Cinco dias, 32 horas, cinco ministros, oito réus e 38 sentenças que entraram para a história. Entre os apoiadores dos condenados, Jair Bolsonaro (PL) e aliados, a desolação. Entre opositores, o êxtase. Nas mentes de uma população polarizada, o passar dos dias, das sessões e de cada um dos votos despontava as fortes emoções que sempre circularam em torno da figura do ex-presidente da República.
O clamor pela absolvição do líder maior da direita brasileira, a 'decepção' e o descrédito com a Corte que o julgou, trouxeram manifestações de fúria e lamento de uma parte da população ligada ao político indiciado.
Para outra parcela, retornaram as dores às quais Bolsonaro é considerado, por muitos, algoz: as respirações ofegantes da pandemia de Covid-19, o choro dos profissionais de saúde, os ataques aos direitos humanos, à natureza, à soberania nacional e a retomada de períodos de tortura, perseguição e temor.
“Os fantasmas do passado assombram a minha vida e acredito que de todos os camaradas”, diz José Honório da Silva, 74 anos, empresário, “assumido comunista” e ex-preso político da Ditadura Militar brasileira. Honório guarda, na pele e na memória, as consequências de um golpe que não conseguiu ser evitado.
Foi detido em duas ocasiões durante o regime militar. A primeira, no início de 1970, no Cariri, sob acusações de que ele lecionava pelo método de alfabetização de Paulo Freire, para adultos. A segunda veio um ano depois. Passou 39 dias desaparecido, sofrendo queimaduras, lesões no corpo, extração de dentes e outras formas de tortura.
Honório foi solto. Conta que seguiu perseguido pelos militares de Fortaleza. Teve de se disfarçar e sair do Estado. Ao assistir o julgamento de Bolsonaro, segue assombrado. Não consegue sentir plena alegria.
“A cadela do fascismo está sempre no cio. Se a gente se alegra por uma pequena vitória que a democracia e o povo têm sobre os fascistas, eu prefiro ficar calado para não atiçar essas coisas que não param nunca”, diz, agridoce.
Revolta-se quando ouve que Lula e Bolsonaro “são farinha do mesmo saco” e com a "ignorância" da população com a história brasileira e mundial. “Vimos um julgamento histórico. A primeira vez que esses bandidos golpistas foram para o banco dos réus, mas a população não tem conhecimento do que já aconteceu”, narra. Para ele, desconhecer o passado é abrir margem para que ele retorne.
As dores, para alguns, não estão distantes por décadas, mas por poucos anos. Doutor em enfermagem pela Universidade de São Paulo (USP), especialista em cuidados paliativos e professor universitário, José Lucas Ramos se disse “triplamente” atingido pela “negligência” do ex-presidente durante a gestão dele.
Na pandemia de Covid-19, o profissional nordestino presenciou a falta de insumos pelo governo, o atraso das vacinas, a falta de dados nas universidades para orientação pública e o “pouco caso” de Bolsonaro com as vítimas do coronavírus. Viu o setor em que se especializou — cuidados paliativos — virar cenário de guerra. O gráfico de mortos crescia exponencialmente e, no meio disso, corria a trama golpista.
“Embora ele não tenha sido julgado por isso, todos que perderam um ente familiar ou amigo, ou os agentes de saúde, se sentiram vingados. Eu não queria falar a palavra vingança, mas eu me sinto vingado. Nós vimos tudo na pandemia. Vimos tudo. E saber que logo em seguida veio a trama de um golpe… a maldade e crueldade...”, lembra ele.
A pandemia resultou em mais de 700 mil mortos somente no Brasil. Cada número, uma história e outras dezenas de atingidos. Isamelia Alves, almoxarife de 47 anos, perdeu o pai Valdir Mota para a Covid-19, em 2020.
A mulher lembra vividamente do que chamou de “negligência” de Bolsonaro durante o período. Tudo o que ele fez ou deixou de fazer.
“Nunca vamos esquecer 2020, quando a Covid era mais forte. Vimos o tamanho da negligência de um ex-presidente para com a saúde, mas não só a saúde. A segurança, a educação. O considero um dos culpados pelas mortes não só do meu pai, como de mais de 700 mil pessoas”, justifica.
O julgamento, para o enfermeiro e a almoxarife, trouxe acima de tudo alívio.
“Pelo meu pai e pelas pessoas que morreram naquela mesma época. Lavamos a alma. Acho que a justiça brasileira tem nome e sobrenome: Cármen Lucia, Alexandre de Moraes, Zanin. Hoje temos grandes nomes na nossa justiça que representam todos que morreram”, diz Isamelia.
Segundo a percepção de José Lucas o julgamento causou apreensão, mas também felicidade.
