O governador Elmano de Freitas (PT) reforçou as críticas à decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de não ressarcir os produtores de energia renovável que tiveram os parques eólicos paralisados pela falta de infraestrutura de transmissão e amargam prejuízos milionários.
Na abertura do Proenergia 2024 ontem, 11, no Centro de Eventos, ele ainda apontou a necessidade de mais investimentos em linhas de transmissão de energia.
"Hoje, discutimos as decisões tomadas na Aneel que dificultam a vida dos investidores de energia renovável no país, especialmente no Nordeste. Podem contar com a posição desse governador, favorável aos empresários do setor para que a Aneel perceba o prejuízo que está a causar num setor fundamental para a economia nordestina", afirmou.
Após o apagão de energia de 15 de agosto de 2023, a medida tem interferido no funcionamento dos parques eólicos. Cálculos da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) projetam um prejuízo de R$ 700 milhões entre agosto do ano passado até o fim de 2024.
Elmano destacou o Ceará como polo estratégico do setor de energia no Brasil e citou os 100 parques eólicos instalados, que somam uma capacidade de 2.578 (megawatt) MW, enquanto outros 72 projetos, com capacidade total de 2.876 MW, estão em construção ou aguardando o início das obras.
O Estado ainda conta com 51 parques fotovoltaicos, com uma capacidade instalada de 1.252 MW. Além de 450 projetos já contratados, totalizando 17.290 MW em capacidade.
"Estamos na vanguarda da produção de energia renovável e nos últimos anos alcançamos marcas extraordinárias", afirmou, acrescentando que é um "momento decisivo da transição energética."
Na perspectiva futura, ainda apontou para as eólicas offshore, que encontram no Ceará o segundo maior agregador de projetos do Brasil, com 25 parques inscritos no Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama). Para este segmento, o governador pediu celeridade na aprovação do marco legal no Congresso.
Já sobre o hidrogênio verde, o governador do Ceará comemorou a aprovação do marco legal no Congresso e reforçou o interesse de confirmar os investimentos projetados para o Complexo do Pecém. Além disso, relembrou os R$ 675 milhões que serão investidos no Porto do Pecém para dotar o terminal de capacidade de movimentação do H2V.
O governador ainda representou o ministro Camilo Santana (Educação), que foi homenageado no Proenergia 2024 com o troféu Jurandir Picanço. Responsável pela formação do hub de hidrogênio verde durante sua gestão à frente do governo cearense, Camilo articulou o setor produtivo e a academia em prol do projeto.
Foi nos últimos anos de governo dele que o Ceará assinou as duas primeiras dezenas de memorandos de entendimento e conseguiu atrair grandes investidores internacionais para o projeto de geração de H2V no Complexo do Pecém.
"Minha sincera gratidão à diretoria do Sindienergia pela honra dessa instituição e reafirmo meu compromisso com a continuidade do desenvolvimento sustentável e inovador do setor energético", disse o ministro em carta lida por Elmano após receber a homenagem das mãos do presidente do Sindienergia, Luís Carlos Queiroz.
Datas
As reuniões técnicas e ministeriais do G20 voltadas à Educação serão realizadas entre 29 e 31 de outubro e encerram o calendário cearense no G20
Reino Unido quer acordo de cooperação técnica em energia com o Ceará
A próxima agenda do G20 no Ceará deve selar um acordo de cooperação técnica entre o Reino Unido e o Ceará em energias renováveis.
As conversas sobre os detalhes estão em curso com o Consulado, segundo revelou a secretária estadual Roseane Medeiros (Assuntos Internacionais).
O papel do Ceará na transição energética do Brasil, dado o pioneirismo em energias renováveis e o protagonismo atual em hidrogênio verde, chamou a atenção dos ingleses, segundo ela.
Roseane atesta que a transição energética é “a área que o Ceará tem vantagem”, mas fala da necessidade de envolver outros temas na cooperação. “Óbvio que será preciso trabalhar na área de educação e eles têm interesse em digitalização”, acrescenta.
As reuniões técnicas e ministeriais do G20 voltadas à Educação serão realizadas entre 29 e 31 de outubro e encerram o calendário cearense no G20.
A secretária de Assuntos Internacionais contou ainda que o governo cearense se prepara para sediar um evento “de interesse do governo federal” no qual o objetivo é aumentar as conexões logísticas entre o Brasil e os países do Caribe.
