De 1947 para cá, Fortaleza teve 14 eleições para prefeito e elegeu dez diferentes gestores: oito homens e duas mulheres. Por que o recorte de 1947 para cá? Porque aquelas eleições, 73 anos atrás, foram as primeiras escolhas de prefeitos pelo voto direto realizadas após a criação, em 1932, da Justiça Eleitoral, que passou a organizar o processo e, além disso, reunir as estatísticas eleitorais. Foi depois daí que o voto das mulheres foi permitido e, também, foi estabelecido o voto secreto.
A Justiça Eleitoral foi criada em 1932, mas o País vivia período de exceção, no governo provisório de Getúlio Vargas. Aquele então recém-criado ramo do Judiciário foi extinto pela ditadura do Estado Novo, em 1937, e recriado ao seu fim, em 1945. Desde as primeiras eleições depois dali, há estatísticas disponíveis e você confere aqui os dados sobre Fortaleza.
As duas mulheres eleitas foram Maria Luiza Fontenele (1985) e Luizianne Lins (2004 e 2008).
Quatro pessoas foram eleitas duas vezes para o cargo de prefeito no período: Acrísio Moreira da Rocha (1947 e 1954), Juraci Magalhães (1996 e 2000), Luizianne Lins (2004 e 2008) e Roberto Cláudio (2012 e 2016). Juraci havia exercido mandato antes, entre 1990 e 1992, ao herdar o cargo na condição de vice, quando Ciro Gomes renunciou.
De 1963 a 1984 não houve eleição para prefeitos de capitais, durante a ditadura militar.
Com a Constituição de 1988, passou a haver possibilidade de segundo turno, nos caso de nenhum candidato ter maioria absoluta de votos, 50% mais um dos votos válidos. Desde então houve sete eleições. Três foram decididas no primeiro turno: 1992, 1996 e 2008. Nas outras quatro houve segundo turno: 2000, 2004, 2012 e 2016.
Proporcionalmente, a eleição mais apertada dos últimos 73 anos em Fortaleza foi a de 1988, quando Ciro Gomes foi eleito com vantagem de 5.317 votos de vantagem sobre Edson Silva.
Em números absolutos, a menor diferença foi na última eleição antes da ditadura militar, quando o coronel Murillo Borges teve 1.306 votos a mais que Péricles Moreira da Rocha. Porém, na época o número de eleitores era muito menor (veja a razão ao final da matéria).
Também pode ser computado entre os resultados apertados a reeleição de Luizianne Lins (PT), em 2008. Não em relação aos adversários, pois ela venceu no primeiro turno, com mais votos que todos eles juntos. Porém, não houve segundo turno por uma diferença de 3.836 votos, o que a fez superar os 50% de votos válidos.
Já a vitória mais expressiva até hoje foi a de Juraci Magalhães em 1996. Ele obteve 520.074 votos no primeiro turno, 370.598 votos a mais que o segundo colocado, Inácio Arruda (PCdoB), e 217.933 votos a mais que todos os adversários somados.
Em números absolutos, a maior votação já obtida por um prefeito foi de 678.847 votos, para Roberto Cláudio (PDT), no segundo turno de 2016, na reeleição.
Em primeiro turno, a maior votação foi a de Luizianne, em 2008: 593.778 votos. Apesar da margem estreita, nenhum candidato a prefeito teve tantos votos quanto ela em um primeiro turno em Fortaleza.
Os números chamam atenção para o expressivo crescimento do eleitorado. Em 1947, Acrísio Moreira da Rocha se elegeu prefeito com 18.971 votos. Hoje há vereadores eleitos com mais votos que isso. Como mencionado acima, Roberto Cláudio se reelegeu com mais de 678 mil votos. No período anterior à ditadura militar, a maior votação de prefeito foi de Manoel Cordeiro Neto: 36.070 votos. Na primeira eleição após a ditadura, Maria Luiza teve 159.846 votos.
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Não foi apenas a população que aumentou. Houve mudança de legislação no meio do caminho. A partir de 1985, a emenda 25 à Constituição de 1967 garantiu o direito ao voto dos analfabetos.
Pessoas que não sabiam ler e escrever já haviam tido direito ao voto no período colonial e no Império, até 1881, quando houve a exclusão. O impedimento num País de sistema de ensino incomparavelmente mais precário que o de hoje deixava a maioria da população fora do processo eleitoral. A proibição se manteve com a República, até 1985.
Em 1962, última eleição pré-ditadura, houve 103.976 votos válidos em Fortaleza. Em 1985, foram 465.203. Em 2016, o número chegou a 1.286.510. Este ano, 1.821.328 eleitores então aptos a votar.
Segundo o TSE, foi por causa do voto dos analfabetos que números passaram a ser usados no sistema eleitoral para identificar os candidatos. Isso por se considerar mais fácil, para quem não sabe ler e escrever, reconhecer a sequência de números que de letras. Na época do voto em cédula, era preciso escrever o nome dos candidatos a vereador ou deputado. Quando os analfabetos começaram a votar, os candidatos ganharam número, que podiam também ser anotados na cédula.
Na década de 1990, o uso dos numerais foi universalizado com a adoção da urna eletrônica.
Datafolha Fortaleza: Capitão Wagner 30%, Sarto 27%, Luizianne 15%
Resultados por regiões de Fortaleza na pesquisa Datafolha
Fortaleza: resultados de todas as pesquisas para prefeito
Ibope Caucaia: Naumi 45% x 22% Vitor Valim
Ibope Maracanaú: Roberto Pessoa 55%, Julinho 24%
Ibope Sobral: Ivo Gomes 56% x 33% Oscar Rodrigues
Ibope Crato: Zé Aílton 44%, Dr Aloísio 18% e Arthur de Zé Adega 17%
Datafolha São Paulo: Covas tem 32%, Boulos 16%, Russomanno 14% e França 12%
Datafolha Rio de Janeiro: Paes, 34%; Crivella, 14%; Martha Rocha, 11% e Benedita, 8%
Capítulo 1: Maria, a redemocratização e a surpresa nas eleições de 1985
Capítulo 2: Começa a parceria entre os Ferreira Gomes e Tasso Jereissati
Capítulo 3: A Era Juraci Magalhães, 15 anos no poder
Capítulo 4: Cambraia, o poste eleito. E, de novo, Juraci
Capítulo 5: Luizianne Lins e a Fortaleza Bela
Capítulo 6: A eleição e o legado de Roberto Cláudio
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Série mostra o cenário eleitoral nas macrorregiões do Ceará