São 4h30min da manhã. Faz frio na Reserva Natural Serra das Almas (RNSA), com o vento correndo manso pelos galhos ainda trajados em verde de aroeiras, juremas, ipês e carnaúbas. O céu decora-se em estrelas, como raramente vistas por quem vive na cidade.
A repórter fotográfica Fernanda Barros e eu estamos de pé porque vamos acompanhar a soltura de oito periquitos cara-suja (Pyrrhura griseipectus), entre eles seis filhotes nascidos na Serra das Almas, em um projeto de reintrodução das espécies caatingueiras na unidade de conservação.
Localizada no Planalto da Ibiapaba, bem na zona de litígio entre Ceará e Piauí, a região não registrava caras-suja desde 1910.
Por isso, lutando contra o sono, estamos sentadas em frente ao recinto de aclimatação. Ao nosso redor, conservacionistas da Associação Caatinga, da ONG Aquasis, do
Então, entre uma piscada pesada e outra, o dia acorda e estende os raios solares brancos por toda a extensão do céu ainda gris. É o despertador dos periquitos, que em uníssono cantam para os filhotes acordarem: hoje é o dia de voarem livres. Sejam bem-vindos, periquitos. Aqui também começamos nossa viagem.
Na primeira temporada deste especial, contamos como o aquecimento global e a crise da biodiversidade se retroalimentam.
De um lado, a emergência climática afeta os hábitos e os habitats da fauna e flora, impedindo-as de se adaptar à tempo e impulsionando extinções. De outro, a crescente extinção de espécies piora o cenário do aquecimento global, já que resulta, no mínimo, em menos captura de gás carbônico (CO2) por biomas saudáveis.
De acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), mais de 47 mil espécies estão em risco de extinção no mundo. É o equivalente a 28% de todos os seres vivos conhecidos.
Já a pesquisa Earth beyond six of nine planetary boundaries, publicada em 2023 na revista científica Science Advances, aponta que, considerando a estimativa de 8 milhões de espécies animais e vegetais de todo o mundo, cerca de um milhão (12,5%) estão em risco de extinção. Além disso, mais de 10% da diversidade genética entre elas já pode ter sido perdida no último século e meio.
Por isso, conservar e preservar a biodiversidade é o passo crucial para começar a pensar em soluções para a existência na Terra, tanto do ponto de vista climático, quanto ambiental.
É aqui que entram as unidades de conservação (UCs), áreas protegidas pela legislação brasileira que promovem a proteção do patrimônio socioambiental, e projetos de reintrodução de espécies como os cara-sujas.
Em 2007, eles estavam criticamente em perigo (CR) de extinção pela Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção, com cerca de 100 indivíduos vivos. Agora são uns dos poucos casos mundiais em que as ações de conservação estão garantindo o crescimento populacional satisfatório da espécie.
Enquanto admiramos os periquitos cara-suja pousados em uma árvore próxima, posando para as incontáveis fotos por segundo, a dependência que a biodiversidade tem das unidades de conservação parece clara.
Todos os animais precisam de um habitat bem cuidado, com ampla disponibilidade de comida, com possibilidades de socialização (se assim for do feitio da espécie) e de exploração. Um lar, nas palavras humanas.
Esse lar animal, geralmente ocupado no nosso imaginário apenas por mamíferos e aves, por sua vez, é composto por tantos outros seres raramente entendidos como viventes. Porque falamos das árvores como se fossem prédios e do solo como se fosse asfalto, mas eles também são organismos biodiversos.
Junto a eles, a imensidão de fungos, répteis, anfíbios, insetos, aracnídeos, anelídeos, bactérias… e tantos outros que fogem à memória.
Assim, uma unidade de conservação não é um conjunto de árvores aptas a receber os “protagonistas animais” da biodiversidade, mas um conceito conservacionista e político que engloba toda a dinâmica complexa da existência na Terra. Nela, a falta de um decorre no desastre do outro — seres humanos incluídos.
O desafio das UCs é determinar quais espaços dependem de mais proteção e quais podem ser habitados mais profundamente. Assim, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (Snuc), estabelecido pela Lei 9.985/2000, definiu dois graus de proteção: o de Uso Sustentável (US) e o de Proteção Integral (PI).
Dentro desses dois graus de proteção, entram as 12 categorias de UCs, definidas pelas características de fragilidade das regiões a serem protegidas e os tipos de usos.
De acordo com o Marco Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal (GBF), do qual o Brasil é signatário, 30% da terra, mar e águas interiores devem estar conservadas até 2030, enquanto 30% dos ecossistemas degradados devem ser restaurados.