Estudos feitos pelo Ministério dos Portos, de acordo com ela, atestam essa baixa movimentação entre os terminais brasileiros e aquela região do Mundo.
Roseane acrescenta ainda que o interesse é de tornar o Pecém o principal ponto de escoamento de cargas brasileiras para esta região.
“Outro evento que reúne os temas de transição energética e turismo também deve acontecer em novembro”, disse a secretária sem adiantar detalhes.
Obras do ITA no Ceará terão ordem de serviço no próximo dia 16, diz Elmano
As obras do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), no terreno da Base Aérea de Fortaleza, no bairro Aeroporto, no Ceará, terão ordem de serviço assinada na próxima segunda-feira, 16 de setembro.
A informação é do governador do Estado, Elmano de Freitas (PT), que participa do Proenergia Summit 2024, que ocorre nesta quarta-feira, 11, e vai até quinta-feira, 12 de setembro, no Centro de Eventos do Ceará.
"Com muita alegria, que dia 16 agora nós damos a ordem de serviço para começar as obras, para começar o nosso ITA do Estado do Ceará aqui em Fortaleza", anunciou ele no evento.
Sobre o equipamento, vale lembrar que foi aberta em 8 de maio a licitação para a escolha da empresa que será responsável pelo projeto de construção da 1ª etapa do instituto no Ceará.
Para a primeira etapa do campus em Fortaleza do ITA, a Superintendência de Obras Públicas do Ceará (SOP-CE) emitiu parecer técnico conclusivo positivo em relação aos documentos de habilitação relativos à qualificação técnica e econômico-financeira do licitante arrematante consórcio Cetro/Porto/Morais.
Este é constituído pelas empresas Construtora Cetro Ltda, Construtora Porto Ltda, empresa líder do consórcio, e construtora Morais Vasconcelos Ltda.
A fase compreende um bloco de alojamento com 3.130,38 metros quadrados (m²) e bloco de Engenharia com 15.468,21 m², com área total construída de 18.568,59 m².
A licitação foi aberta pelo Governo do Estado e o projeto deve ocorrer por meio de parceria com o Governo Federal.
Estava estimado para ser gasto na obra cerca de R$ 89,5 milhões que serão repassados pela União.
Porém, o valor de contrato, conseguido por meio da licitação, registrado no parecer da SOP enviado para a Central de Licitações da Procuradoria Geral do Estado (PGR), ficou em R$ 70,9 milhões, ou seja, uma economia de R$ 18,65 milhões.
Os recursos vão ser gastos na elaboração de projetos básicos e executivos, e na construção de um bloco de alojamentos e um bloco com dois módulos de salas de aula.
A obra será acompanhada SOP na elaboração dos projetos e a supervisão das etapas construtivas, seguindo as diretrizes previstas no planejamento da Diretoria de Infraestrutura da Aeronáutica (Dirinfra), vinculado à Força Aérea Brasileira (FAB).
A nova sede do ITA será implantada de forma gradativa no prazo de dez anos e a previsão para o início das turmas e a inauguração dos primeiros cursos em 2027.
O campus deve ofertar primeiramente cursos de Engenharia das Energias Renováveis e Engenharia de Sistemas, com 50 vagas em cada turma e, posteriormente, cursos de pós-graduação.
A nova unidade foi anunciada oficialmente em outubro de 2023 durante visita do governador, do ministro da defesa, José Múcio, do ministro da educação, Camilo Santana, e da senadora Augusta Brito (PT-CE) à sede do instituto na cidade de São José dos Campos em São Paulo.
Três cursos já foram anunciados para o ITA em Fortaleza: Engenharia e Energias Renováveis e Engenharia de Sistema.
A Fiocruz negocia com o instituto uma parceria para a implantação do curso de Bioengenharia.
Além disso, o ITA receberá um Instituto de Ciência e Tecnologia (ICT) em seu campus.
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A implantação do ICT possibilitará o desenvolvimento de atividades inovadoras e a capacitação de profissionais com foco no mercado de energias renováveis e no âmbito econômico sustentável, integrando o ITA em atividades industriais no Estado. (Com Gabriela Monteiro e Wilnan Custódio)
Enel termina estudo de linha verde Fortaleza-Jeri para carro elétrico neste ano
A distribuidora de energia do Estado, Enel Ceará, tem previsão para concluir o primeiro esboço do estudo de uma linha verde para carros elétricos entre Fortaleza e Jijoca de Jericoacoara (a 282,91 km de Fortaleza) até o fim deste ano.
