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Hemoce promove encontro entre doadores e receptores de medula óssea
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Hemoce promove encontro entre doadores e receptores de medula óssea

Edição especial do "Dia da Gratidão" celebra os 25 anos da Portaria que estabelece as diretrizes para o cadastramento de doadores voluntários
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LUIZ Carlos recebeu doação do voluntário Jefferson Andrade em 2023 (Foto: DANIEL GALBER/ESPECIAL PARA O POVO)
Foto: DANIEL GALBER/ESPECIAL PARA O POVO LUIZ Carlos recebeu doação do voluntário Jefferson Andrade em 2023

Irmãos de sangue. É assim que o engenheiro de segurança do trabalho, Luiz Carlos de Araújo, 54, e o representante comercial, Jefferson Andrade de Freitas, 44, se apresentam ao mundo.

Os dois se conheceram graças ao Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome) e, nesta segunda-feira, 22, estiveram presentes no Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce), em Fortaleza, para celebrar o “Dia da Gratidão”.

Nesta 4ª edição, a iniciativa promovida pelo Hemoce celebra também os 25 anos da Portaria nº 1.315, de 30 de novembro de 2000, que estabeleceu as diretrizes para o cadastramento de doadores voluntários de medula óssea nos hemocentros brasileiros para o Redome. O encontro integra a programação da Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea, comemorada entre os dias 14 e 21 de dezembro.

No Ceará, Freitas é um dos 245 mil doadores voluntários cadastrados ao longo desses 25 anos. O registro foi feito de forma despretensiosa, há cerca de 20 anos, durante sua primeira doação de sangue. “Fiz o cadastro, passaram seus anos, eu nem me lembrava mais. Mas, eu sempre tive vontade de ser um doador”, confessa.

“Em 2023, eu recebo uma ligação dizendo que tinha um receptor compatível com a minha medula. Foi uma alegria”, recorda emocionado. A emoção é compartilhada por Araújo, que recorda sorridente a série de coincidências que os fez cruzar os caminhos.

Em 2022, o engenheiro foi diagnosticado com Leucemia. O resultado do exame veio após uma consulta de rotina, quando Araújo procurou ajuda médica por conta de um cansaço excessivo. A baixa contagem de plaquetas exigiu uma internação rápida, que transcorreu em 41 dias de internação.

Devido a uma alteração genética chamada Cromossomo Filadélfia, a quimioterapia sozinha não seria capaz de curá-lo, tornando o transplante de medula óssea a única solução definitiva.

Os primeiros possíveis doadores testados foram os familiares. Irmãos: incompatíveis. Filhos: compatibilidade de 50%. Iniciou-se, então, a busca por doadores no Redome. Foi quando um vizinho de bairro, ali mesmo do Mondubim, que despretensiosamente havia se cadastrado como doador voluntário, foi descoberto como 100% compatível. Ele mesmo, Freitas. 

O transplante de Luiz Carlos foi realizado no dia 12 de maio de 2023, em um procedimento descrito por ele como simples, semelhante a uma transfusão de sangue.

Sete dias depois, a medula de Jefferson “pegou”, passando a funcionar no corpo de Araújo. Após o transplante, o engenheiro enfrentou um período desafiador de "reset" do organismo, lidando com vírus e a necessidade de refazer todo o ciclo de vacinas.

“Acabei ganhando também um irmão de sangue, literalmente, porque ele passou a ter o mesmo sangue que o meu”, brinca Freitas, aos risos com Araújo.

“Entrei aqui com sangue A positivo e saí com sangue O negativo, de uma pessoa que num ato de amor, no ato de bondade e num ato de comprovação daquilo que ele fala, doou a medula dele para mim”, devolve o engenheiro, emocionado.

Francisca Rodrigues, gerente de apoio ao transplante do Hemoce, destaca a importância da doação de medula óssea como sendo a “única fonte de vida que se doa em vida”.

“A festa da gratidão é um momento que foi idealizado por volta do ano de 2012, que foi quando a gente fez a primeira coleta. Então, nós percebemos que essa pessoa vinha voluntariamente e ela ia doar a célula que ia salvar a vida de outra pessoa, literalmente. Então nós pensamos no momento da gratidão para agradecer esses doadores, onde os pacientes pudessem ter também essa oportunidade de estarem todos juntos para agradecer”, celebra.

Doação de medula óssea: um gesto de amor que salva vidas

Aos 40 anos, o influenciador digital André Torres compartilha sua experiência sobre a busca por um doador de medula óssea. Diagnosticado com Leucemia em 2018 e sem a compatibilidade dos irmãos, ele costuma dizer que “começou uma verdadeira caçada para se encontrar um doador de medula”.

“A gente começou campanhas de sensibilização para que mais e mais pessoas se cadastrarem como doadoras de medula para, lógico, aumentar as minhas chances”, recorda. Durante o processo, ele percebeu que sua mobilização também aumentaria a chance de outros pacientes.

Em uma dessas campanhas, realizada na cidade em que nasceu, Maranguape, ele conta que sua esposa levou o filho deles para acompanhá-la. Nas costas do pequeno, uma plaquinha de papelão contendo os dizeres “caçador de medula” chamava atenção dos doadores de sangue que estavam por ali, incentivando-os a se cadastrar como doadores de medula.

“Essa foto ela tirou, me mandou. Quando eu recebi essa foto no hospital, para mim não foi só uma fotinha fofa, foi a mensagem dizendo assim: ‘Existe alguém lá fora, mesmo sem saber o que tá fazendo, tentando salvar a vida do pai’. Eu nem era mais o super heroi dele. Ele que se tornou meu super heroi, o super caçador de medula”, compartilha emocionado. A foto viralizou.

