à conclusão de que sua condição de mãe recente, com uma criança de poucos meses de nascida por dar atenção, poderia ser uma dificuldade para garantir a dedicação intensa que a tarefa exigirá desde o primeiro dia.
Aliás, como tem ficado patenteado no acúmulo de problemas que a área enfrenta durante a fase de transição, que a própria Gabriella tem coordenado pelo lado do time de Leitão. A decisão, tomada e por ser anunciada, é de colocá-la na pasta dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social, que, claro, receberá um reforço estratégico.
Pode-se dizer, como síntese, que o secretariado com o qual Evandro Leitão pretende começar o desafio de comandar uma cidade com o tamanho e os problemas de Fortaleza é resultado de um processo no qual lhe foi oferecida a tranquilidade necessária para fazer as escolhas que considera adequadas, conciliando relações pessoais, interesses políticos e afinidades profissionais.
É evidente que seria impossível cravar que isso garante uma gestão capaz de atender à expectativa da população, mas, no que as aparências permitem projetar, indica um primeiro passo animador (para os gestores). Vale apenas lembrar, como advertência, que a caminhada é longa.
O cenário da transição em Sobral, que começou complicado e teve até gente da equipe do eleito Oscar Rodrigues pedindo afastamento etc, parece ter entrado na normalidade. Por outro lado, a reta final da gestão do prefeito Ivo Gomes (PDT) demonstra-se bem animada, com inaugurações e uma agenda intensa de eventos com a participação empolgada dele, derrotado nas urnas através de sua candidata Izolda Cela (PSB) na vitória do oposicionista do União Brasil.
Aliás, gente próxima a ele garante que o quadro de saúde é o melhor possível, o que indica planos do futuro na política e o seu nome já circula em algumas especulações para 2026.
Âncora da rádio O POVO CBN Cariri, Luciano Cesário arrancou do prefeito reeleito de Juazeiro do Norte, Glêdson Bezerra (Podemos), uma interessante declaração sobre seu futuro: "sim, sonho em um dia governar o Ceará", disse ele.
A histórica vitória de outubro, quando quebrou uma tradição de o eleitor local nunca reeleger um gestor, parece ter entusiasmado o prefeito, que, no entanto, precisa, antes, cuidar bem do novo mandato que começa em 1º de janeiro. Seu projeto estadual exigiria uma experiência exitosa e exemplar local para vingar mais adiante. Talvez 2026 seja muito cedo para isso, inclusive.
O prego já está batido e ninguém do entorno do prefeito eleito Evandro Leitão trabalha com outra ideia: a extinção da taxa do lixo em Fortaleza estará no primeiro pacote de medidas que chegará à Câmara de Vereadores depois da posse da nova gestão.
Fonte com acesso livre ao petista garante à coluna que a decisão está 100% tomada, apesar dos sustos diários, quase horários, com as novas descobertas de problemas financeiros que a gestão Sarto deixará para o sucessor. "Sabíamos que não era o mundo que se pintava", diz a fonte, "mas está se mostrando muito pior do que éramos capazes de imaginar"
A coluna apurou que Camilo Santana chegou a consultar o presidente Lula, previamente, quanto à possibilidade de o governador Elmano de Freitas indicar sua mulher, Onélia Santana, para a vaga que estava aberta no Tribunal de Contas do Estado (TCE).
O "ok" de Lula, para quem não havia problema pelo fato de Camilo não estar sentado hoje na cadeira de governador, teve peso importante, quase decisivo, na decisão de levar a ideia adiante, mesmo sabendo-se que haveria uma polêmica a administrar posteriormente.
Vai dar muito trabalho, se é que acontecerá, a reaproximação do governador Elmano de Freitas (PT) com os ambientalistas cearenses. O porta-voz mais eloquente da insatisfação com tudo que aconteceu nos últimos dias na Assembleia, com a insistência governista em votar a toque de caixa matéria que altera lei estadual e libera o que está popularizado como "chuva de veneno" nos céus do Ceará, é o deputado estadual Renato Roseno (Psol).
Completamente ignorado pelo ex-colega de parlamento e de luta política - inclusive no tema - em seus comoventes apelos por mais discussão da proposta, ele critica quem opta por "rasgar a biografia por trinta moeda de prata" e diz que segue "no mesmo lado". Uma perda sensível que Elmano precisa contabilizar, desde agora, nos seus cálculos eleitorais para 2026.
Nada abala o prestígio do presidente da Argentina, Javier Milei, que segue em alta junto ao tal mercado financeiro e merecedor de total confiança. Apesar do cenário econômico que segue muito ruim mais de um ano depois de sua posse e das promessas de que levaria o País ao paraíso. Pior, nos últimos dias, é que o cenário político também anda balançado devido ao rompimento aberto e radical entre Milei e sua vice, Vitória Villaruel, ligada às Forças Armadas e acusada por ele de tramar sua queda para ficar com o comando do governo. Dá para imaginar o caos que estaria aqui no Brasil, especialmente na economia, numa situação semelhante?
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