
Em 10 anos, uma pesquisa saiu dos laboratórios do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM) da Universidade Federal do Ceará (UFC) para aliviar a dor dos pacientes queimados. Coordenador geral da pesquisa com pele de tilápia, Edmar Maciel Lima Júnior, conta sobre o processo desde o início, quando foi ao Castanhão aprender sobre piscicultura, até o recente contrato de licenciamento que vai permitir uso da pele de tilápia como curativo biológico em larga escala.
Após edital de seleção e uma série de negociações, a UFC, no início de novembro, assinou contrato com as empresas Biotec Solução Ambiental Indústria e Comércio Ltda. e Biotec Controle Ambiental Ltda., por meio do consórcio Biotec’s, para licenciamento da tecnologia. O médico explica o diferencial da pesquisa e os diversos novos usos e produtos derivados, como o colágeno puro e a matriz dérmica. Com 50 anos na medicina, o cirurgião plástico fala do orgulho de liderar o projeto.

O POVO - Queria que o senhor falasse um pouco de onde o senhor é, onde o senhor cresceu?
Edmar Maciel - Eu nasci em Fortaleza, fiz a minha faculdade aqui na Universidade Federal do Ceará, seis anos. Depois fiz dois anos de residência de Cirurgia Geral, aqui em Fortaleza, e fiz cinco anos de residência de Cirurgia Plástica no Rio de Janeiro, quando retornei a Fortaleza em 1990.
OP - E o senhor sempre quis ser médico? Tinha algum médico na família? Como é que foi isso?
Edmar Maciel - Eu sempre quis ser médico. Eu tenho um tio, irmão da minha mãe, que era médico cirurgião plástico, faleceu no ano passado e eu acho que foi um dos principais motivos que me inspirou não só na medicina como na cirurgia plástica. Porque quando eu voltei em 1990 e, antes também, trabalhei muito com ele. Tínhamos consultórios juntos, éramos sócios. Tinha um vínculo muito grande de amizade.
OP - Como era o nome dele?
Edmar Maciel- Oscar Costa de Castro. Então, ele foi a grande inspiração, com certeza.
OP - Pelo que o senhor já falou, teve essa influência dele na escolha pela cirurgia plástica. Como é que foi a escolha em trabalhar com queimaduras?
Edmar Maciel - Bom, a escolha principal da cirurgia plástica, eu diria que foi por causa dele, porque eu via, nós morávamos praticamente juntos, vizinhos, e eu vi o dia a dia dele. A cirurgia plástica, quando eu estive no Rio, passei seis meses fazendo um estágio no Hospital da Força Aérea do Galeão, que era o hospital top na época no Brasil em tratamento de queimaduras.
Quando retornei a Fortaleza em 1990, eu já era do Instituto Dr. José Frota (IJF) e fui lotado no Centro de Queimados. Um ano depois, eu assumi a chefia do Centro de Tratamento de Queimados. Permaneci na chefia durante 12 anos, até 2002, e mesmo assim fiquei muito tempo trabalhando no Centro de Queimados, é uma coisa que eu gosto muito. Além da minha clínica privada, que aí era a parte da cirurgia estética.
Mas na cirurgia reparadora, eu sempre me identifiquei muito com o paciente queimado. É um paciente que tem um sofrimento muito grande. Longo período de internação, longo sofrimento de dor. Isso envolve na cirurgia plástica um conhecimento muito grande para tratar queimados. Então, sempre me identifiquei muito com essa área.
OP - Tinha mais alguém da família que é também da área da da saúde. Seus pais?
Edmar Maciel - Meus pais não, mas familiares, sim. Vários da área da saúde, médicos, dentista, mas meus pais não. Minha mãe era professora e meu pai também, professor e advogado.
OP - Eu queria que o senhor falasse como surgiu a ideia de utilizar a pele da tilápia com queimados.
Edmar Maciel - Eu já vinha com pesquisas com a Coelce, na época — hoje, Enel — desde 2011. Pesquisas na área de queimadura por choque elétrico e essas pesquisas tiveram uma notoriedade muito grande. A gente publicou livro, escreveu artigo.
Um colega de Pernambuco, Marcelo Borges, teve a ideia do uso da pele da tilápia esterilizada no glicerol para queimaduras. Ele não conseguiu viabilizar isso em Pernambuco. Eu acho que dois fatores o impediram de fazer isso. Um foi a falta de recursos e o outro foi a estrutura como essa que você está vendo aqui no núcleo de pesquisa da universidade (o Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos), que é essencial para se caminhar com a pesquisa.
