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Bolsonaro preso: as fraturas da queda de um capitão
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Reportagem Seriada

Bolsonaro preso: as fraturas da queda de um capitão

Aliados, opositores e especialistas comentam a prisão preventiva do ex-presidente. Como o governo lida com o colapso do principal adversário político? Quem herda o bolsonarismo? Qual o peso da prisão para a história política brasileira? Reportagem explora essas e outras questões
Episódio 17

Bolsonaro preso: as fraturas da queda de um capitão

Aliados, opositores e especialistas comentam a prisão preventiva do ex-presidente. Como o governo lida com o colapso do principal adversário político? Quem herda o bolsonarismo? Qual o peso da prisão para a história política brasileira? Reportagem explora essas e outras questões
Episódio 17
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Jair Bolsonaro (PL) completava cinco meses de Governo, em maio de 2019, quando relembrou a própria prisão em 1986. Mais de 30 anos depois, na cadeira de presidente, comparou o antigo episódio com a então situação do adversário, Lula (PT).

No início da carreira militar, o jovem Bolsonaro capitão passou quinze dias detido no quartel por ter defendido publicamente um aumento salarial para a classe, em entrevista à revista Veja.

Em meio às lembranças, o presidente disse não sentir compaixão por Lula, mas admitiu ser a detenção uma situação difícil, ainda mais no caso do petista. Não estava em um quartel, mas em uma cela — um declínio político solitário. 


 

“Costumo dizer muitas vezes: se você está comendo coisa não muito boa e passa a comer uma coisa boa, legal. Mas, quando você está comendo bem e volta a comer uma coisa ruim, você sente. Ele saiu de uma situação de líder para a de um cara preso”, comentou, novamente à Veja

Seis anos depois, o capitão teve a prisão preventiva solicitada pela Polícia Federal (PF). A detenção não corresponde ao início do cumprimento de pena, mas sim a uma medida cautelar, o que significa que não se trata ainda do cumprimento da pena devido à condenação na trama golpista.

Porém, a determinação já revela uma irônica constante da política brasileira, a linha que separa a Presidência da prisão mostrou-se, novamente, mais curta do que o esperado. Seguindo a lógica do próprio Bolsonaro, de líder, ele virou "um cara" com prisão determinada.

No entanto, para os especialistas e políticos ouvidos nesta reportagem, não seria tão simples. Até mesmo opositores ao ex-presidente, que comemoram a condenação,não dão Bolsonaro como completamente “derrotado”. A prisão, pelo contrário, abriria margem para uma reconfiguração da direita e, claro, um novo capítulo da política brasileira.

 

 

Direita brasileira entre sobras de esperança e brigas por herança

Para aliados do ex-presidente, a prisão tem outro nome: perseguição. Líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (PL-AL), cita um suposto uso “injusto e autoritário” das instituições para calar Bolsonaro, descrito como inegável liderança política.

ParaTodosVerem: Líder do PL na Câmara, o deputado Sóstenes Cavalcante. É um homem branco, de terno. Usa óculos(Foto: Kayo Magalhães / Câmara dos Deputados)
Foto: Kayo Magalhães / Câmara dos Deputados ParaTodosVerem: Líder do PL na Câmara, o deputado Sóstenes Cavalcante. É um homem branco, de terno. Usa óculos

Outra aliada, Dra. Silvana, deputada estadual do PL Ceará, seguiu a mesma toada, apesar de ir além e chamar o caso de “maior absurdo jurídico já descrito”. “Alguém incriminado por um crime que de fato nunca aconteceu vai entrar pra história da humanidade. O possível criminoso nem na cena do crime estava”, justifica, se referindo à acusação de tentativa de golpe de Estado ao qual Bolsonaro foi condenado.

A decisão, conforme Silvana, é inédita de um jeito negativo, pois mesmo no Império brasileiro “existia previsão de atos, leis a se submeter”. No julgamento pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), ao contrário, a deputada considera que “a interpretação pura da constituição não foi suficiente”.

