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Tensão no lado externo se refletiu no plenário da Assembleia Legislativa
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Tensão no lado externo se refletiu no plenário da Assembleia Legislativa

Exacerbação de ânimos ocorreu de manifestantes para deputados, mas também entre os próprios parlamentares
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GALERIAS do plenário ficaram cheias e marcadas por manifestações aos discursos dos parlamentares (Foto: MAURI MELO)
Foto: MAURI MELO GALERIAS do plenário ficaram cheias e marcadas por manifestações aos discursos dos parlamentares

O desejo por uma sessão livre de tensionamentos por parte da base governista na Assembleia Legislativa (AL-CE) não se concretizou. Policiais militares e bombeiros foram à Casa parlamentar e, tanto no plenário, a partir das galerias destinadas ao público, como na parte externa, com concentração principalmente na avenida Desembargador Moreira, fizeram barulho reivindicando reabertura das negociações para preparação de outra tabela salarial, considera mais justa e corrigida pela inflação.

O dia inteiro de mobilização teve desfecho somente ao fim da tarde. Demandas dos agentes foram acolhidas pelo Executivo após horas de negociação do Governo e deputados com representantes da categoria no Palácio da Abolição.

Antes disso, no curso da rotina legislativa, os pronunciamentos de deputados alinhados ao Abolição foram acompanhados de vaias. O exacerbamento se deu principalmente no caso do deputado Osmar Baquit (PDT). O pedetista foi à tribuna para elencar ações do governador Camilo Santana (PT) na área, a exemplo da lei de promoções. Também advogou o pacote apresentado no último dia 31, enfatizando os R$ 440 milhões de impacto previsto na proposta inicial do Governo para a Segurança Pública. O gesto não surtiu efeito.

Manifestantes direcionaram gritos e palavras ofensivas contra todo o discurso do deputado. Baquit, o 1º secretário da Casa, Evandro Leitão (PDT) e Dra. Silvana (PL), por exemplo, tentaram acalmar os humores, àquele momento irredutíveis. Principal condutor das atividades na Casa, o presidente José Sarto (PDT) também se somou na tentativa pacificar o clima.

A escalada do estresse fez com que a discussão não se restringisse somente à relação entre agentes de segurança e políticos. Opositor da administração estadual, Delegado Cavalcante (PSL) se solidarizou com todos os policiais sob aplausos.

Ele mencionou possibilidade de greve pela categoria, ao que Tin Gomes (PDT) interpretou como um incentivo indevido. Enquanto Gomes se dirigia a Cavalcante da tribuna em tom crítico, Cavalcante deixava o plenário. "Não estou incentivando, não. Eu vou me pronunciar de novo. O deputado Tin Gomes ficou com raiva porque não posso dar aparte", disse.

Em setores da base governista, conforme O POVO mostrou na edição da última quinta-feira, 6, há a tese de que uma das motivações que impulsionaram a reação é política-eleitoral. Elmano Freitas (PT), por sinal, mencionou Capitão Wagner (Pros), pré-candidato a prefeito de Fortaleza.

"A informação que está no jornal de que (segundo Wagner) o governador estaria querendo criar um clima de tensão. Ninguém pega R$ 440 milhões para investir na folha dos seus servidores para criar clima de tensão", disse o petista. "Aí sim ele parece que está alfinetando numa lógica que parece busca de capitalização política", cogitou, ponderando ser cedo para qualquer afirmação.

Cavalcante chegou a apresentar requerimento para instauração de comissão de deputados que mediasse o diálogo entre o Governo e a categoria, mas disse que por ora o projeto fica em "stand-by". Em vez disso, reunião na AL-CE está marcada para a próxima segunda-feira, 10, com deputados, representantes de associações e secretários do Governo, como Élcio Batista (Casa Civil) e André Costa (Segurança Pública).

>> Érico Firmo - Quem teve vitória em um dia tenso

>> Jocélio Leal - Como lidar com a polícia

>> Eliomar de Lima – Bastidores

 

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