Editora-adjunta do O POVO+ especializada em ciência, meio ambiente e clima. Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC), é premiada a nível regional e nacional com reportagens sobre ciência e meio ambiente. Também já foi finalista do Prêmio Einstein +Admirados da Imprensa de Saúde, Ciência e Bem-Estar na região Nordeste
No dia 9 de setembro, a Feira Agroecológica e Solidária, do Cetra, foi à Termoceará, em Caucaia, desenhando uma imagem entre a luta popular e a obrigação de compensação ambiental das empresas
Foto: Rose Serafim / Cetra
O evento foi realizado no horário de intervalo de almoço, das 11h às 14h, e levou alimentos agroecológicos, produzidos e comercializados por agricultoras e agricultores familiares para funcionárias e funcionários da Petrobras
Publicamos durante o mês de agosto uma temporada de reportagens especiais com as soluções para alguns problemas impulsionados pela crise climática no Ceará. Entre as soluções, o sistema agroecológico: quando áreas de produção usam metodologias que tentam imitar a natureza.
Apresentamos esses quintais produtivos e agroecológicos como uma solução para a desertificação, mas eles são muito mais do que isso. O sistema agroecológico é também uma forma de combater o agronegócio, as chuvas de veneno e a injustiça social. Tudo isso resumido no seu prato.
Para isso, você precisa conhecer as feiras agroecológicas. O Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador e à Trabalhadora (Cetra) é um dos projetos cearenses que faz a ponte entre o trabalhador rural e o urbano.
Eles promovem feiras em 12 municípios cearenses, nas quais os agricultores familiares apoiados pelo Cetra vendem diretamente o produto de seus sistemas agroecológicos. Em Fortaleza, a feira ocorre toda primeira sexta-feira do mês, das 15h às 18h, na sede do Cetra Fortaleza (Rua Capitão Gustavo, 3842 - São João do Tauape).
O projeto Árvore e Água deixa claro os benefícios de comprar em feiras agroecológicas. Como a logística de transporte é menor, o desperdício de comida e as emissões de gás carbônico (CO2) também o são. Sem terceiros nas transações econômicas, a compra beneficia diretamente os agricultores familiares e movimenta a economia local.
A postagem chama atenção para o locavorismo, o ato de “consumir alimentos produzidos perto de onde vivemos como base de uma mudança profunda na sociedade”.
E há momentos em que as feiras chegam nos espaços de embate simbólico, como foi o caso da Feira Agroecológica e Solidária na Usina Termelétrica Termoceará, em Caucaia, no dia 9 de setembro. A feira chegou lá por meio do projeto Floresta de Alimentos, iniciativa do Cetra e Diaconia em parceria com a Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental.
Foto: Rose Serafim / Cetra
A Feira Agroecológica e Solidária de Paracuru é realizada semanalmente, às sextas-feiras, a partir das 7h, na praça Matriz, ao lado da Igreja Católica
Os feirantes de Paracuru chegaram ao Complexo Industrial do Pecém com bancas recheadas de alimentos e plantas medicinais, encantando os trabalhadores da empresa, que há tempos pediam pela realização da feira no local.
Neila Santos, coordenadora executiva do Cetra, comemorou a parceria, definindo-a como “uma oportunidade de proporcionar o acesso à comida de verdade com alimentos agroecológicos, produzidos e vendidos pelos próprios agricultores/as”.
José Wallace, gerente da Termoceará, afirmou que o projeto cumpre com o papel da empresa de “promover a responsabilidade social e promover o desenvolvimento local das regiões onde atuamos com as nossas operações".
Empresas com grande potencial poluidor são obrigadas, pela Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), a investir financeiramente ou em ações diretas para compensar os impactos ambientais oriundos do funcionamento delas.
A Termoceará, por exemplo, é uma usina termelétrica que produz energia por meio da queima de gás natural e diesel — ou seja, combustíveis fósseis que causam o aquecimento global. Ela, é claro, precisa atuar para reduzir o impacto.
Segundo a Termoceará, a usina “opera por meio de um ciclo combinado, que utiliza um processo de geração de energia mais eficiente, aproveitando tanto o calor gerado pela queima do gás natural quanto a energia dos gases de escape da turbina a gás”. “Esse processo de geração combinada resulta em uma maior eficiência energética e menor impacto ambiental.”
Foto: Rose Serafim / Cetra
Participaram da feira agricultoras e agricultores do município de Paracuru, que integram a Rede de Feiras Agroecológicas do Ceará e já comercializam alimentos e plantas medicinais
Entre críticas fundamentadas e lutas constantes, a cena nos ajuda a refletir como ocupar espaços importa — e como fazer escolhas políticas, até na hora de comer, podem mudar o mundo, pelo menos um pouquinho.
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