ParaTodosVerem: Dra. Silvana, deputada estadual. É uma mulher branca, de cabelos escuros, Fala em uma tribuna(Foto: JÚLIO CAESAR)
Foto: JÚLIO CAESAR ParaTodosVerem: Dra. Silvana, deputada estadual. É uma mulher branca, de cabelos escuros, Fala em uma tribuna

“Resolveram (os ministros) criar suposições de algo que nunca existiu. Chega a ser risível, mas infelizmente não é”, alega.

Toda essa situação de julgamento, condenação e prisão de Bolsonaro teria “aprofundado” divisões políticas, em um ambiente já muito disputado e polarizado. “A história mostrará que perseguir adversários políticos nunca é o caminho. O diálogo e o respeito à Constituição é que devem prevalecer”, determina Sóstenes.

Como exemplo desses “ânimos exaltados”, o deputado citou a Câmara Federal, onde atua, alegando que a “base conservadora se uniu ainda mais em torno de pautas que reforçam valores, enquanto o diálogo com o Governo se torna mais difícil, já que há um sentimento de desconfiança e de retaliação política”.

Outro ponto a ser levantado são as eleições, a serem realizadas em 2026. No contexto eleitoral, Sóstenes enxerga um Bolsonaro ainda mais forte devido ao sentimento de “revolta” da população pela "injustiça sofrida".

“Pode gerar uma onda de solidariedade popular. Muitos brasileiros enxergariam isso como uma injustiça e reagiriam nas urnas, fortalecendo os candidatos ligados ao nosso campo ideológico”, diz Cavalcante.

Para os apoiadores, a prisão não é empecilho em declarar Bolsonaro a principal opção para a campanha presidencial. Sóstenes chamou o ex-presidente de “Plano A, B e C". Já Silvana exaltou o ex-presidente como "grande liderança limpa de corrupção". 

Vale lembrar, no entanto, que o presidente — antes já inelegível — está impossibilitado de concorrer em 2026, devido à Lei da Ficha Limpa.

 

"Nossa primeira e atual única opção é o retorno do Bolsonaro ao seu lugar de cabeça na direita.”

- Dra. Silvana, deputada estadual pelo PL Ceará

  

 

Esquerda e Governo: reparação do passado, olhar ao futuro

Se os aliados alegam injustiça, para os opositores de Bolsonaro o sentimento é exatamente o contrário. Manuela D'ávila (Sem Partido), ex-deputada federal, considera a prisão do ex-presidente “uma manifestação para todo o povo, para todas as mulheres e homens brasileiros, de que todas as pessoas são iguais perante a lei”.

ParaTodosVerem: Manuela d'Ávila, ex-deputada federal. É uma mulher branca, de cabelos curtos. Usa um blazer cinza e fala ao microfone(Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil ParaTodosVerem: Manuela d'Ávila, ex-deputada federal. É uma mulher branca, de cabelos curtos. Usa um blazer cinza e fala ao microfone

Segundo a deputada, esse sentimento é intensificado por se tratar de alguém em um cargo público e, em consequência, com responsabilidades públicas. Mesmo nestes casos, celebra, as consequências podem ser arcadas.

Especialmente, os opositores a Bolsonaro reforçam a seriedade dos crimes aos quais ele foi condenado, que circulam a tentativa de deposição da democracia. As punições entram, no histórico brasileiro de golpes não punidos, como um marco.

“Uma prisão que demonstra para o povo brasileiro e para o mundo que o Brasil, enquanto nação, não topa qualquer tipo de ameaça à vida democrática tão jovem do nosso país”, exalta Manuela.

ParaTodosVerem: Rogério Correia, deputado federal filiado ao PT. É um homem branco, de cabelos grisalhos. Está no Congresso e veste um terno cinza(Foto: Vinicius Loures / Câmara dos Deputados)
Foto: Vinicius Loures / Câmara dos Deputados ParaTodosVerem: Rogério Correia, deputado federal filiado ao PT. É um homem branco, de cabelos grisalhos. Está no Congresso e veste um terno cinza

Da mesma forma, Rogério Correia (PT), deputado federal, disse tratar o processo com “seriedade”, mas admite “alívio” justamente por esse risco de “conspiração à democracia”.

