Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
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O clima anda pesado nos encontros dos times formados para a transição pelo atual prefeito, José Sarto (PDT), e pelo seu sucessor, Evandro Leitão (PT). Dois ex-companheiros de Assembleia e de partido (Leitão é ex-pedetista), cuja trajetória de ótimo relacionamento estremeceu diante do quadro confuso da passagem de poder em Fortaleza. A expectativa de que seria tudo tranquilo, considerada a maturidade dos dois políticos, esvai-se a cada episódio novo de crise.
O ponto alto tem sido a situação no Instituto José Frota (IJF), de repente lançado num quadro crítico onde material básico tem faltado para as atividades mais comezinhas do dia-a-dia. Algo que não se vislumbrava possível diante do discurso dos pedetistas acerca de uma situação de equilíbrio da gestão econômica de Fortaleza. Mais do que isso, até, apontava-se uma vitalidade nas contas que servia ao questionamento da situação real das finanças estaduais, como forma de atacar, na época da campanha, a candidatura de Evandro Leitão.
A conversa política demonstra-se a cada dia mais difícil, com trocas de acusações, disse me disse e uma tendência clara de agravamento. As reuniões entre as equipes vão se tornando inúteis quanto aos seus resultados objetivos devido à perda de confiança nas informações trocadas e os discursos públicos começam a expressar isso com clareza maior. É só ver as manifestações mais recentes de Leitão e de sua vice Gabriella Aguiar (coordenadora da transição pelo lado dos que chegam) que indicam já um esforço menor, em ambos, de manter as aparências de um processo civilizado e satisfatório.
Nesse contexto, uma instância nova, e neutra, pode entrar na discussão: o Tribunal de Contas do Estado (TCE). Claro que o Núcleo de Fiscalização de Atos de Gestão não pode concentrar, no momento, 100% de sua atenção em Fortaleza, pelo fato de haver 40 localidades cearenses exigindo atenção extra dos técnicos porque a passagem de poder envolve grupos e políticos adversários. Acontece que além de ser uma situação que envolve o nosso maior município, uma das maiores metrópoles do Brasil, inclusive, a coisa está confusa além da conta.
A coluna apurou que os primeiros movimentos concretos acontecem ao longo da nova semana que começa hoje, prevendo-se contatos separados com as duas equipes de transição. Seria uma forma de tomar pé da situação para além do que tem sido noticiado e conhecer os dois lados da história, já que nem sempre as versões batem. Já existe um acompanhamento à distância, através de uma análise das atas das reuniões, por exemplo, mas a experiência mostra que uma conversa inicial do tipo costuma ter bons resultados.
Responsável pelo grupo técnico de transição montado no Tribunal, Cristiano Goes, que é diretor do Núcleo de Fiscalização, foi procurado para confirmar se há, de fato, alguma decisão tomada acerca da situação de Fortaleza, mas foi econômico nas palavras e nas informações. Apenas admitiu que o noticiário preocupa, especialmente em relação aos problemas noticiados na área da saúde, adiantando que já existe uma autorização da presidência para que eles entrem na história assim que entenderem necessário. Ela vale para todos os casos sob acompanhamento nos quais um grupo de oposição toma posse em 1º de janeiro. É o caso da capital cearense.
Por falar em transição, a coisa anda mais feia em 15 municípios, entre os 40 colocados na lista do TCE pelo potencial maior de haver problemas na passagem de poder. Durante a semana quatro deles foram visitados pelas equipes e pelo menos mais quatro constam na agenda do órgão para nova ação de campo a partir de amanhã (segunda-feira), como resultado da necessidade de entender algumas marmotas apontadas pelo Ministério Público ou pelo grupo político que se prepara para tomar posse.
A equipe de Evandro Leitão anda quebrando a cabeça para viabilizar um de seus compromissos mais reafirmados na campanha: colocar fim à taxa do lixo no seu primeiro pacote de medidas logo no começo da gestão. Não será fácil encontrar um espaço que permita abrir mão de uma receita estimada hoje em R$ 160 milhões anuais, considerada a realidade que herdará, aparentemente pior do que aquela que pintava o discurso pedetista. No entanto, o prefeito eleito tem reafirmado ao grupo próximo que não abre mão de levar a ideia adiante.
Com a questão da sucessão na Assembleia resolvida, em linha mais ou menos do que desejava, o senador Cid Gomes (PSB) inicia uma batalha política nova: garantir um espaço na chapa majoritária de 2026. O recado que tem feito circular, direcionada àqueles que realmente decidem na cúpula governista, indica uma possibilidade de negociar a posição de vice-governador, abrindo mão de uma reeleição.
Fala-se que a intenção seria indicar para o posto um irmão, Ivo, ou um irmã, Lia, embutindo a ideia de uma aposentadoria precoce da política que parecia superada com suas ações mais recentes. Resta entender como ficaria, nessa equação, a vice-governadora Jade Romero, cuja cotação cresceu muito no Palácio da Abolição, e entre os petistas, depois da boa performance na disputa eleitoral de Fortaleza. Ela é do MDB.
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Prefeito eleito de Sobral, Oscar Rodrigues (União Brasil) já teria decidido devolver à Igreja Católica a administração da Santa de Misericórdia no município. Um equipamento fundamental para o sistema de saúde da Região Norte, sob intervenção da prefeitura desde setembro de 2022 devido à forte crise financeira que enfrentava na época. Haveria necessidade de renová-la em março, mas o Bispo de Sobral, dom Vasconcelos, foi informado que precisa encontrar uma nova solução que não passe pela administração municipal. É o que já estaria fazendo.
Chega à mesa diretora da Assembleia Legislativa a qualquer momento a indicação do Executivo para a vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) que segue vaga desde a morte de Alexandre Figueiredo, em junho. Os dias se passam e vai crescendo o burburinho em torno do nome de Onélia Santana, mulher do ministro Camilo Santana e atual secretária de Proteção Social.
No mesmo ritmo em que avança a ideia de fazer do deputado petista Fernando Santana um integrante do primeiro escalão do governo estadual, especulando-se que, exatamente, na vaga que seria aberta pela saída de Onélia. Tudo em casa, confirmadas as especulações, que nem os próprios envolvidos conseguem negar com veemência suficiente.
Reta final da gestão Ednaldo Lavor (PSD) em Iguatu acumula problemas e tem mais um para administrar a partir de terça-feira, data em que os servidores municipais decidiram começar uma paralisação geral. Salários de novembro não foram pagos, a parcela do 13º idem e a gestão dá pouca esperança de resolver a situação logo, alegando que ela decorre do bloqueio judicial de R$ 36 milhões devido a uma desapropriação realizada em 2006, quando era prefeito o atual deputado estadual Agenor Neto (MDB). Diplomado na semana pela justiça eleitoral, o prefeito eleito Roberto Filho (PSDB) está avisado do tamanho do problema que enfrentará ao sentar na cadeira em 24 dias.
Chama atenção a timidez, ausência mesmo, de voz federal em defesa dos direitos humanos no debate sobre a violência policial escancarada nos últimos dias. Não há manifestação registrada da ministra da área, Macaé Evaristo - que recém chegou ao cargo após a demissão de Silvio Almeida - em defesa das pessoas alcançadas pelo despreparo de agentes fardados de segurança em vários estados, inclusive o Ceará. Um silêncio que incomoda gente da esquerda, havendo quem defenda que, no caso alarmante de São Paulo, onde os casos se acumulam, o ideal seria instalar um gabinete de crise para acompanhar a situação, apoiar vítimas etc.
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