A informação é do presidente da distribuidora de energia do Estado, José Nunes de Almeida Neto, que participa do Proenergia Summit 2024, que ocorre nesta quarta-feira, 11, e vai até quinta-feira, 12 de setembro, no Centro de Eventos do Ceará.
Segundo ele, a estimativa é que sejam necessários pelo menos dez postos de recarga no trajeto entre as cidades cearenses.
"Estamos vendo como podemos ter parcerias para viabilizar esse corredor verde. E é uma tendência, sem dúvida nenhuma. Ontem estive conversando com investidores do Preá (praia localizada no município de Cruz, a 248,01 km da Capital), onde há em determinado local a limitação de circulação para veículos elétricos. Então sabemos que é uma tendência irreversível. Estaremos sem dúvida para viabilizar esse corredor verde", diz.
Outro assunto que Nunes acredita que deva entrar em discussão, mas somente após as eleições, não somente em Fortaleza, mas em todo o País, é a mobilidade elétrica do transporte coletivo.
"O tema deve retornar com força. isso traz grandes vantagens em termos de ruídos dos grandes centros urbanos, emissão de carbono", complementa.
O primeiro projeto de rodovia com eletropostos estrategicamente instalados para o abastecimento de veículos eletrificados é previsto para a rodovia estadual CE-085 ao longo dos quase 300 quilômetros entre os municípios.
A informação foi revelada com exclusividade pelo O POVO em 29 de julho de 2024 pelo engenheiro Vicente Ferreira, vice-presidente no exercício da presidência do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado do Ceará (Sindipostos-CE) e vice-presidente da Câmara Setorial de Energia da Federação do Comércio de Bens Serviços e Turismo (Fecomércio-CE).
"Nós fizemos um estudo prévio, elaboramos um pré-projeto e já levamos para um parceiro privado, mas, se não der certo, temos planos B e C", afirmou, acrescentando que a iniciativa acontece independentemente das políticas públicas de estímulo ao setor.
Ele diz que há interlocução com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, mas o apoio pedido é institucional.
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O trajeto até Jericoacoara foi escolhido pelo apelo turístico da cidade, que atrai viajantes que estão em Fortaleza, e pela infraestrutura já disposta na rodovia CE-085, duplicada em boa parte há cerca de uma década.
O acionamento da Enel foi justamente para assegurar que a rede elétrica suporte a instalação de eletropostos com capacidade superior a 40 quilowatts, os quais permitem cargas rápidas nos veículos.
O parceiro privado mencionado pelo presidente em exercício do Sindipostos-CE é uma empresa geradora de energia.
Outras, especializadas em instalação de eletropontos, também devem ser envolvidas.
Sobre o investimento, apenas com os equipamentos projetados, o aporte gira em torno de R$ 3 milhões, inicialmente.
A Linha Verde demonstra atenção dos proprietários de postos de combustíveis a uma frota que só cresce. Entre 2022 e 2023, a expansão da frota eletrificada (veículos 100% elétricos e híbridos) saltou 91%, de 909 unidades para 1.941.
Emplacamentos que devem ser superados em 2024, uma vez que os números do primeiro semestre computados pela Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) indicam que 2.842 carros eletrificados foram vendidos no Estado.
É a terceira maior quantidade no ano entre os nordestinos, atrás de Bahia (2.292) e Pernambuco (2.117).
"O fator infraestrutura é preponderante para que você elimine, na minha opinião, a única barreira que existe pro carro elétrico a crescer exponencialmente", indica Carlos Augusto Serra Roma, diretor do Grupo de Infraestrutura e integrante do conselho da ABVE.
A iniciativa cearense coloca o Estado na lista de unidades da federação que contam com infraestrutura para abastecimento de veículos elétricos ao longo de rodovias.
No Nordeste, há uma entre Salvador e Rio Grande do Norte, enquanto que, no Sudeste, rodovias entre São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais foram as primeiras a serem criadas no País.