O Brasil ainda está longe desse resultado. Por exemplo: um levantamento da ONG SOS Mata Atlântica, de maio de 2025, indicou que o bioma segue com apenas 9,8% das extensão territorial protegida. Em 2023, o Observatório do Código Florestal indicou que cerca de 9% da Caatinga está protegida por UCs, das quais apenas 2% são de Proteção Integral.
É nesse contexto de regras ambientais e políticas que surge a Reserva Natural Serra das Almas, unidade de conservação criada e gerida pela Associação Caatinga. São 6.285,38 hectares entre os municípios de Crateús (CE) e Buriti dos Montes (PI), tornando-a a maior Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) do Estado.
Ao procurá-la no mapa, ela parece um pequeno ponto na extensão terrestre cearense, coberta pelas diferentes faces da caatinga. Mesmo assim, a RPPN cumpre com a missão de proteger 623 plantas, 230 aves, 45
Na cartografia, há também a linha imaginária que divide Ceará e Piauí, que os coloca em briga judicial pelo direito à Ibiapaba. Mas o gestor da Serra das Almas, Gilson Miranda, não sofre pela zona de litígio: “A gente é igual a natureza, não estamos muito preocupados (com a temática). Quem faz as fronteiras são os homens. Os bichos não têm limites.”
Localização da RPPN Serra das Almas
Quando visitamos a unidade, no começo de julho, a caatinga ainda esverdeava. Neste ano, as chuvas no Ceará prosseguiram para além da quadra chuvosa — há quem diga que é efeito da crise climática… apenas um estudo de atribuição poderá confirmar.
Os ipês rosa afloravam em pontos estratégicos, inaugurando o show de cores da caatinga querendo entrar no período seco. Carnaúbas, juazeiros, aroeiras, juremas, paus-brancos crescem o quanto podem e querem, principalmente a bicentenária e gigantesca gameleira que desponta ao céu.
Conhecemos o riacho Melancias, responsável pelo abastecimento da reserva, incluindo a sede de operações. Graças à preservação do entorno, o riacho nunca secou, confirma o biólogo Samuel Portela, coordenador de Conservação da Biodiversidade da Associação Caatinga. Não é possível dizer o mesmo de outros riachos e nascentes da região.
“Dentro do imaginário popular, a nascente é algo mítico, mágico, que não está necessariamente relacionada à natureza”, reflete Gilson, fazendo sentido da dicotomia entre o culto à água e o sonho da expansão agropecuária nordestina.
O histórico de ocupação da Serra das Almas não é diferente do resto do Ceará. Por todo canto que a vista alcança, encontram-se vestígios do desmatamento e da invasão. As enormes mangueiras, exóticas e plantadas por mãos humanas, serpenteando com o Melancias provam isso.
Em 2022, o pesquisador Vladimir Gomes, mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Ceará (UFC), publicou o estudo Ecological representativeness and total area protected by natural reserves in Ceará State, Brazil na revista científica Sociedade & Natureza. Nele, ele identificou que apenas 7,87% do território terrestre e 3,09% do território marinho cearenses estão protegidos em algum grau.
Quando falamos de caatinga do cristalino, aquela vegetação que nós mais relacionamos à imagem do bioma Caatinga e que cobre 68,83% do território cearense, a situação piora. Somente 0,51% dessa área é protegida por UCs de Proteção Integral (PI) e 2,01% de Uso Sustentável (US).
Em contrapartida, as matas úmidas estão resguardadas. No caso da mata úmida do sedimentar (que ocupa 1,77% da área do Estado e tem como um dos representantes a Serra das Almas), 49,96% dela está protegida por UCs de US, e 2,54% por UCs de PI. A mata úmida do cristalino (0,29% da área estadual) tem 55,84% do território protegido por USs e 0,09% por PIs.
Em parte, faz sentido porque é nas serras que surgem as nascentes que banham o sertão. No entanto, o contexto do aquecimento global reforça ainda mais a necessidade de proteção da caatinga do cristalino, visto que também é um importante sumidouro de gás carbônico (CO2).
Mais tarde, em março de 2025, o estudo Species turnover does not rescue biodiversity in fragmented landscapes publicado na Nature apontou que mais vale ter grandes pedaços de terra preservados do que vários pequenos pedacinhos. A pesquisa veio em resposta para um debate constante entre os conservacionistas: até que ponto preservar e conservar pequenas áreas é efetivo?
“Fragmentação é prejudicial. Este artigo mostra claramente que a fragmentação tem efeitos negativos sobre a biodiversidade em diferentes escalas”, determina o ecólogo brasileiro Thiago Gonçalves-Souza, da Universidade de Michigan, e líder da pesquisa.
“Isso não significa que não devamos tentar conservar pequenos fragmentos quando possível, mas precisamos tomar decisões sábias sobre conservação”, afirmou à Agência Bori.
Para evitar a fragmentação, as pequenas áreas de conservação precisam estar conectadas por corredores ecológicos. A gente explica bem sobre o assunto na reportagem A biodiversidade do Ceará vive em cerco?.