A busca deu resultado. Torres encontrou uma doadora compatível nos Estados Unidos e, em fevereiro de 2019, o transplante foi realizado. Para ele, o processo todo significou um renascimento. Hoje, seu propósito de vida busca aumentar as chances de cura de outros pacientes, por meio do perfil nas redes sociais: Caçadores de Medula (@cacadoresdemedula).

O projeto trabalha ativamente nas redes sociais, fornecendo informações objetivas e seguras sobre os processos de doação e transplante, combatendo desinformações e medos que impedem novos cadastros, além de viabilizar ações em parceria com instituições como o Hemoce.

Os esforços para incentivar doações e educar a população sobre o tema também fazem parte dos objetivos do farmacêutico André Matos, 52, presidente do Fla Medula (@flademula10). Com 20 anos de experiência na área de Oncologia, Matos relembra que já era doador regular de sangue e plaquetas quando realizou seu cadastro no Redome, em janeiro de 2011.

Ele descreve seu encontro com o receptor da medula como um momento mágico.

“Quando você sabe que tem alguém compatível, que tem um match perfeito, que você vai dar um pouquinho de você e saber que dentro daquela outra pessoa, que você não faz ideia de quem seja, já que há o sigilo; se é uma criança, se é um pai de família ou mãe de família, você vai saber que, dentro dela, vai ter uma nova vida e vai ser suas células que vão estar dando uma nova vida para ela. O seu amor vai estar dando uma nova vida para aquela pessoa”, comemora.

O cadastro consciente de doadores passou então a fazer parte de seus planos para a vida. “Eu percebi que muitas pessoas tinham dúvidas sobre cadastro de medula óssea, sobre doação. Muita gente confunde medula óssea com medula nervosa”, pontua. Foi então que nasceu o projeto Fla Medula, uma união entre esporte e amor ao próximo.

Em parceria estratégica com o Flamengo, ele conseguiu incluir o mês de setembro no calendário oficial de ações sociais do clube como o período dedicado ao cadastro consciente de doadores. Desde então, até mesmo jogadores já participaram de campanhas e ações para incentivar doações.

“Ser doador de medula óssea é dar a esperança da vida para muitas pessoas, porque outro dia o paizinho deu uma entrevista do filho dele, que foi diagnosticado com Leucemia, e ele falou que é uma dor que dói na alma. E para você que pretende ser um doador de medula óssea, que ouve essa palavra, sabendo que você pode ser compatível, você pode dar uma nova vida, não só para aquele paciente, mas para toda a família, isso aí se chama esperança, amor”, convoca.

Como se tornar um doador voluntário?

Os interessados em se tornar doadores de medula óssea devem realizar um cadastro em qualquer unidade do Hemoce, apresentando um documento de identidade e telefones para contato. É necessário ter 18 e 35 anos e não apresentar histórico pessoal de doenças oncológicas. O voluntário terá coletado uma amostra de 5 ml de sangue para testes de compatibilidade.

Em caso de pessoas já cadastradas, o Hemoce ressalta a importância de permanecerem atentas para o caso de serem convocadas. Se houver mudança de endereço ou de contato, é importante atualizar os dados em qualquer unidade do Hemoce ou no aplicativo do Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome).

Diretora-geral do Hemoce, Drª Luany Mesquita explica que o cadastro inicial é extremamente simples, consistindo apenas na coleta de um pequeno tubo de sangue para realizar a tipificação dos Antígenos Leucocitários Humanos (HLA).

Ao encontrar um paciente compatível, o doador passa por uma avaliação médica e laboratorial, para saber se o processo será seguro para ela e para o paciente que vai receber o tecido líquido.

“Dando tudo ok, essa pessoa vai passar por um processo, vai tomar uma medicação que vai ajudar a aumentar as células-tronco para o transplante. A gente pode fazer essa coleta ou por veias do braço ou então diretamente pela medula. Quando é pela medula tem que ir para o centro cirúrgico, sob anestesia geral e a pessoa não vê nada. Quando é por aférese, que é nos braços, é como se fosse uma punção de um exame normal. Então, é um procedimento bem tranquilo e seguro”, detalha.

Como se tornar um doador voluntário

Os interessados em se tornar doadores de medula óssea devem realizar um cadastro em qualquer unidade do Hemoce, apresentando um documento de identidade e telefones para contato. É necessário ter 18 e 35 anos e não apresentar histórico pessoal de doenças oncológicas. O voluntário terá coletado uma amostra de 5 ml de sangue para testes de compatibilidade.

Em caso de pessoas já cadastradas, o Hemoce ressalta a importância de permanecerem atentas para o caso de serem convocadas. Se houver mudança de endereço ou de contato, é importante atualizar os dados em qualquer unidade do Hemoce ou no aplicativo do Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome).

Diretora-geral do Hemoce, Luany Mesquita explica que o cadastro inicial é extremamente simples, consistindo apenas na coleta de um pequeno tubo de sangue para realizar a tipificação dos Antígenos Leucocitários Humanos (HLA).

Ao encontrar um paciente compatível, o doador passa por uma avaliação médica e laboratorial, para saber se o processo será seguro para ela e para o paciente que vai receber o tecido líquido.

"Dando tudo ok, essa pessoa vai passar por um processo, vai tomar uma medicação que vai ajudar a aumentar as células-tronco para o transplante. A gente pode fazer essa coleta ou por veias do braço ou então diretamente pela medula. Quando é pela medula tem que ir para o centro cirúrgico, sob anestesia geral e a pessoa não vê nada. Quando é por aférese, que é nos braços, é como se fosse uma punção de um exame normal. Então, é um procedimento bem tranquilo e seguro", detalha.

Relatos

Acesse e conheça a história de André Matos, 52, presidente do
Fla Medula
(@flademula10), uma união entre esporte e amor ao próximo

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