Eleições: quem perdeu e quem ganhou com o motim da PM?

Publicado 01:55 | 02 de Mar de 2020 Tipo Análise

Presidente da AL, José Sarto, convoca reunião do Colégio de Líderes da Assembleia para decidir agenda de votações neste fim de semana (Foto: Divulgação ) — Foto: Divulgação Presidente da AL, José Sarto, convoca reunião do Colégio de Líderes da Assembleia para decidir agenda de votações neste fim de semana

Há alguns personagens da política cearense que saem por baixo com a paralisação dos policiais militares, como o ex-deputado federal Cabo Sabino (Avante). Outros ficam chamuscados, a exemplo do federal Capitão Wagner (Pros), que entrou mal e saiu pior no meio dessa crise.

Entre mortos e feridos na arena das disputas eleitorais, o deputado Soldado Noelio (Pros) e o vereador Sargento Reginauro tentaram trabalhar com redução de danos depois de acordarem uma proposta que depois seria recusada pela tropa. Foram desautorizados publicamente e suas lideranças, questionadas.

Mas talvez ninguém tenha perdido mais do que Wagner. Primeiro, porque é umbilicalmente ligado à PM. Segundo, porque lidera prognósticos na corrida pela Prefeitura de Fortaleza. Em qualquer cenário, seja com vitória ou derrota dos policiais, o deputado federal tinha muito a perder. E perdeu. Manteve-se longe na hora mais tensa. Aproximar-se dos soldados em momento de tensão na segurança, todavia, cobraria custos ante o restante do eleitorado de Fortaleza.

O pré-candidato, então, adotou postura dividida: nem tão distante a ponto de se descolar do problema, nem tão perto para ajudar a encontrar bom termo e com isso capitalizar. Sofre desgaste, sim, e sai sem ganho algum.

Diferentemente de Sabino, que, embora tenha sido o principal derrotado do motim, também se converte na única voz dos PMs. Mesmo avariado, o ex-parlamentar se cacifa como interlocutor dos agentes de segurança. Conduziu uma paralisação até o extremo. E, mesmo no final, ainda tentou evitar que se chegasse a entendimento, como prova sua declaração segundo a qual a assinatura do acordo foi simultaneamente a da sua demissão. Sofrerá consequências, algumas talvez graves, como a improvável prisão, mas também se fortalece para uma eventual briga por vaga na Câmara de Fortaleza, seu projeto declarado desde o início.

E, do lado do governismo, quem se projetou? O presidente da Assembleia, José Sarto, ganhou protagonismo em momentos importantes. Foi voz ativa e dura ao se dirigir aos PMs que se amotinaram, chamando-os de bandidos. E também ao convocar sessão extraordinária da AL para votar emenda à Constituição que veta anistia a militares.

Mas outros nomes cresceram na esteira desses 13 dias que abalaram o Ceará e frequentemente colocaram bolsonaristas e o governador Camilo Santana (PT) em rota de colisão, antecipando em muito o que deve ser a queda de braço nas eleições de 2020.

Um personagem que sai por cima é o próprio chefe do Executivo. Transigiu quando devia, abrindo-se ao diálogo, e fechou-se quando precisava, cercando-se de estratégia institucional que incluiu uma ação coordenada no Judiciário e no Legislativo.

Nos bastidores, porém, há outros. Muitos na AL, outros no Palácio da Abolição. Todos possíveis candidatos a candidato à cadeira de Roberto Cláudio (PDT). Se a crise na segurança fez ver algo, foi que o episódio serviu para mostrar quem tem musculatura política e experiência para entrar numa bola dividida com o time de Capitão Wagner.

Acompanhe a cobertura do motim dos policiais

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