Com esse contexto em mente, vejamos o mapa das UCs do Ceará:
Ao todo, o Estado tem 117 unidades de conservação, das quais 39 são estaduais, 12 são federais, 18 são municipais e 48 são privadas. Enquanto as federais geralmente são gigantescas, principalmente por abrangerem mais estados, as menores costumam ser as privadas e as municipais.
E rodeada por UCs de todos os tamanhos, quase solitária, está a depressão sertaneja. Encontrar áreas para criar unidades de conservação no sertão cearense é especialmente difícil, explica Samuel Portela, da Associação Caatinga.
O Ceará é um dos sertões mais ocupados do Brasil. Em todo canto que se procure, há alguma comunidade sertaneja instalada há décadas. É diferente do sertão da Bahia ou do Piauí, que apresentam vazios demográficos.
A possibilidade de humanos habitarem as unidades de conservação depende da categoria da UC, o que impõe um desafio para balancear a melhor categoria de proteção e os impactos sociais. De acordo com o Censo Demográfico de 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Ceará tem 445.413 pessoas residindo dentro de alguma unidade de conservação.
Ao O POVO, o geógrafo Flávio Nascimento, coordenador de ações transversais do Ministério do Meio Ambiente, explicou que a ocupação de unidades de conservação pode ser realizada, contanto que tenha o uso regrado do solo e o zoneamento para definir que tipo de atividades são permitidas.
Unidades de conservação com ocupação humana no Ceará (IBGE, 2022)
Nesse contexto, a luta para evitar a fragmentação deve ser o objetivo principal, mas todos os esforços são válidos, incluindo a criação de unidades menores e com categorias de proteção menos restritivas. “Mesmo a unidade mais fraca, tem sua força”, confirma Weber Girão, gerente do projeto Asas Araripe, da Aquasis.
Ademais, pouco adianta ter uma UC enorme se ela não for efetiva. O Sistema de Análise e Monitoramento de Gestão (SAMGe), do ICMBio, é responsável por avaliar o quão funcionais as unidades cadastradas estão sendo a partir de seis indicadores.
Conheça e entenda os seis indicadores do SAMGe
O SAMGe dá conta de
Dos indicadores analisados pelo sistema, é justamente o contexto que puxa a média das unidades cearenses para baixo, com indicador médio de 39,99%. Como descrito pelo SAMGe, contexto é a “análise dos usos que são incompatíveis com o que se espera de determinada categoria e seus impactos decorrentes”.
Outro ponto de preocupação nas unidades de conservação é a ausência de Planos de Manejo: 19 UCs (37,25%) não deram nenhuma informação sobre terem ou não o plano, enquanto 18 (35,29%) declararam não possuir o instrumento publicado. Apenas 14 UCs cearenses estão com o plano de manejo adequado (27,45%).
Quando as unidades de conservação se encontram sem plano de manejo, elas são chamadas de “UCs de papel”. Existem em decreto e, às vezes, nos mapas, mas fora isso estão desmobilizadas.
Portanto, mesmo que assinar o decreto de criação de uma UC seja um passo importante, ele não é o mais decisivo. Apenas com a implementação de um Plano de Manejo, de um Conselho Gestor e com a nomeação de um gestor e de uma sede administrativa é que a UC realmente terá mando de campo. Sem contar, é claro, com a destinação de recursos.
O fato do Ceará ser um sertão super habitado não deveria impedir ações de preservação. Afinal, todos os imóveis rurais brasileiros devem ter uma reserva legal, ou seja, uma parte do terreno destinada à preservação. Falamos melhor sobre a reserva mais abaixo, ao clicar na foto vertical.
O que realmente estamos procurando ao sair da Serra das Almas e percorrer 34,2 km até a comunidade de Santa Filomena, do distrito de Tucuns (Crateús, CE), é uma história de reflorestamento. Lá, conhecemos Raimundo Soares Rodrigues, de 67 anos, conhecido como Raimundo Belém.
Sentados na sala de estar do agricultor, suíno e ovinocultor, Raimundo nos conta que a propriedade está há mais de 200 anos na família. Ele lembra da mata alta e densa, capaz de espalhar uma escuridão ao meio dia por debaixo das copas de aroeiras, sabiás, paus-brancos, jucás, amburanas e angicos.
Era assim porque o pai de seu Raimundo tinha alma de conservacionista. Tinha certeza que era necessário manter as árvores de pé, e que aquele emaranhado de ramos e folhas cortado pelas rotas dos animais nutria e nutria-se do rio Bucarão, um riacho que deságua no rio Poti.