Com um número de 30 e 40 postos previamente listados para compor a Linha Verde do Ceará, a quantidade de eletropostos deve saltar dos atuais 234, à medida que mais postos forem aderindo.
Apesar de contar com a terceira maior frota da Região, o Ceará é o que mais possui pontos de abastecimento para esse tipo de automóvel no Nordeste.
A Linha Verde surge como a primeira tomada de decisão do Sindipostos rumo a este novo nicho de mercado dos carros elétricos, e deve ser o pontapé inicial para a criação de uma legislação local com regras para o tipo de serviço.
"Os postos têm tudo a ver com o carro e nós vamos ter uma convivência energética. O carro a combustão não vai acabar. Vai ter uma convivência de múltiplos combustíveis", projetou Vicente Ferreira.
O diretor da ABVE concorda com o empresário cearense. Em São Paulo, o executivo participou do primeiro grupo de trabalho para a formação de uma legislação estadual com regras para os eletropostos e disse que, além das áreas de prédios e shoppings, os postos devem continuar sendo o espaço adequado para o abastecimento.
Ferreira acredita ainda que a legislação em vias de consulta pública por lá deve ser espelhada pelo Ceará - onde ainda não há iniciativa do tipo, segundo o Sindipostos - e demais estados, em um movimento de padronização das regras em todo o País.
Banco do Nordeste tem teto de R$ 500 milhões por empresa para hidrogênio verde
O teto do Banco do Nordeste (BNB) por empresa para financiar projetos de hidrogênio verde (H2V) é de R$ 500 milhões.
Eliane Brasil, superintendente estadual do BNB, garante que não existe tícket maior de crédito.
"O FNE não vai dar conta de financiar isso", diz ela se referindo ao Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), principal funding da instituição, que é demandado por diversas áreas para captação de recursos, sendo a energia renovável somente uma delas.
No Ceará, o projeto mais avançado de H2V é o da australiana Fortescue, cujo crédito é trabalhado pelo banco.
"A gente vai trabalhar com o nosso orçamento", complementa Eliane, que participa do Proenergia Summit 2024, que ocorre nesta quarta-feira, 11, e vai até quinta-feira, 12 de setembro, no Centro de Eventos do Ceará.
Especificamente para energias renováveis, o BNB tem o FNE Verde. Para conseguir mais recursos, o banco tem ido atrás de parcerias, como a que fez com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que ela considera ter juros melhores.
O mercado de capitais é uma opção, por exemplo, para complementar essas fontes de recursos, conforme O POVO adiantou.
Para energia, Eliane diz que foram financiados pelo BNB R$ 2,5 bilhões no ano passado para toda a cadeia de energia, considerando todos os portes e segmentos, no Ceará.
Neste ano, até o fechamento de agosto, o valor para o mercado energético já chegou a R$ 1,8 bilhão no Estado, e a superintendente estadual estima superar.
Afora este setor, ela destaca saneamento básico, que já foram R$ 750 milhões neste ano e devem vir mais R$ 300 milhões.
Outros mercados envolvem o agronegócio como leite, fruticultura, grãos, algodão. Além do potencial da Serra da Ibiapaba, que fica entre o estado do Ceará e do Piauí, e as chapadas do Apodi e do Araripe.
"São 100 mil hectares agriculturáveis disponíveis na chapada do Araripe e 140 mil na do Apodi. Tem muita terra para se fazer bons projetos", prospecta.
Para entender o projeto mais avançado no Ceará em termos de hidrogênio verde é o da australiana Fortescue.
A expectativa, por exemplo, é que até o fim deste ano as obras de terraplanagem da planta de H2V comecem no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp).
A planta da Fortescue deve ser desenvolvida no Setor 2 da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará, em duas etapas:
O projeto tem potencial para produzir 837 toneladas de hidrogênio verde por dia a partir do consumo de 2.100 MW de energia renovável.
De acordo com o Estudo de Impacto Ambiental, o projeto deve gerar cerca de 5 mil empregos na fase de construção.
Os planos da Fortescue para o Ceará representam o maior investimento já feito por uma empresa no Complexo do Pecém.
São previstos US$ 5 bilhões para a produção de 837 toneladas por dia de hidrogênio verde, com base no consumo de 2,1 GW de eletricidade de fontes renováveis.
No total, serão 15 milhões de toneladas de hidrogênio verde por ano. (Com Armando de Oliveira Lima)