Então, em conversa com ele, resolvemos trazer a pesquisa para cá. Eu consegui o financiamento da Enel. O diretor daqui na época, 10 anos atrás, que ainda é o mesmo, Odorico Moraes, além de ter sido meu professor, é parente. Então, ele ficou encantado com a pesquisa, a possibilidade de fazer.
Foi quando, por coincidência, inaugurou o Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos. Então, juntou esses fatores e a gente começou com o primeiro produto que foi a pele da tilápia no glicerol, financiada pela Enel. Esse produto, a patente, a titularidade, eu detenho 32%, a Enel detém 25%, a universidade detém 25% e o Marcelo detém 18%.
Outros produtos surgiram a partir de 2018, quando nós já tínhamos terminado o contrato com a Enel, o Marcelo tinha saído do grupo de pesquisa e três novos produtos vieram. Uma é a pele liofilizada, que tem a mesma função da pele no glicerol, mas a diferença é que a pele no glicerol tem que ficar numa geladeira de 2ºC a 4ºC. Quando você vai transportar para outro estado, outro país, é uma logística e um custo altíssimo.
E esse produto (a pele de tilápia liofilizada), como tá aqui, fica em cima da mesa, em uma prateleira por até três anos. Essa pele liofilizada é um produto que a gente diz genuinamente cearense, que a ideia nasceu aqui, foi desenvolvido todo aqui no NPDM, a parte de laboratório e animais, e a parte clínica começaram as aplicações no IJF e, hoje, tá em vários estados, em vários países.
Esse produto, a Universidade detém 50%, eu detenho 43% da titularidade e o Marcelo 7%, porque foi uma permuta que eu fiz com ele no primeiro produto. Depois, desenvolvemos mais dois produtos. A matriz dérmica, que é essa pele sem as células do peixe, sem as escamas, é um produto que está em desenvolvimento para uso interno no organismo e a extração do colágeno. Todos os dois produtos a universidade detém 50% e eu detenho 50%.
OP - Quando o senhor fala resumindo assim, para quem de fora até parece fácil, só que não é. Quando se fala de pesquisa para ser desenvolvida na universidade, tem a questão financeira e de colocar ali na prática, né? Para os pacientes. Eu queria que o senhor falasse sobre isso. Essa segunda pesquisa da pele liofilizada, teve algum patrocínio? Como é que foi o processo?
Edmar Maciel - Nessa segunda pesquisa, o patrocinador foi o grupo Unichristus. Você imagina a gente fazer uma pesquisa no Brasil, setor público, no Nordeste, no Ceará? Então, eu acho que esse foi o grande diferencial que eu já vinha com a pesquisa antes.
Nós unimos os três setores: o setor público, Universidade e IJF, onde a gente desenvolve a pesquisa; o setor privado apoiando financeiramente, no caso do primeiro produto, a Enel, no segundo, a Unichristus; e o terceiro setor, que é a entidade que eu presido, Instituto de Apoio ao Queimado, que é um instituto de reabilitação de pacientes vítimas de queimadura, foi o instituto que geriu toda a parte administrativa e financeira da pesquisa.
Então, normalmente se fala em parceria público-privada, nós fizemos uma parceria dos três setores. Obviamente, as dificuldades são inúmeras, em tudo por tudo, independente dos três setores. Mas eu acho que nós tivemos uma outra grande vantagem.
É uma gestão horizontalizada, onde todos participam, cada um na sua área, apresenta trabalho, ganha prêmio, publica, viaja. Isso é uma coisa muito boa, porque, hoje, são 388 pesquisadores espalhados em 10 estados no Brasil, nove países. (...) A gente criou 23 coordenadores de área.
Primeiro, porque a gente não podia dar conta de cada área, do conhecimento de cada área. A gente tem um coordenador da área de cirurgia cardíaca, vascular, cirurgia plástica, geral, odontologia, histologia, laboratório e por aí vai. Porque assim todos dominam aquela área e a gente tem quatro grandes coordenadores que absorvem tudo isso.
OP - Quem são esses quatro coordenadores?
