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Transição energética: estudo confirma estratégia do Ceará
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Jornalista, repórter especial do O POVO, tem mais de dez anos de experiência em jornalismo econômico

Transição energética: estudo confirma estratégia do Ceará

Tipo Opinião
Usina termelétrica Pecém 2, de propriedade da Eneva (Foto: Antonio Azevedo/Arquivo Eneva/Divulgação)
Foto: Antonio Azevedo/Arquivo Eneva/Divulgação Usina termelétrica Pecém 2, de propriedade da Eneva

Abandonar o carvão mineral e empregar esforços na geração de energia a partir de fontes renováveis não é só mais barato como pode render "troco" no investimento, diz estudo da Transistion Zero. A organização internacional constatou que o preço do carbono necessário para incentivar a mudança de carvão para energia renovável gera uma economia média de US$ 62 por tonelada de carbono (tC02) emitida.

No Ceará, há um esboço dessa estratégia. Em maio, a EDP revelou os planos de injetar hidrogênio verde (H2V) na termelétrica a carvão que opera no Estado. Mais uma térmica que pode seguir estratégia igual é da Eneva (ex-MPX). A proprietária da usina Pecém II (também a carvão) já assinou memorando com o governo cearense relacionado ao hub de H2V. Procurada pela coluna, a empresa não comentou o projeto que está desenvolvendo.

O estudo da Transition Zero compara os custos com renováveis aos do gás natural na transição energética global. O combustível tem sido uma alternativa para alguns países devido ao acesso às reservas de petróleo e incentivos fiscais, mas a redução de 99% nos preços dos equipamentos para geração eólica e solar desde 2010 ameaça essa vantagem, segundo o documento. O Brasil ficou de fora do estudo porque o carvão é considerado residual na geração elétrica - entrando em atividade quando as reservas hídricas não atendem toda a demanda.

"Apesar disso, as poucas usinas a carvão consomem cerca de R$ 1 bilhão em subsídios todos os anos, ajudando a encarecer as contas de luz", ressalta a organização.

Hoje, o País possui 22 usinas termelétricas instaladas cujo combustível é o carvão mineral. Três estão no Ceará. Duas delas (pertencentes à EDP e à Eneva) tem produção lançada no Operador Nacional do Sistema. São 1,08 gigawatts de potência outorgada que podem ser convertidas diretamente para energias renováveis. Já para a geração a partir de gás natural são 168 usinas. Brasil, inclusive, é o terceiro país do mundo no investimento em infraestruturas de gás atualmente, segundo análise recente do Global Energy Monitor.

No entanto, com uso de usinas eólica e solar, o H2V não só é alternativa viável para a substituição do carvão como também do gás natural. É a partir destes dois nichos que as experiências projetadas para o Ceará podem se destacar na transição energética nacional e global.

O Estado tem agido com estratégia assertiva na captação e transição das matrizes energéticas. Ao mesmo tempo que estimula a chegada de novos empreendimentos de hidrogênio verde e incentiva a transição das plantas já instaladas, pensa no que fazer com o próprio equipamento cujo gás natural é o principal ativo.

Falo da Cegás. A Companhia de Gás do Ceará é uma das poucas do País nas quais o biometano de aterros sanitários foi implementado, o que abre margem para a diminuição do gás natural. Ao mesmo tempo, desde a idealização do hub de H2V, a empresa informou de testes para uma possível injeção de hidrogênio na tubulação já existente, modulando os equipamentos para a transição.

Ao se manter atento às movimentações do mercado - adequando as estratégias de atração e ainda a legislação estadual para o setor -, o Ceará pode se manter na dianteira da transição nacional e ter destaque global e atingir o objetivo buscado pelos gestores do Estado.

Pausa

A coluna dá uma pausa a partir de hoje por motivo de férias e volta em breve. Até!

 

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