Mas então Raimundo foi à São Paulo. Passou um anos lá e gostou da ideia de fazer campos. “Eu disse: ‘Pai, vamo arrancar os toco para nós tirar muito mí (sic. milho).’ Aí ele disse: ‘Meu filho, não venha com ganância, não, que eu não tenho terra para você acabar, não.’ Aí, não, (ele) não deixava de jeito nenhum”, relembra o filho.
Foi muito tempo de convencimento quando Raimundo venceu o pai no cansaço. Colocou a mata fechada dos fundos do terreno abaixo e plantou milho: no primeiro ano, tiraram entre 600 e mil sacas do grão. Raimundo ficou animado, mas com dois anos de boas safras veio uma grande enchente.
O campo totalmente desprotegido e mal manejado, com vincos de arado expostos, não suportou. “A terra arrasada levou todo o mí. Aí meu pai disse assim: ‘E agora seu mí foi para onde?’ Que que eu posso fazer, né? A enchente levou tudo. Aí ele disse: ‘Falei para você que você ia acabar minha terra. Agora você tá satisfeito, né?’”
Ter uma área preservada é obrigação de todos os imóveis rurais brasileiros, determinada pela Lei 12.651/2012, o Código Florestal. Já no Artigo 1º, inciso I, a legislação afirma o "compromisso soberano do Brasil com a preservação das suas florestas e demais formas de vegetação nativa, bem como da biodiversidade, do solo, dos recursos hídricos e da integridade do sistema climático, para o bem estar das gerações presentes e futuras".
Para isso, o Código Florestal estabelece que todos os imóveis rurais devem ter uma reserva legal. Ela é um pedaço do terreno que tem a função de assegurar “o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa” (art. 3º, inc. III).
Os proprietários não podem desmatar a reserva legal para agricultura, nem para criação de gado. O uso permitido é para a exploração econômica com manejo sustentável, desde que aprovada pelo órgão ambiental competente.
A reserva legal deve corresponder a 20% sobre a área do imóvel. Essa regra só muda nos imóveis localizados na Amazônia Legal, onde a proteção muda de acordo com três situações: 1. reserva legal deve ser de 80% se estiver situada em área de floresta; 2. reserva de 35%, se estiver situada em área de cerrado; e 3. 20%, se estiver situada em área de campos gerais.
É responsabilidade total do dono do imóvel manter, preservar e recuperar a reserva legal. E quando o terreno entra em sucessão, o dever de preservação é repassado igualmente.
Outro destaque do Código Florestal é de que os donos são obrigados a proteger também as Áreas de Preservação Permanente (APPs), definida na legislação como "área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas". São as matas ciliares, áreas em torno de nascentes e encostas com declividade superior.
A derrubada da floresta foi muito para o pai de Raimundo perdoar. Toda vez que o filho o chamava para descer e ver o campo, o pai negava, sofrendo com a imagem arrasada. Por isso, quando a Associação Caatinga sugeriu um reflorestamento no terreno, Raimundo logo concordou.
O ano era 2011. Entre desconfianças da comunidade, Raimundo foi o primeiro a assinar o termo de participação do projeto. Era como o pagamento de uma dívida para o pai. Entre 2011 e 2019/2020, houve um longo ciclo de estiagem, exigindo o replantio e irrigação para as plantas vingarem.
Essa vontade de ver aqui com o mato de novo tem relação com o tempo do seu pai?, perguntou Sabrina Araújo, da Associação Caatinga. Estávamos em roda, todos atentos aos trejeitos de seu Raimundo. Silêncio. “Tem. Porque… É, assim, até difícil de falar disso”, ele começa. O braço fica inquieto, a voz embarga. “Mas é porque (a gente) brigava muito, né?”
Todos seguramos nosso silêncio. Os olhos de seu Raimundo, de um azul intenso de águas claras, deságuam quietos. “Ele não foi mais lá embaixo de jeito nenhum. Ele não ia, ele já velhinho, os meninos aqui (da Associação Caatinga) já tinham plantado, já tava grande. E eu chamava ele para nós descer lá embaixo para olhar como a mata já tava crescendo. Ele disse ‘Não, não’.”
Acho que é um relato forte para ilustrar como a biodiversidade vai além das funções ecológicas e climáticas; ela é também emoção e amor. A mata de seu Raimundo ainda é nova, mas já é frondosa. Uma cajazeira desponta entre todas as outras, último resquício da floresta do pai. Muitas árvores frutíferas esticam os troncos ao céu, chamando a atenção de soíns (Callithrix sp.).
É que os bichos, as plantas, os fungos... enfim, a vida busca quem planta vida. É assim que fortalece-se o ciclo da biodiversidade e, por consequência, de um planeta saudável. E planetas saudáveis, você deve imaginar, não sentem febre.
A série de reportagens especiais explica as causas, os efeitos e as soluções das três consequências mais drásticas das mudanças climáticas no Ceará.