Edmar Maciel - Eu sou coordenador geral da pesquisa. Nós temos mais quatro coordenadores. O Odorico Moraes, que é o coordenador do NPDM e dos ensaios pré-clínicos. O coordenador desse laboratório que nós inauguramos agora, recebemos há 15 dias (quando a entrevista foi realizada), é o Carlos Paier e o Felipe Rocha. E a professora Elizabete Moraes é a coordenadora de ensaios clínicos em humanos. Então, a gente tem esse grupo. Fora isso, os 23 coordenadores de área.
OP - Qual é o diferencial? Por que a pele da tilápia é tão efetiva e faz tanta diferença quando se trata do queimado? Como o senhor falou, é um tipo de tratamento que é muito doloroso, muito demorado.
Edmar Maciel - Quando a gente começou a pesquisa, tinha-se uma ideia. Para essa ideia ou esse sonho se concretizar, a gente precisava ter embasamento científico. O primeiro passo foi viajar para o Castanhão, conhecer o que é uma piscicultura, conhecer o que é um tanque-rede, conhecer ração, antibiótico, conhecer tudo isso.
Depois, trouxemos os peixes para cá e o grupo da histologia, coordenado pela professora Ana Paula Negreiros, que é dentista e coordena a histologia, detectou que a pele da tilápia tem uma proteína colágeno tipo um, importantíssima no processo de cicatrização e em quantidade superior à pele humana.
Eu acho que isso foi o start, o grande diferencial pra gente continuar, porque se dissesse: "Olha, não tem característica nenhuma, não tem nenhum produto que agrega". Nós temos experiências com pele de rã, que um colega de Goiás há 30 anos tentou desenvolver, mas não levou avante. Pele de porco, que é o que se usa no mundo, pele humana dos bancos de pele.
Então, o pontapé inicial foi esse. E a partir daí foram feitos inúmeros estudos de tensiometria, resistência à tração. Os estudos da área de contaminação, microrganismo, foram estudar todos os microrganismos.
OP - Ela também tem uma baixa contaminação, né?
Edmar Maciel - Detectamos a ausência de contaminação nos pacientes estudados, não vimos nenhuma rejeição ou infecção nesses pacientes, mas essa pele liofilizada passa por todo um preparo. Após isso, ela vai a São Paulo, é irradiada a 25 quilo-grays, em irradiação gama, que garante que mata além das bactérias, vírus também.
OP - Depois, apareceram outros usos, né? Pacientes transexuais, pacientes que tiveram câncer de útero, animais. Como são esses esses outros usos da pele da tilápia?
Edmar Maciel - Vamos falar da pele da tilápia liofilizada, que é a que a gente vem usando desde 2018. Além do sucesso nas queimaduras, nas mais diversas profundidades, segundo grau superficial, segundo grau profundo e terceiro grau, o Dr. Leonardo Bezerra, da Maternidade-Escola (Assis Chateaubriand) e o seu grupo tiveram a ideia de usar em uma síndrome rara chamada Mayer-Rokitansky-Kuster-Hauser.
São mulheres que nascem sem vagina. Isso é detectado normalmente aos 12, 13 anos, quando não tem a menstruação e também quando procuram ter relações sexuais.
Ele começou a estudar isso nessas pacientes com sucesso muito grande, inclusive com estudos histológicos comprovando que após um ano o local onde tinha sido colocada essa pele para regenerar, para cicatrizar, as biópsias mostravam que tinha um epitélio vaginal, uma área que era cruenta, tipo uma ferida, transformou-se em epitélio vaginal. Além disso, essa área da vagina produziu secreção, lubrificação para a penetração do ato sexual sem dor. Então, foi um sucesso.
Aí Leonardo levou também para São Paulo, para a USP e para a Unicamp, em mulheres que tinham câncer, eram submetidas à irradiação e, por isso, havia um encurtamento ou diminuição do canal vaginal. Passou-se a reconstruir o canal vaginal dessas pacientes.
Um colega cirurgião plástico, em Cali, na Colômbia, viu tudo isso e a especialidade dele é fazer a redesignação sexual de homem para mulher, que é uma cirurgia muito complexa. Você tem que retirar o pênis, os testículos. Reconstrói, às vezes, a vagina com parte do intestino, tem que abrir a cavidade abdominal, com pele da virilha, tem muitas dificuldades e morbidades.
Nós levamos um ano para fazer isso, quando eu e o Leonardo fomos até Cali vê-lo operar e começou um projeto nessa área que hoje ele tem mais de 300 pacientes operados em Cali, inclusive com trabalhos publicados no mundo todo dando conferência e ganhando prêmio. A partir daí e paralelo a isso, vieram as feridas em animais, as feridas em cavidade oral na odontologia, as gengivites.
