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A vacina russa, o jogo político e a imprensa
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Juliana Matos Brito é formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Trabalha no O POVO há 20 anos. Atuou como repórter e editora do núcleo Cotidiano, que reunia as áreas de Ceará, Fortaleza, Ciência & Saúde e Esportes. Também foi editora de Audiência e Convergência do Grupo de Comunicação O POVO e editora-executiva do Digital e da editoria de Cidades. Tem especialização em Jornalismo Científico e é mestranda em Ciências da Informação, ambos pela UFC.

A vacina russa, o jogo político e a imprensa

A cobertura sobre a negativa da Anvisa sobre a vacina russa foi bem feita por ter se apoiado nas informações científicas
Produção da vacina Gam-COVID-Vac da Rússia contra a doença coronavírus (Covid-19) - registrada sob o nome comercial Sputnik V (Foto: Olga MALTSEVA / AFP)
Foto: Olga MALTSEVA / AFP Produção da vacina Gam-COVID-Vac da Rússia contra a doença coronavírus (Covid-19) - registrada sob o nome comercial Sputnik V

Um dos assuntos que marcaram a semana foi a decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de não aprovar o uso da vacina russa Sputnik V. A equipe de Política do O POVO acompanhou bem o desenrolar dessa história. "Desde que os primeiros imunizantes se mostraram viáveis contra a Covid-19, a corrida de governos em todo o mundo pelas vacinas fez com que o assunto estivesse nas páginas de Política ou de Mundo. No Brasil, a postura negacionista do Governo Federal e de embate com os governadores fez com que o tema ganhasse ainda mais peso político", explica o editor-chefe de Política, João Marcelo Sena.

Com a negativa da Anvisa, houve uma desconfiança em relação ao interesse político da instituição, já que os governadores que começaram o movimento de compra da vacina são do Consórcio Nordeste, grupo crítico ao Governo Federal. Mas, é importante lembrar que a Anvisa possui um corpo técnico qualificado e realiza as avaliações a partir de critérios científicos.

Na matéria feita após a negativa e publicada no impresso na terça-feira, o repórter Carlos Holanda explicou a questão e, para fugir do jogo político, entrevistou um pesquisador da USP, que explicou o motivo de considerar a decisão da Anvisa acertada. Esse contraponto foi crucial para levar ao leitor uma posição neutra sobre o assunto.

Editorial > Resposta à Anvisa tem de ser técnica

"Existe uma nítida batalha de narrativas entre a Anvisa e os representantes da Sputnik V. Se os argumentos são certos ou não, vamos seguir acompanhando, mostrando os lados envolvidos. Assim como serão ouvidos aqueles que são donos de um capital científico independente e capazes de deixar o debate mais rico", detalha o editor. Dessa forma, podemos entender o fato a partir de uma opinião mais isenta. Em tempos de Fla-Flu político, acertamos em trazer serenidade à cobertura.

O jornalismo e o BBB

O Jornalismo de cultura e entretenimento está muito presente do dia a dia dos jornais e portais de notícias, principalmente ao discutir aspectos gerais da arte e quando divulga agenda de eventos, resenhas de livros, programação de cinema. Mas quando se fala em programas mais populares, muita gente torce o nariz. E, quando tratamos de BBB? Amor e ódio!

Nessa edição, que termina na próxima terça-feira, dia 4, o programa saiu das telas de TV e Celular para entrar nas discussões acadêmicas, familiares e profissionais. Diversos assuntos foram abordados a partir da conduta das pessoas confinadas na Casa. As atitudes trouxeram reflexões sobre xenofobia, racismo, sexualidade, saúde mental...

Além de acompanhar o que acontece no programa, como o portal O POVO faz com as notícias sobre o dia a dia da casa e as enquetes para o público votar em relação aos paredões, O POVO trouxe nesses meses discussões ampliadas sobre o programa e sobre o que acontecia na casa, seja no caderno Vida & Arte, seja nas reportagens especiais do O POVO , área exclusiva para assinantes.

"Antes mesmo de começar o BBB 21, preparamos uma reportagem 'BBB: a casa que tudo espelha' justamente para abordar os muitos lados desse reality show que revela muito do modelo de fruição de entretenimento do público brasileiro", destaca o editor-chefe de Cultura, Renato Abê. E com as ações dentro da casa, mais material foi produzido sobre os temas que se sobressaiam.

"O cancelamento da participação da Karol em shows, eventos e programas da TV também geraram pauta sobre os reflexos de atitudes do BBB para as carreiras dos artistas. Acompanhamos também como as músicas dos cantores que participaram do programa repercutiram aqui fora, o que evidencia que o impacto do consumo vai muito além da TV", detalha o editor. Um passeio pelas redes sociais demonstrava sobre o alcance do programa e sobre a importância das discussões desencadeadas a partir dos episódios.

"Uma atração tão ampla como o BBB acaba sendo importante por conseguir reunir muitos temas num produto cultural único. O programa mostrou que engaja do ponto de vista do entretenimento, mas fala também de padrões de consumo (o "fenômeno Juliette" é prova disso) e ainda de feridas sociais (como o racismo sofrido pelo participante João Luiz)", resume Abê sobre a importância do programa nas análises e na produção feita pela equipe do portal e do impresso.

A editora-adjunta de Mídias Sociais, Glenna Cherice, também destaca as ações da equipe nas redes sociais. "Montamos uma live semanal no Instagram. Abordamos assuntos como: xenofobia, cancelamento, bissexualidade, assédio e racismo. O resultado desse trabalho foi destaque de interação em comparação a veículos nacionais", detalha.

Estar atento aos movimentos sociais e ao que ocorre no mundo é papel da imprensa. E olhar para o que acontece e como reverbera um programa de TV é obrigação dos veículos de comunicação. Principalmente quando temas tão importantes quanto racismo, homofobia e opressão são discutidos. E isso vai além da audiência, que todos sabemos que é imensa quando se trata de realities shows.

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