“Sentimentos mistos. É muito triste ver os pedidos de anistia, sanções, a taxação. Porém, traz alívio perceber que ainda há justiça, que a presidência da República não baixou a cabeça para as ameaças externas e que o STF esteve de acordo que não podíamos deixar a história se repetir. As pessoas que implementaram a ditadura no século passado, foram anistiadas por JK e deu no que deu”.
Já José Honório, ex-preso político, não sente alívio, mas uma faísca de esperança: “É uma vitória da democracia, tão atacada no nosso País. Também não me regozijo em ver o sofrimento de ninguém, mesmo de um sujeito tão execrável como aquele que fez tantas maldades ao nosso país. Eu só espero — não sei se tenho tanto tempo para esperar, vi tanta coisa nesse país — que prospere a Justiça”.
A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) provoca reações de dor e desconfiança entre apoiadores em Fortaleza.
A costureira Célia Silva, 65, não consegue conter o choro ao falar da decisão: “Porque uma pessoa que nunca roubou, fez tudo certinho, aí vem um Supremo que manda em tudo, que faz e desfaz, ninguém pode fazer nada? A gente protesta e não acontece nada. Mas a gente vai pras ruas”.
Ao lado dessa emoção, o mecânico Jean Carlos, 42, expressa uma leitura pragmática do julgamento. “Não tem como ele não ser preso. A maioria dos ministros que estão hoje aí, tudo foi levantado pelo PT. Até mesmo o Fux (ministro Luiz Fux), que deu um voto contra, ele foi a Dilma quem colocou. Aí tá na cara, né? Nenhuma surpresa pra gente, não”, afirma.
Célia fala da pena de 27 anos e 3 meses como um peso desproporcional. “Uma pessoa idosa e doente. É muito injusto. Bolsonaro ficou doente por causa desse Partido das Trevas. Ele ficou doente por causa daquela facada que deram nele. Quem era para estar preso está na Presidência.”
Jean faz críticas ao andamento do processo. “Eles jogam muito processo em cima dos advogados, muita informação em cima do advogado. E o tempo é muito pouco que ele dá para as pessoas desenrolarem. É por esses motivos que a gente considera que é errado esse julgamento.”
Os dois também compartilham uma esperança comum de reversão da sentença. “O que a gente acha que pode acontecer mais para frente é o Congresso apoiar a anistia e dar a anistia para o Bolsonaro”, aponta Jean.
Já Célia reforça a disposição para a mobilização. “O movimento que eles fizerem a gente tá dentro, a gente tá apoiando, a gente não desiste. Se for pra ir pras ruas, a gente vai.”
Entre lágrimas, a costureira recorda o início do vínculo com o ex-presidente. “Eu conheci Bolsonaro pelos programas de televisão, votei nele para presidente em 2018 sem conhecer, mas imaginava: ‘vou votar nele porque no PT não votarei’. Votei e continuei votando e, se Deus quiser, em 2026 votarei de novo.”
Jean, por sua vez, mira nas pressões internacionais. “Se for aprovada a anistia e o Supremo não derrubar, talvez seja por causa das sanções do Trump. Porque na hora que o Supremo quiser, eles inventam uma garoba ali, inventam uma coisa jurídica, aí diz que é antidemocrático e continua o Bolsonaro preso.”
Esperada e ovacionada. Assim ressoou o anúncio da condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro entre seus opositores. Nas ruas e nas redes, políticos brasileiros de esquerda repercutiram a sentença histórica.
“Espero que, daqui para frente, possamos ter a democracia como regra permanente”, assim anseia o deputado estadual Renato Roseno (Psol). Relembrando as tentativas de golpe que aconteceram com “lamentável frequência”, ele relata ao O POVO+ que a condenação de Bolsonaro e aliados representa uma reparação histórica.
“O Brasil devia isso à sua própria história. Os golpistas e torturadores de 1964 até hoje não foram responsabilizados. Isso naturalizou a violência (...) E que nunca mais vivamos golpes contra a vontade do povo”, comentou.
Amiga de luta e de partido, a vereadora Adriana Gerônimo (Psol) compartilha o sentimento de que a decisão do dia 11 de setembro de 2025 carrega um valor que ultrapassa os limites dos acontecimentos do presente, pois representa um exemplo para o futuro.
“A condenação de Bolsonaro e seus cúmplices mostra que a nossa democracia avança na mesma medida em que, em um país onde a maioria da população tem um sentimento de impunidade, a gente está dando uma resposta, no rigor da lei, para quem tentou atentar contra a nossa democracia”, relata.
Acompanhando o julgamento nos intervalos do trabalho e durante a noite, a vereadora relata que “o sentimento era realmente de muita angústia e de tomada de consciência do tamanho do buraco em que o Brasil poderia ter caído”.
