O Ceará atingiu a marca de US$ 1,68 bilhão em exportações entre janeiro e agosto de 2021 e ampliou em 32% o montante dos oito primeiros meses de 2020. É a primeira vez que o Estado chega a essa cifra na série histórica da balança comercial, segundo atestou o Centro Internacional de Negócios (CIN) a partir de dados do Ministério da Economia.
A marca representa a superação dos números pré-pandemia - em igual período de 2019, as exportações somaram US$ 1,53 bilhão - e sinaliza um reaquecimento da economia local, especialmente da indústria, segundo avalia Lais Bertozo, assessora especial do CIN.
Placas de aço e pás eólicas continuam sendo os principais itens de exportação, segundo atesta o Ceará em Comex, estudo desenvolvido pelo órgão da Federação das Indústrias do Estado do Ceará. Após uma redução dos volumes observada em 2020, a Companhia Siderúrgica do Pecém voltou a exportar a produção e conseguiu expandir os envios em 55%.
Já as pás eólicas alcançaram um crescimento de 24,3%. Ambos os produtos de indústrias instaladas no Ceará atestam ainda outra característica da balança comercial local: as fortes relações com os Estados Unidos.
"64,2% de tudo que o Ceará exportou foi só para os Estados Unidos. Isso é, ao mesmo tempo, bom e ruim. Os dois principais produtos, que foi aço e equipamentos para eólica, representam mais de 80% do que vai para os Estados Unidos. Essa concentração não é interessante, é importante ter uma exportação diversificada, mas a gente entende que uma coisa compensa a outra", analisa Lais.
No fim das contas, o Estado aumentou em 127,7% as exportações destinadas para os Estados Unidos, somando US$ 1,081 bilhão em 2021, nos oito primeiros meses de 2021. "Em segundo lugar no ranking dos principais países de destino das exportações cearenses, o México apresentou um aumento de 83,1% e comprou o equivalente a US$ 101,5 milhões em produtos", diz o relatório do estudo, que cita também a Argentina (US$ 49 milhões exportados e alta de 76,7%).
Apesar de uma parcela significativa das relações comerciais internacionais estarem focadas nos Estados Unidos, ela observa que "agosto surpreendeu" e houve um crescimento também na quantidade de itens negociados com compradores de fora do Brasil. Ao todo, de janeiro a agosto, foram 1.308 produtos exportados, o que representa uma ampliação de 17% na pauta de exportação do Ceará.
Sobre os demais produtos, a assessora especial do CIN destaca o comportamento do setor de calçados em 2021 que, após "sofreram muito no ano passado, agora, estão retomando e isso tem sido excelente para Sobral e para o Estado". A expansão sobre os oito primeiros meses de 2020 chegou a 22,1% - a terceira maior do comparativo.
Outro destaque são as lagostas congeladas, cujo montante enviado ao exterior cresceu 67,7% no período investigado pelo Ceará em Comex.
"Mas o segundo semestre é mais focado nas frutas. A gente ainda percebe um aumento nas exportações de fios e tecidos de algodão, que antigamente a gente era muito forte. Mas frutas são fortes", destaca.
As frutas frescas, cujo início do primeiro embarque da temporada 2021 foi noticiada com exclusividade pelo O POVO, já figuram na quarta colocação das exportações cearenses em 2021 quando o recorte da pesquisa são os setores. E, segundo indicam representantes do setor, a tendência é de que o volume possa crescer ainda mais neste ano a partir de novos contratos.
Já quando o recorte são as cidades cearenses de maior participação nas exportações, o Ceará em Comex informa que 60 municípios realizaram operações de exportação entre janeiro e agosto de 2021 e atesta o domínio de São Gonçalo do Amarante, que "corresponderam a 55% do total vendido pelo Ceará e registraram o montante de US$ 987,7 milhões em 2021".
"O resultado positivo se deu, principalmente, em consequência do aumento das vendas de produtos à base de ferro e aço, considerando que o município engloba o polo siderúrgico do Estado, sendo responsável pelos principais produtos da pauta exportadora cearense", explica o relatório.
Fortaleza cresceu 177,4%, somando em exportações o valor de US$ 224,8 milhões. "Os principais produtos exportados pela capital foram combustíveis, cocos e seus produtos, castanhas de caju, minérios de ferro e cera de carnaúba", diz o texto.
Na sequência das cidades de maior peso na balança comercial vêm Caucaia (US$ 134 milhões e 21,9% de crescimento no período), Maracanaú (US$ 73,9 milhões e 28,8%) e Sobral (US$ 70,3 milhões e 16,8%).