Repórter especial e cronista do O POVO. Vencedor de mais de 40 prêmios de jornalismo, entre eles Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), Embratel, Vladimir Herzog e seis prêmios Esso. É também autor de teatro e de literatura infantil, com mais de dez publicações.
Procuro algum candidato à prefeitura de Fortaleza da mesma cepa de Rosa da Fonseca. Terá meu voto e, mesmo que jornalista de Redação não possa declarar preferência (e concordo), berraria publicamente em justa rebeldia.
Sim, sim, porque num pleito recorrente de machos, uma Rosa seria apenas a terceira tentativa de Fortaleza ter uma mulher pensando diferente a Cidade que não se descola do perene machismo atávico das eleições.
Vou pra sexta década de existência e, se eu não abotoar nos próximos três anos, vou defuntar tendo experimentado a Cidade encabeçada por apenas por duas mulheres: Maria Luiza e Luizianne Lins. De 1822 para cá, foram 80 homens contra duas garotas.
A moça é um espinho de pé de macaúba no olho dos machos que decidem, todo pleito, quem será o próximo parça
Luizianne, aliás, está na história da política local como a mulher que bate de chapa com a casta de machos do Partido dos Trabalhadores. Clube do Bolinha tão machista quanto qualquer outro partido brasileiro.
Pode até ser um projeto individual de poder dela; pode ser o machismo que cola também em meninas no "lar", na escola, na igreja, nas brincadeiras, no sexo, na rua, na universidade... mas a moça é um espinho de pé de macaúba no olho dos machos que decidem, todo pleito, quem será o próximo parça a desfrutar do poder.
Rosa da Fonseca, antes de nos deixar há dois anos, já era o ideal ou a utópica precisão de uma política menos falocêntrica e menos violenta.
Correu dos machos? Não. Entendeu que precisava ser mais verbo e ação
Reverencio-a, não porque se foi, Rosa da Fonseca! Fi-lo em vida. Foi vereadora e resolveu voltar às ruas para lutar pelo que realmente acreditava. Poderia ter feito carreira como deputada, senadora, tentado ser prefeita e governadora.
Diria que teve méritos comunitários e deixou outra ideia de fazer política. E, agora, inverto o que escrevi lá em cima: nada utópico. Realista sim e removedor dos que nos embaçam os olhos e nos tornam senso comum eleição após eleição.
Eleitores carentes de um "juízo de Deus", permanentemente "colonizadores e colonizados"
É que somos... meio que me apropriando do que disse Zé Celso Martinez num embate com o espírito macho de Bárbara Heliodoro... eleitores carentes de um "juízo de Deus", permanentemente "colonizadores e colonizados", "vitorianos", machistas inarredáveis de geração em geração. Quase não muda nada!
Assim, vamos nos acostumando com machos que ausentam mulheres do poder nas cidades. Apenas vice e do primeiro escalão para baixo e por imposição legal. O pior é que eles sempre "conquistam".
Talvez porque os filhos e as filhas dos filhos e das filhas dos filhos e das filhas... continuem sendo adulterados na macheza do menino.
Rosa da Fonseca pregaria anular o voto, descontribuir a alternância de machos empoleirados
Talvez, no machista menos viripotente. Difícil ter. No que mais disfarça não ser da permanência máscula do patriarca, do ungido por Deus para "guiar" a vida pública (e privada) na Cidade que nos pariu.
Evoé, Rosa da Fonseca e Zé Celso!!! Votaria nela para prefeita bacante de Fortaleza e ele de vice-bacante. Contra a caretice de sempre machos no poder.
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