“Quem fez o que Bolsonaro fez tem destino e esse destino é a Papuda. Não se trata de fazer espetáculo, mas também não vamos fingir normalidade. A postura é afirmar com clareza que a Justiça está funcionando, que golpe não é opinião política e que a democracia brasileira não aceita mais flertar com o autoritarismo. Ditadura nunca mais”, diz o parlamentar.

E completou: “Agora resta saber se o grupo político dele vai finalmente abandonar a estratégia de golpe continuado, essa tentativa permanente de desestabilizar as instituições e o próprio país em torno da agenda pessoal da família do capitão”.

Apesar deste sentimento de “encerramento”, os olhares dos espectros políticos mais afastados do bolsonarismo, assim como os mais próximos, voltam-se ao futuro. Mesmo estes representantes políticos consideram que o jogo não acabou, mas reconfigura-se.

“Eu acho que a figura de Bolsonaro perde força relativa, mas tenho uma visão de que isso não necessariamente se relaciona com a perda de força da extrema-direita”, opina Manuela D’ávila.

Ela relembra o eleitorado “certo” do ex-presidente, o qual estima ser de 15% a 25% da população brasileira. Estas pessoas, que identificariam-se com Bolsonaro por um viés ideológico, viram alvo de conquista em um cenário eleitoral. “Outros interlocutores podem ser credenciados para ocupar esse lugar”, pondera a ex-deputada, em um discurso diferente dos defensores da candidatura de Jair mais acima.

Rogério Correia é da mesma opinião, mas de modo mais incisivo: “Rei morto, rei posto. A direita entra em autofagia, como já está entrando. Já se portam como abutres rondando a carniça.”

 

 

Quem herda o trono da direita

Eis que as eleições entram em foco. O capital político do próprio Bolsonaro não se extingue com a prisão, conforme os analistas ouvidos para este material.

Assim como as visões sobre a prisão são diferentes entre os representantes políticos conforme o espectro ideológico deles, o mesmo se aplica aos eleitores brasileiros, conforme Érico Firmo, editor de Política do O POVO e colunista do O POVO+.

ParaTodosVerem: jornalista Érico Firmo. Tem cabelos e barba escuros. Usa uma camiseta azul em um fundo também azul(Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES ParaTodosVerem: jornalista Érico Firmo. Tem cabelos e barba escuros. Usa uma camiseta azul em um fundo também azul

O dito “público politizado anti-Bolsonaro”, para o jornalista, não seria muito influenciado pela prisão, uma vez que a imagem do presidente sempre foi muito negativa para eles.

“Embora não seja o motivo da condenação, (levam em consideração) coisas como a postura na pandemia e outras medidas, pelas quais Bolsonaro deveria ser preso ou punido. Alguns até diziam assim: ‘não, chegou tarde (a prisão), era para ter vindo antes, era para não ter terminado nem o mandato’”, diz.

No lado oposto, dos bolsonaristas, também não haveria um grande impacto negativo. Érico Firmo estima até uma certa melhoria na imagem justamente pela “injustiça” alegada pelos apoiadores. “O injustiçado que lutou”, comenta.

O cenário não mudaria nem para o público bolsonarista, nem para o anti-bolsonarista e nem para o que não acompanha política com afinco. “Acho que os mais impactados são os que acompanham (a política) mais à distância, porque é um predominantemente negativo (a prisão). Ainda que se tenha essa imagem de vitimização, favorável não é”, analisa.

Outros fatores que podem abalar a imagem de Bolsonaro são as medidas cautelares — prisão domiciliar e proibição de entrevistas e redes sociais, palanques do bolsonarismo. As recomendações, cumpridas após retratação, teriam tirado Bolsonaro do debate público diretamente. “Ele deixa de ser esse animador da militância, o agitador. Isso tem um impacto para dar uma refluída nos seguidores dele”, diz Érico Firmo.

