Seja quem for eleito presidente da República na noite de hoje, passada a euforia da vitória, precisará se debruçar sobre um cenário econômico conturbado. O atual panorama da economia brasileira é afetado por pelo menos três conjuntos de fenômenos.
O primeiro decorre ainda dos efeitos da pandemia de Covid-19, que tirou a vida de quase 690 mil brasileiros e levou a ciclos de restrições das atividades econômicas, mais ou menos intensos a depender do momento epidemiológico e das particularidades regionais de cada município ou Estado brasileiro.
O segundo tem relação com medidas adotadas pelo próprio Governo Federal nos últimos anos, especialmente na tentativa de conter a alta inflacionária verificada mais fortemente entre o segundo semestre de 2021 e o primeiro semestre de 2022, bem como para a implantação do Auxílio Brasil (substituto do programa Bolsa-Família), em meio às limitações do teto de gastos.
Por fim, um cenário internacional com uma guerra entre Rússia e Ucrânia sem previsão para acabar e com possibilidade de agravamento, tendo consequências imediatas e de longo prazo para o conjunto da economia global. A propósito, grandes potências como Estados Unidos, Reino Unido, União Europeia e China enfrentam dificuldades como baixo crescimento, inflação e risco de entrar em recessão, tudo isso com potencial para atingir o Brasil.
Pegando uma fotografia do momento, a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2022 é de 2,76% e em 2023 de 0,65%. O País também voltou ao Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2022 e o indicador mais recente de pobreza, que é do ano passado, aponta para 29,62% da população brasileira vivendo nessas condições, quase cinco pontos percentuais acima do registrado em 2020.
Para a presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), Silvana Parente, “o panorama atual da economia brasileira é preocupante, seja qual for o presidente. É preciso um conjunto de políticas econômicas para superá-lo”.
Entre as quais destaca: reforma tributária, revisão do teto de gastos, administração da relação dívida-PIB e retomada da capacidade do Estado de investir em inovação, inclusão social e transição para uma economia de baixo carbono.
Já Cláudio Considera, coordenador de contas nacionais do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV-Ibre), lista como desafio para o presidente a ser eleito os efeitos da guerra russo-ucraniana sobre o País.
O POVO consultou os dois analistas sobre sete temas que estarão entre os principais desafios econômicos: PIB, inflação, juros, dívida pública, endividamento das famílias, pobreza e geração de emprego.