Wanderson Trindade é coordenador da Central de Dados e repórter do O POVO+, com uma paixão declarada por contar as histórias de quem faz a indústria dos jogos eletrônicos acontecer. Especializado na cobertura do universo dos games no Ceará, no Brasil e no mundo, acompanha de perto tanto o cenário competitivo quanto o desenvolvimento de jogos. Autodescrição: Homem pardo de cabelos ondulados, Wanderson aparece na foto usando óculos e fones de ouvido, com um sorriso no rosto que traduz sua energia e entusiasmo pelo tema.
É Molodoy ou não é? Quem é o jovem do Cazaquistão que conquistou o Brasil no CS2
Com apenas 20 anos, Danil "Molodoy" emergiu como uma das maiores esperanças de título para a Furia no Counter-Strike 2 em 2025. O jogador nascido no Cazaquistão desembarcou no Brasil para substituir nada mais nada menos do que a lenda Gabriel "Fallen"
Foto: Josip Brtan / HLTV
Molodoy é uma das maiores esperanças de título para o Brasil no Counter-Strike 2 em 2025
Se seu algoritmo nas redes sociais tem alguma camada gamer, é bem possível que você já tenha se deparado nos últimos meses com a provocação que se tornou bordão entre torcedores e criadores de conteúdo do universo dos esportes eletrônicos: "É Molodoy ou não é?"
Meio meme, meio mantra, a frase virou símbolo de uma nova febre no cenário competitivo brasileiro de Counter-Strike 2. E o motivo atende por um nome que até pouco tempo atrás era desconhecido do público. Danil “Molodoy” Golubenko, um jovem de 20 anos, nascido no Cazaquistão, que desembarcou em solo brasileiro para despertar a esperança por títulos da Furia.
Em um dos esportes eletrônicos mais tradicionais e competitivos do mundo, onde o Brasil sempre carregou fama de paixão e intensidade, porém enfrentava jejum de grandes conquistas, Molodoy emergiu como o principal nome da Pantera na temporada de 2025. Não apenas pela sua habilidade, que já o colocou em destaque de torneios internacionais, mas pelo impacto imediato que causou.
Bastaram poucos meses para que o “menino” do Cazaquistão se tornasse sensação nacional, viralizando em clipes, streams, transmissões e timelines. Um jovem que treinava em lan houses, porque não tinha computador em casa, atravessou fronteiras, venceu barreiras linguísticas, chamou atenção no cenário competitivo e, de repente, se viu no centro da maior organização brasileira de e-sports.
Foto: Radosław Makuch / HLTV
Molodoy assumiu a função de AWPer na equipe da Furia, posição que era do histórico jogador brasileiro Gabriel Fallen
Mas nessa história também há um protagonista brasileiro: Gabriel “Fallen” Toledo. Com uma reformulação internacional da Furia, a diretoria passou a buscar um AWPer de renome global, uma decisão muito difícil já que o escolhido teria que assumir justamente a função do maior jogador da história do CS brasileiro.
Por sorte do destino, o nome de Molodoy foi posto na mesa e, com o aval do próprio Fallen, o jovem assinou contrato com a Furia em abril de 2025. A partir dali, o que era aposta virou certeza. Molodoy encontrou liberdade criativa, respaldo tático e um ambiente que acelerou sua adaptação. Do outro lado, Fallen viu no jovem um competidor disciplinado, confiante e sem medo do protagonismo. Exatamente o perfil que buscava para conduzir a nova fase da Pantera.
Esta coluna do O POVO+ busca agora apresentar quem é Molodoy, desde suas origens ao impacto esportivo que transformou a Furia em uma das maiores sensações do CS2 atual, fazendo com que a equipe brasileira apareça, inclusive, entre as favoritas para a disputa da StarLadder Budapest Major 2025 – o maior torneio do mundo do Counter-Strike.
Quem é o jovem do Cazaquistão que virou sensação no Brasil
Antes de vestir a camisa da Furia, Danil “Molodoy” Golubenko já carregava uma história que pouco lembra a realidade de um astro do Counter-Strike. Nascido em 10 de janeiro de 2005, no Cazaquistão, ele cresceu longe do conforto tecnológico que marca muitos jogadores de elite. O menino que um dia brilharia em arenas internacionais começou literalmente do zero. E fora de casa.
Sem computador próprio, Molodoy passava praticamente o dia inteiro em lan houses. Jogava, treinava, aprendia. Ficava tanto tempo ali que o gerente local acabou liberando seu acesso gratuitamente, impressionado com a dedicação do garoto de 14, 15 anos, que demonstrava fome de jogo e disciplina incomum para a idade. Foi nesse ambiente que ele iniciou a jornada que o levaria ao topo.
Molodoy também carregava um apelido que cresceu junto com ele. Ainda adolescente, os amigos o chamavam de "maloy", algo como “pequeno”. Com o tempo e amadurecimento dentro do e-sports, ele decidiu mudar para Molodoy.
Foto: Josip Brtan / HLTV
Elenco da Furia de CS2. Da esquerda para direita: Yuurih, KSCerato, FalleN, Molodoy e Yekindar
E não foi só no jogo que ele precisou amadurecer cedo. A carreira nos e-sports não encontrava apoio imediato em casa. A família via os jogos eletrônicos com desconfiança e chegou a reagir negativamente quando ele entrou no primeiro time cazaque. A virada só veio quando sua evolução dentro do CS começou a ganhar forma: novas equipes, viagens, mudança para a Sérvia, resultados expressivos.
