
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
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A semana foi movimentada pelo aparecimento dos primeiros números públicos sobre a corrida eleitoral no Ceará. A parte da população que se interessa pelo assunto a essa altura dispõe de um cenário estatístico, enfim, a partir do que se colhe como intenção de votos, para entender melhor os movimentos que acontecem, em especial os visíveis, com foco em algo que parece tão distante, que é o dia 4 de outubro de 2026. Somente daqui a um ano, portanto.
Há surpresa? Não, nem mesmo para quem acompanha a política a distância deve gerar espanto perceber que, de um lado, o governador Elmano de Freitas (PT) representará uma força competitiva caso decida disputar reeleição, e, de outro, que Ciro Gomes, com todo o histórico que carrega em 40 anos de presença no cenário político (nacional, inclusive) - currículo que inclui quatro candidaturas à presidência - surge no retrato de hoje como melhor opção do bloco oposicionista, caso decida voltar à cena local.
À coluna interessa entender o impacto que tudo isso pode ter nas articulações, independentemente do instituto em questão (Real Big Time) ter credibilidade maior ou menor, nas movimentações de cada aliança. Conversando com gente que conhece os humores internos dos blocos organizados, inclusive quem participa de algumas conversas, pode-se garantir que o efeito é nenhum. Inclusive, porque não há movimentação especial perceptível no âmbito público como efeito direto de alguma revelação nova apontada pela pesquisa.
A própria performance de Ciro, que aparece numericamente à frente de Elmano nas simulações em que os dois medem forças, embora tecnicamente empatados, não gerou excitação extra. Talvez iniba um pouco, como impacto direto esperado, o discurso que se tentava emplacar de que a entrada do (ainda) pedetista na briga complicaria fortemente a vida do governador no seu projeto de reeleição, já que as especulações faziam crer que as pesquisas internas estariam apontando uma larga vantagem do oposicionista. Neste caso, se existe, ela não se manifestou.
O nome de Ciro é forte e se sabe disso desde sempre. O que representa que larga bem, mas não há garantia de que tenha fôlego para seguir com a mesma tocada até o final. Há respostas que ele por enquanto não oferece de público e que determinarão os rumos de sua candidatura ao governo do Ceará, caso ela aconteça. Para ter o apoio dos bolsonaristas, por exemplo, aceitará rever sua visão muito crítica sobre o que Jair Bolsonaro há representado de mal para a política brasileira devido às suas práticas de sempre? De outra parte, caso se recuse terá apoio deste grupo, o que parece decisivo para tornar a ideia eleitoral viável?
Do lado governista, uma fonte deu de lados para os números tornados públicos na semana. Sua leitura é de que existe uma informação embutida que não aparece precificada e que será determinante para os resultados eleitorais do próximo ano: a capacidade de influência dos grandes líderes, citando-se (deste lado, claro) o ministro Camilo Santana e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, este último com grande possibilidade de estar na chapa, liderando-a no plano nacional para uma tentativa de quarto mandato. "Por aqui é que a coisa vai se decidir", ouvi.
O caso de Camilo Santana parece, no quadro cearense, ainda mais representativo porque seu nome é, sim, guardado como uma das alternativas (a última delas, certamente) de candidatura ao governo. Não é o que ele quer, não diz respeito ao interesse de Elmano de Freitas, claro, não está na primeira página do plano eleitoral do PT para 2026, mas as circunstâncias determinarão se haverá necessidade de partir para o tudo ou nada. É onde ele entraria.
Os bolsonaristas tentam aproveitar o grave episódio envolvendo a deputada federal cearense Luizianne Lins, do PT, para criar uma equivalência indevida com a situação que atinge Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Alega-se que ela, mesmo ausente do País, poderia votar quarta-feira no PL da isenção do Imposto de Renda, demonstrando que é possível cumprir as obrigações do mandato mesmo no exterior.