Hoje, está sendo estudado também nas úlceras varicosas, pacientes que têm problemas de retorno venoso. Então, uma gama de opções. Precisa ainda ser estudado em muitas outras áreas, principalmente na área de feridas. Mas esse caminhar foi um passo a passo de cada especialidade querendo estudar e desenvolver.
Nós temos inúmeras solicitações de outras áreas. Eu sempre digo que é porque a gente precisa ter perna para andar, braço para trabalhar e recurso financeiro para manter tudo isso.
OP - Também tem a perspectiva de utilizar de forma estética, como em cremes. Como é que é isso? Quais são esses outros usos?
Edmar Maciel - Aí é do produto extração do colágeno. Dessa pele, se extrai colágeno puro, que tem algumas opções. Uma é nutracêutica, como complemento alimentar que se tem em cápsulas. Outra, colágeno creme para hidratar o corpo, que se usa demais.
E o outro, o colágeno como spray ou pomada também para queimaduras e feridas. Esse é um dos produtos que está em estágio mais inicial da pesquisa, já temos os métodos para desenvolver distração e agora necessitamos começar as aplicações, seja em humanos, seja em animais.

OP - Doutor, recentemente foi feito o licenciamento para a comercialização. Como é que isso funciona?
Edmar Maciel - A Universidade Federal do Ceará e os outros inventores e cotitulares, que sou eu e o Marcelo. Como eu disse, a pele liofilizada, a universidade detém 50%. Eu detenho 43% e o Marcelo 7%. Nós resolvemos sobre a organização da universidade, que é pública, tem que ser feito com as exigências públicas.
Foi feita uma chamada pública para que as empresas se candidatassem, um edital de seleção. Isso foi iniciado em janeiro deste ano, concluído em julho. Somente agora em outubro foi assinado esse contrato e a empresa vencedora é o consórcio Biotec. É uma empresa que constrói laboratórios, salas limpas, biotérios.
Ela agora vai pegar esse produto, registrar na Anvisa e fazer o desenvolvimento industrial, construir a fábrica dela e ela vai comercializar no Brasil e no exterior. Toda parte de negociação, de comercialização é dela. A nossa parte é pesquisa.
Se a empresa Biotec precisar de melhoramento, aí nós vamos através de pesquisas, a gente passa a desenvolver outros produtos, dependendo da demanda da empresa ou de outra empresa. Mas a parte comercial desse produto, a pele liofilizada, é com a Biotec.
OP - Se o senhor pudesse, a partir da sua experiência, ensinar como se faz para pegar todo esse conhecimento que a universidade tem e realmente colocar na prática, que é muito difícil… Como seria? Tem o conhecimento em si, mas tem que ter essa articulação com outros entes. Qual é esse segredo do case da pele da tilápia? Além, claro, do mérito da pesquisa em si.
Edmar Maciel - É uma somatória de fatores, como alguns você disse, né? Uma é a gente, nosso grupo ter descoberto essa proteína. Outra, é a maneira como esse grupo é formado, com pessoas selecionadas numa gestão horizontalizada.
A expertise que a gente tem de tratamento de queimaduras com outros tipos de pele favoreceu. O network que a gente possui, o nosso grupo, não só de centros de queimados no Brasil, como na América do Sul, em outros países, isso facilita bastante não só no conhecimento como na montagem da equipe.
Ter conseguido os patrocinadores para esses dois produtos, né? Muito importante isso. Eu digo que tem que ter o conhecimento, tem que ter um pouco de fator sorte, financiamento, a mão de Deus, né? Então, vários fatores que fazem com que a gente consiga chegar e ter sucesso para tentar ver se esse produto e os outros chegam na rede pública, que é o que a gente quer, é o objetivo final.
Você imagina assim, a gente tá tirando um produto de uma bancada que não era nada, era um sonho e conseguindo chegar no paciente, que é a ponta fina quem precisa.
OP - O senhor fala muito como pesquisador, articulador, a parte técnica. Mas como o médico que acompanha tantas pessoas e com casos tão graves de queimadura, com sofrimento muito grande, com muita dor, saber que depois de todo esse processo, de toda essa luta, realmente pode ter um produto que vai ajudar a vida das pessoas e diminuir o sofrimento delas?