Com a voz firme, antes de finalizar, Adriana faz um apelo que toma como um pedido de todo o país. “A gente também gostaria de ver sentado no banco dos réus o presidente que se omitiu de salvar vidas”, diz, em referência às mais de 700 mil mortes por Covid-19 durante a pandemia.
Em concordância com os aliados progressistas, a deputada estadual Larissa Gaspar (PT) reforça a simbologia da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). “Essa decisão lava a alma do povo brasileiro, que resistiu, enfrentou e nunca aceitou os ataques às instituições. É um marco para reafirmar que ninguém está acima da lei, nem mesmo um ex-presidente da República.”
Para ela é inevitável rememorar acontecimentos anteriores. “Vale ressaltar que é a primeira vez que militares são condenados por tentativa de golpe no país, uma reparação histórica com quem viveu o golpe de 1964, cujos perpetradores foram beneficiados pela Lei de Anistia”, completa.
Também do Partido dos Trabalhadores (PT), a vereadora Mari Lacerda trouxe parte do discurso da ministra Cármen Lúcia em sua fala. “Para nós, a condenação de Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal é marcada por um misto de sentimentos. Como bem afirmou a ministra Cármen Lúcia, tratou-se de ‘uma ação penal sobre o Brasil que dói’. Essa dor não é apenas dela, mas de todos nós.”
Ela complementa, em acordo com aliados, que a decisão e seu peso representam um avanço democrático imaculado para o povo. “Ao agir com firmeza, o STF deixou uma mensagem clara e necessária: o Brasil não tolera rupturas institucionais nem anistias que abram espaço para a repetição de tamanha barbárie”, finaliza.
Ex-deputada federal e adversária direta de Bolsonaro, Manuela D’Ávila (sem partido) sofreu e ainda sofre com ataques da direita brasileira devido à sua posição irrevogável de defesa da democracia.
Ativista, feminista e mãe, para ela, “o Brasil inteiro assistiu à democracia sair fortalecida com o julgamento de Bolsonaro. Assistir ao julgamento, depois de mais de uma década de luta para que ele seja responsabilizado por seus crimes — pois ele já cometia crimes enquanto deputado — é a certeza de que a justiça pode até tardar, mas não falha.”
Mesmo diante do silêncio de parte expressiva da direita após a condenação de Jair Bolsonaro, um pequeno grupo de apoiadores manteve, pelo nono dia consecutivo, uma vigília em frente ao condomínio Solar de Brasília, onde ele cumpre
Com bandeiras do Brasil e dos Estados Unidos, vestidos de verde e amarelo e carregando faixas com dizeres como "Volta Bolsonaro", homens e mulheres de diferentes idades levantaram as mãos em oração, cantaram hinos e entoaram cânticos cristãos. Alguns ajoelharam-se.
Uma imagem do ex-presidente feita de papelão em tamanho real foi colocada em frente a um carro de som durante a movimentação, que se repetiu ao longo de mais de uma semana a pouco menos de 400 metros do condomínio do ex-presidente.
A presença reduzida em número não diminui o simbolismo do ato: ainda que poucos, são prova da fidelidade e do engajamento inabalável de uma parte do eleitorado bolsonarista.
O líder do Partido Liberal (PL) na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), esteve na manifestação e pediu pela anistia e pelo "fim dos soluços" de Bolsonaro.
"Estou aqui hoje para agradecer a Deus, por vocês estarem aqui no nono dia de oração pelo presidente Bolsonaro, por sua família, pelos demais réus que hoje foram condenados com ele, bem como estamos orando por todos os outros patriotas que ao longo dos últimos meses estão sendo condenados por pura perseguição política", disse.
"Eu tenho convicção que a anistia será votada esse ano, nas duas Casas, inclusive derrubar o veto até dezembro, no máximo até fevereiro derrubar o veto do presidente", afirmou Sóstenes.
Segundo ele, nem mesmo o governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos), cotado como possível sucessor, seria uma opção para as próximas eleições no lugar de Bolsonaro.
“O Tarcísio é nosso aliado de primeira hora. Fez uma grande articulação nos últimos dias em Brasília. Trouxe o Republicanos para nos ajudar na anistia. Todos os méritos do Tarcísio. E é um grande aliado, um grande governador que nos orgulha muito. Agora, daí a querer lançá-lo como candidato ou não, não nos compete nem a mim e nem ele está se lançando candidato. Tive um jantar com ele a semana passada e ele falou: ‘Jamais me lançarei candidato a presidente da República. Eu sou soldado do presidente Bolsonaro’”.
Após a decisão do STF, Freitas usou o Instagram para se manifestar. "Se não se pode transigir com a impunidade, também não se pode desprezar o princípio da presunção da inocência, condenando sem provas", escreveu.