A questão é que, ao contrário dele, a petista pediu autorização à mesa diretora da Câmara para viajar, comunicou que iria participar da flotilha rumo a Gaza etc, enquanto o filho do ex-presidente escolheu ir morar nos Estados Unidos, não avisou a ninguém e de lá quer tocar o mandato.
Sem contar, como outra diferença importante, que Eduardo trabalha de onde está, abertamente, contra os interesse do País cujo Congresso integra. O Brasil, pra ficar claro.
O ato forte do PSB na noite de sexta-feira, com direito até à presença em Aquiraz do presidente nacional, João Campos, serve de mais uma pressão no grupo governista. Aproxima-se o momento das coisas serem decididas, quanto à distribuição dos cargos na chapa entre todos os grupos, e este movimento representa um sinal àqueles que ficarão com a palavra final: Cid Gomes e seus aliados querem tratamento de primeiro aliado e fazem por onde merecê-lo.
Para recordar, o partido somou mais oito prefeitos e passou a ter 72 no rol de filiados, avançando mais algumas casas no jogo pela disputa de poder que está sendo jogado.
Entrando um pouco no mérito no que aconteceu sexta no Eusébio, parece meio bagunçado um cenário no qual uma figura ora está na extrema-direita, aliada àquilo que representa o pensamento bolsonarista, e, ora seguinte, aparece numa sigla que tem "socialista" no nome.
O movimento do influente ex-prefeito Acilon Gonçalves, que liderou a festa do PSB na semana, voltando à sigla, parece boa para ele, excelente para o partido, anima políticos como o senador Cid Gomes, mas, na essência, diminui bastante o sentido de política da decisão. De "P"olítica, na verdade.
À medida em que o tempo vai passando e as reações no governo estadual à história do desmatamento em área próxima ao Aeroporto seguem tímidas, no máximo protocolares, o vereador Gabriel Aguiar, do Psol, vai aumentando o tom de seu incômodo com a postura de uma gestão que seu partido apoia e da qual até participa.
Por exemplo, a multa de R$ 200 mil contra a Fraport, aplicada pela Semace, ele define como "piada de mau gosto". A crise deve ser administrada com cuidado porque é um político popular numa área sensível a um governo de linha progressista e, em outra perspectiva, que tende a estar na campanha de 2026 saltando da Câmara de Fortaleza para tentar um mandato estadual ou federal.
Os números são incontestes e, estivéssemos em tempos normais, bastariam para inibir o discurso oposicionista nacional de que o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, circula hoje pelo mundo como verdadeiro "anão diplomático".
Na passagem dele recente por Nova York, para participar da Assembleia Geral da ONU, o Itamaraty diz ter acumulado 116 pedidos de encontros bilaterais, 80 dos quais com chefes de Estado. Houve, ainda, 163 convites para participação dele em eventos sobre mudança do clima, paz e segurança, desenvolvimento, saúde, ciência e tecnologia, entre outros temas multilaterais.
Convenhamos, não são números de um líder que pareça isolado no complexo contexto geopolítico global.
Cláudio Pinho (PDT), que teve as contas de 2018 desaprovadas pela Câmara de Vereadores de São Gonçalo do Amarante, de quando era prefeito, se diz "perseguido politicamente". A história é meio confusa mesmo, considerando que votação anterior pelo mesmo legislativo deu as contas por aprovadas. O fato é que, a preço de hoje, o combativo deputado está inelegível
José Guimarães (PT-CE), hoje líder do governo Lula na Câmara Federal, estaria na conta dos 15 senadores que o Palácio do Planalto espera eleger no Nordeste. O primeiro desafio será viabilizar a candidatura, na verdade, já que se desenha um cenário de dificuldades para a legenda emplacar dois nomes na chapa majoritária
André Figueiredo (PDT-CE) volta a ter o nome especulado no ministério de Lula, agora em relação à vaga aberta na pasta de Turismo com a saída de Celso Sabino (União Brasil-PA). Os pedetistas andam cobrando mais participação (cargos) e o nome de Figueiredo soa muito bem no Planalto sempre que é citado. Daí a virar ministro, porém, é uma longa caminhada política.
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