Edmar Maciel - Dos meus 48 anos de medicina, foram 40 trabalhando com queimados e, como você disse, uma dor e um sofrimento muito grande. Eu a vida toda trabalhei no IJF, rede pública. Entrei na pesquisa e o grupo inicial me colocou como coordenador porque eu já vinha da pesquisa, da presidência do Instituto de Apoio ao Queimado, da gestão no IJF.
Então, é um orgulho grande tá dentro do grupo de pesquisa no dia a dia com um grupo seleto de 388 pessoas, continuar coordenador e saber que a gente tá no Nordeste, no Ceará, dentro universidade pública, fazendo pesquisa de ponta.
Eu não conheço, nos meus 50 anos de medicina, uma pesquisa que em 10 anos tenha ganhado 27 prêmios em primeiro lugar, publicado 45 artigos científicos com esse número de pesquisadores envolvidos. Nós estamos nos cinco grandes seriados internacionais: The Good Doctor, Grey's Anatomy, Vampiro, The Resident e One Piece.
Participamos de missões diminuindo dor e sofrimento: incêndios na Califórnia, incêndios em Uberaba, Pantanal, missão no Líbano, em Beirute. Então, a pesquisa tomou um vulto porque tem um grupo comprometido com isso. Não é uma pessoa, não é um coordenador, é um grupo que faz parte. Então, pra gente é uma gratificação muito grande.

OP - O senhor fala no começo que foi lá no Castanhão, né? De onde vem essa matéria-prima, essas tilápias?
Edmar Maciel - Hoje, nós temos dois convênios de pesquisa. Um é o Castanhão, foi o que nós começamos. Qual é a diferença? No Castanhão, os peixes, em alguns momentos, ficam maiores. Vai de um 1kg a 1,2kg. A pele é maior e a espessura também tem mais colágeno, mais proteína.
Logo em seguida, nós conhecemos uma piscicultura que tem em Itarema, a Bomar, maravilhosa e também nos fornece pele com muita qualidade. E esses peixes de lá, que variam de 800g a um pouco mais, a pele é um pouquinho menor e o derma também.
Isso para um dos nossos produtos que é a matriz dérmica, que é usado na oftalmologia veterinária nas úlceras de córnea… Como nós precisamos de uma espessura mais fina para neurocirurgia, recobrimento de calota craniana, meningoplastia, a gente precisa de uma espessura mais fina, então, a gente tem hoje dois fornecedores, Castanhão e a Bomar. Mas todos com excelentes qualidades, inclusive, usando também nas queimaduras, nas úlceras varicosas.
OP - Doutor, e depois de quase 50 anos de medicina, dessa pesquisa, o senhor já se sente realizado? Ainda tem algum sonho como médico, como pesquisador?
Edmar Maciel - Eu diria que sonho não. Eu tenho em mente, como eu sempre faço na minha vida, programar, eu sei que eu não vou ficar coordenador o tempo todo, até porque é importante que outras pessoas venham porque têm mais conhecimento ou vão contribuir de outra maneira, gerir de outra maneira.
Eu já tô com 69 anos, fiz agora. Então, é importante que a gente saiba o momento de parar, né, com prudência. Temos outros produtos para serem desenvolvidos. Acho que começaremos a desenvolver isso agora, porque com a transferência de tecnologia, recursos virão, não só para a universidade, como o NPDM, como para os inventores.
Então, tem outros produtos que a gente tem em mente desenvolver, mas aí esse grupo é muito jovem, então vai tocar esse barco bem direitinho.

Comercialização
O prazo máximo para início da comercialização do curativo é de cinco anos para humanos e de três anos para animais, devendo a empresa realizar a produção ou prestação de serviço em quantidade suficiente para atender à demanda do mercado.
Novo laboratório
Foi inaugurado no dia 31 de outubro deste ano Laboratório de Pesquisa da Pele de Tilápia, localizado no NPDM, no Campus do Porangabuçu, em Fortaleza. O espaço físico do novo laboratório de pesquisa é composto por uma área central, com três bancadas, e quatro salas anexas.
Publicações
Pesquisa tem mais de 45 publicações em revistas nacionais e internacionais; mais de 1150 matérias na mídia em 62 países; e 27 prêmios em primeira colocação. O estudo já fez parte de 105 projetos de pesquisa; 56 pesquisas de especialização, 34 de mestrado, 19 de doutorado e 3 de pós-doutorado.
Grandes entrevistas