Quando souberam que ele jogaria no Brasil, e sem falar inglês fluente e muito menos português, o espanto foi ainda maior, especialmente para sua mãe, que não entendia como ele se comunicaria com os companheiros.
Mas a barreira virou ponte. A equipe da Furia já contava com jogadores experientes, como os brasileiros Gabriel Fallen, Yuurih Boian e Kaike "KSCerato", e logo teria o quinteto completado por Mareks "Yekindar" Gainskis, da Letônia. O jovem promissor foi então abraçado pelo grupo, e como, retribuição passou a oferecer dinâmicas inovadoras dentro do game e uma mira letal.
Com impacto imediato, Molodoy ajudou a transformar a Furia em poucos meses
A chegada de Molodoy à Furia não foi apenas a contratação de um jovem talento, mas um movimento que redesenhou a própria identidade competitiva da organização. Em poucos meses, o cazaque se tornou a peça que faltava para destravar um novo patamar de desempenho, consolidar a internacionalização do elenco e abrir espaço para uma reformulação tática inédita na história da Pantera.
Logo nos primeiros campeonatos, o impacto foi incontestável. Como AWPer titular, ele assumiu uma função que, por anos, foi marca registrada de Fallen. A realocação do capitão brasileiro, que passou a atuar majoritariamente como rifler e líder, não apenas elevou a capacidade estratégica da equipe, como permitiu que Molodoy brilhasse em seu papel de especialista. O veterano tornou-se uma espécie de mentor, guiando o jovem talento e liberando sua agressividade e leitura de jogo para decisões rápidas e precisas.
Foto: Josip Brtan / HLTV
Molodoy foi eleito o MVP da IEM Chengdu 2025 pela HLTV.org, sendo destaque absoluto da campanha que levou a Furia ao topo do pódio em solo chinês
E Molodoy respondeu como poucos conseguiriam. Seus números começaram a chamar atenção imediatamente: rating médio superior a 1.26, impacto de 1.29 e ADR na casa dos 85 demonstraram que ele era o jogador capaz de causar dano constante, resolver rounds críticos e carregar a Furia em mapas decisivos.
A influência não foi apenas mecânica. A comunicação, apontada como um dos grandes desafios da internacionalização, também evoluiu rapidamente. Mesmo falando essencialmente russo e cazaque antes de chegar ao Brasil, Molodoy se adaptou ao ambiente multicultural do time, aprendeu a trabalhar com inglês operacional e encaixou-se no ritmo acelerado do estilo brasileiro. O elenco passou a ter mais fluidez, mais velocidade e mais opções táticas.
O CEO da Furia Jaime Pádua classificou sua contratação como “um movimento ousado e necessário”, e a comunidade esportiva concordou. Molodoy virou símbolo de uma nova Furia: mais global, mais agressiva, mais preparada para encarar de igual para igual as grandes forças do CS2 mundial. Em poucos meses, o nome do garoto das lan houses do Cazaquistão deixou de ser promessa para se tornar uma engrenagem indispensável no motor competitivo da equipe brasileira, além de tema nas rodas de debates do e-sports brasileiro.
Títulos, maturidade internacional e o sonho do Major
A transformação trazida pela chegada de Molodoy e a reformulação estrutural da Furia rapidamente se refletiram nos resultados. Em 2025, a equipe brasileira tem vivido um dos períodos mais dominantes de sua história, sendo um dos mais impactantes já registrados por um time sul-americano no Counter-Strike moderno. A ascensão não foi apenas técnica. Foi estratégica, emocional e organizacional.
Com o elenco internacionalizado, liderado por Fallen e companhia, a Furia emplacou uma sequência de conquistas que recolocou o Brasil em um posto de destaque mundial. Em poucos meses, vieram quatro títulos internacionais de peso:
Blast Rivals Fall 2025 (Hong Kong): Triunfo por 3 a 1 sobre a Falcons, em novembro.
IEM Chengdu 2025: Título sobre a Team Vitality, quebrando um jejum brasileiro de troféus Tier S e reafirmando o protagonismo internacional do elenco, em novembro.
Thunderpick World Championship 2025 (Malta): Uma virada histórica contra a Navi, vencendo por 3 a 2, em outubro.
Fissure Playground #2: Vitória sólida por 3 a 2 contra a então a The MongolZ, em setembro.
Essas conquistas recolocaram a FURIA entre os principais times do planeta. O ranking mundial refletiu o salto: após as chegadas de Molodoy e Yekindar, a organização chegou ao top 1 do mundo, no ranking HLTV, e agora figura como forte candidata em todos os campeonatos que tem disputado. A equipe também passou a derrotar times tradicionais como G2, Astralis, Team Liquid, Team Vitality e Falcons com frequência, deixando claro que não se tratava de um “momento bom”, mas de um novo padrão.
Foto: Danish Allana / HLTV
A Furia venceu por 3 a 1 a Falcons na final da Blast Rivals Hong Kong, confirmando sua melhor fase em 2025
Diante disso, com a chegada da StarLadder Budapest Major 2025, o torneio mais importante de Counter-Strike do ano, disputado desde 24 de novembro até 14 de dezembro, a Furia chega embalada e favorita a estar entre os finalistas.
Esta é a primeira vez desde os anos de ouro do CS brasileiro, na década passada, que País volta a sonhar grande. Tudo isso só tem sido possível graças a um trabalho consistente da equipe formada pelo coach Sid Macedo e pelos jogadores Fallen, Yuurih, Yekindar e KSCerato, mas também por um brilho especial de Molodoy. Ou não é?
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