E continuou: "O resultado do julgamento, infelizmente, já era conhecido. Bolsonaro e os demais estão sendo vítimas de uma sentença injusta e com penas desproporcionais".
"A história se encarregará de desmontar as narrativas e a justiça ainda prevalecerá. Força, presidente. Seguiremos ao seu lado!", finalizou a publicação.
O PL reforçou a defesa da anistia de Bolsonaro nas redes sociais. No X (antigo Twitter), a sigla publicou: "Após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, o objetivo da oposição é conseguir pautar o projeto de anistia no Congresso Nacional".
"O Partido Liberal quer que a matéria tenha a urgência e o mérito votados na próxima semana, porém ainda não existe texto definido, nem um relator escolhido. Bolsonaro escolheu o Brasil e lutar pelo nosso povo. Apesar da perseguição e injustiça, sua voz segue firme e ecoa em milhões de brasileiros."
Já no Instagram, referindo-se a Bolsonaro como "Capitão", a sigla publicou um vídeo com uma retrospectiva da trajetória do ex-presidente e a seguinte legenda: "Não se apaga uma trajetória construída com o povo. Bolsonaro mostrou que uma nação que escreve sua história junto jamais será esquecida. Isso é o que acontece quando se governa pensando no bem do país e do povo".
A vereadora Priscila Costa (PL-CE) também se manifestou nas redes sociais. "Estão condenando o presidente Bolsonaro hoje, em setembro de 2025, porque não conseguiram assassiná-lo naquele setembro de 2018. Porque é esse o modus operandi da esquerda em todo o mundo", afirmou.
Ela citou exemplos internacionais e relacionou o julgamento a perseguições políticas.
"Da mesma forma, fizeram há poucos dias na Colômbia, onde assassinaram Uribe, a voz da oposição naquele país. Da mesma forma, nós presenciamos as imagens do presidente Trump, que enquanto corria sua campanha para presidente dos Estados Unidos, sofreu um atentado que quase tirou sua vida".
"Não conseguiram colocar Bolsonaro em um caixão. Então, agora eles querem colocar em uma prisão. Mas eles não irão silenciar a voz de milhões de brasileiros que lutam por justiça e liberdade. Nós não vamos nos calar."
Historiadora e estudiosa de Bárbara de Alencar, Raimundinha Feitosa compartilha sua análise e percepção do julgamento, que, para ela, não pediu licença poética, mas se fez poesia ao ser concretizado pelas mãos de uma mulher.
“Ao longo dos dias de julgamento, uma linha do tempo se formava na minha cabeça, e essa linha era permeada pela história das mulheres. No início, lá no comecinho dessa linha, a obscuridade que reinou sobre essa figura, ignorada em sua plenitude, quando a mulher não tinha direito a nada. E, no final, a mulher, representada pela nossa ministra Cármen Lúcia, mostrando-se, aliás, altiva, digna, capaz de decidir um julgamento tão importante para a nossa história”, comenta.
Grazielle Albuquerque, pesquisadora de política e sistema de justiça, estuda o Supremo Tribunal Federal (STF) procurou ler o julgamento de forma “técnica” para a pesquisa. Segundo a percepção dela, a Corte “formou um bloco com imagem mais definida sobre democracia”.
Há três dissidentes - Luiz Fux, André Mendonça e Kassio Nunes Marques - porém os demais ministros teriam dado “um recado importante em relação à democracia”. “A minha análise é de que como há muito tempo, você não via o Tribunal assumindo um rosto muito definido e ligado à democracia. Para mim é um saldo extremamente positivo”, considerou a pesquisadora.
A condenação entre no campo “histórico” e coroa o modelo constitucional elaborado em 1988. O Judiciário, conforme Grazielle, conseguiu cumprir exatamente uma das funções as quais foi instituído: fiscalizou outro poder, puniu e protegeu o estado democrático brasileiro. Em suma, não deixou a história se repetir.
Em complemento a Grazielle, o historiador Airton de Farias comenta sobre o recado dado: “Que sirva de alerta para que indivíduos que não respeitem a ordem constitucional ou os resultados eleitorais não se envolvam em aventuras de pretensões golpistas.”
Para o pesquisador, além da importância jurídica, o julgamento e a condenação ensinam às pessoas o valor e a fragilidade da democracia.
Bolsonaro e sete aliados — entre eles os generais Augusto Heleno e Braga Netto — foram condenados no âmbito da Ação Penal 2.668, que tratou do núcleo crucial da trama golpista.
Confira as penas aplicadas
O que acontece agora?
Reportagens exploram recortes e significados do ritual de julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e mais seis pessoas, acusados de tentativa de golpe e mais quatro crimes