A dois dias da votação, as candidaturas de Capitão Wagner (Pros) e José Sarto (PDT) aumentaram a artilharia na tentativa de desgastar o oponente na reta final da disputa pela Prefeitura de Fortaleza.
Em empate técnico, eles lideram até aqui as pesquisas de intenção de voto O POVO/Datafolha, com vantagem numérica para Wagner, que detém 30% ante 27% de Sarto, uma diferença dentro da margem de erro da sondagem mais recente.
Na manhã de ontem, o representante do Pros voltou a explorar o caso do deputado estadual e candidato a prefeito de Aquiraz Bruno Gonçalves, do PL. O parlamentar é alvo de investigação do Ministério Público no Ceará (MPCE) por suposto abuso de poder econômico.
O episódio foi mostrado em série de reportagens do O POVO desde julho passado, quando veio a público áudio no qual Gonçalves aparece oferecendo dinheiro a um pré-candidato a vereador em troca de apoio eleitoral.
Como mostrou outra matéria do O POVO na edição de ontem, laudo da Polícia Federal, anexado à investigação contra Gonçalves no MPCE, concluiu que o áudio é autêntico, ou seja, não teve edições nem qualquer outro tipo de intervenção.
Na transmissão, Wagner vinculou Bruno Gonçalves a José Sarto, presidente da Assembleia Legislativa do Estado (AL-CE), a quem acusou de se beneficiar de esquema articulado pelo deputado liberal.
"O Sarto é beneficiário do esquema criminoso e se isentou até aqui de punir o deputado que teria cometido esse crime dentro do gabinete dele na AL, tudo gravado", disse Wagner.
"Isso foi gravado e denunciado pelo rapaz que foi assediado para receber R$ 250 mil para apoiar a candidatura do Sarto", continuou Wagner. "Só que quem tem atribuição de averiguar o crime, através de um processo no Conselho de Ética, é o próprio Sarto."
Gonçalves, no entanto, já é alvo de representação no Conselho de Ética da AL-CE por quebra de decoro parlamentar. O processo está em tramitação na Casa, assim como o de outros integrantes do Legislativo estadual contra quem pesa suspeita de quebra de decoro.
SARTO e aliados investem na associação de Wagner a Bolsonaro
Procurado por meio de sua assessoria, Sarto não respondeu às críticas de Capitão Wagner. Em vídeo divulgado pelas redes sociais na noite de ontem, porém, o prefeito Roberto Cláudio (PDT) contra-atacou.
Sem comentar acusações do adversário, nem citar expressamente Wagner, RC disse que, "há dois anos, o Brasil elegeu um capitão para presidente, um presidente despreparado que tem debochado da pandemia, tem negado a vacina e que não tem dado a atenção devida às pessoas mais simples".
Em seguida, ainda sem mencionar Wagner, acrescentou: "Nós não podemos cometer o mesmo risco em Fortaleza de eleger um capitão com as mesmas motivações, com a mesma índole e os mesmos valores".
A associação entre Wagner e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é parte da estratégia do PDT e da campanha de Sarto para o segundo turno da disputa, embora já tenha sido usada no início da campanha.
Com baixa popularidade, Bolsonaro já declarou apoio a Wagner em dois momentos: no primeiro, referindo-se a ele apenas como "um capitão em Fortaleza" e, depois, pedindo abertamente voto para o prefeiturável.
"Tem muita gente que me apoia em Fortaleza", disse o presidente em live no dia 5 deste mês. "O Alex Ceará, ajuda aí! André Fernandes, Delegado Cavalcante, Cely Duarte. Fortaleza parece que é minha segunda cidade do Brasil."
Na sequência, enquanto segurava cartaz com foto de Wagner e da vice Kamila Cardoso, convocou aliados: "Tem um capitão aqui também. Vamos dar uma força pro Wagner mudar a política de lá". O presidente completou dizendo que o candidato, se eleito, "tem tudo para fazer uma boa administração e renovar a política do município, que está precisando".
Em todo o País, candidaturas apoiadas por Bolsonaro têm naufragado nas pesquisas de intenção de voto, como em São Paulo, Recife e Rio de Janeiro. A exceção é Capitão Wagner.