ParaTodosVerem: Juliana Dal Piva, jornalista. É uma mulher de cabelos escuros e longos, usa roupas claras. No fundo, estantes de livros(Foto: Daniel Marenco/Reprodução/UFSC)
Foto: Daniel Marenco/Reprodução/UFSC ParaTodosVerem: Juliana Dal Piva, jornalista. É uma mulher de cabelos escuros e longos, usa roupas claras. No fundo, estantes de livros

Desgastado ou não, Bolsonaro conseguiu centralizar a direita brasileira em sua figura, ao longo da carreira política. Firmou-se como representante-mor.

Nisso, entram os herdeiros. Bolsonaro está fora do jogo, ou ao menos da cabeça de chapa e, assim, abre espaço para que outra pessoa ocupe. “E aí é que a gente vai entender o quanto que ele vai conseguir transferir voto e emplacar o candidato que indicou”, diz Juliana Dal Piva, jornalista e escritora do livro O Negócio de Jair, sobre a vida do ex-presidente.

Juliana considera que a direita tem “muito pouco” a oferecer para o cenário de 2026 enquanto oposição a Lula, que deve tentar reeleição. Segundo ela, o Governo baseia-se, no momento, em índices econômicos e sociais, e medidas populares como a aprovação do Imposto de Renda para até R$ 5 mil.

Já a direita agarra-se, por exemplo, “ao discurso violento da operação do Rio de Janeiro para usar uma desculpa de que estão combatendo a criminalidade, como se isso fosse dar algum tipo de resultado a longo prazo. Mas não dá, só gera mais violência”.

 

Além desses fatores, Juliana considera que a indefinição sobre o candidato a concorrer pelo espectro pode atrapalhar as articulações, uma vez que boa parte da direita segue considerando Bolsonaro para o pleito. “É um momento muito difícil para a extrema direita e até para os setores de direita que tentam viabilizar outros candidatos que não sejam ligados ao Bolsonaro para também tentar pensar uma outra alternativa”, pontua.

 

Mesmo com a incerteza, há opções. Nomes considerados, em maior ou menor proporção, são os de Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo; Ronaldo Caiado (União Brasil), governador de Goiás; Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro; Ratinho Júnior, do Paraná, (PSD) e Romeu Zema, de Minas Gerais, (Novo).

Há ainda os familiares: Flávio Bolsonaro (PL-RJ), senador e “filho 01” de Jair; Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho 03; e Michelle Bolsonaro, esposa de Jair.

 

Quem herda o bolsonarismo?

 

Paula Vieira, cientista política vinculada ao Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem/UFC) e colunista do O POVO+, aponta, inicialmente, Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como herdeiro. O parlamentar seria mais viável que Eduardo, por exemplo, já “muito desgastado” entre os próprios representantes da direita. Sobre Michelle, diz ser difícil uma figura feminina liderar uma campanha presidencial de extrema direita.

Por outro lado, ela considera “uma chance de Flávio Bolsonaro e os demais também se desgastarem muito em termos de imagem”, o que levaria aos governadores.

ParaTodosVerem: Paula Vieira, professora e pesquisadora do Lepem. É uma mulher de cabelos médios e escuros. Usa roupas prestas e brancas(Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE ParaTodosVerem: Paula Vieira, professora e pesquisadora do Lepem. É uma mulher de cabelos médios e escuros. Usa roupas prestas e brancas

A primeiro momento, Juliana Dal Piva acha “difícil” Bolsonaro emplacar a própria família “por diferentes razões e problemas internos, brigas e disputas”.

“Hoje quem está mais próximo de ocupar o lugar de candidato apoiado pelo Bolsonaro, é o Tarcísio de Freitas. Ele nega publicamente, mas é o homem que está mais perto”, aposta. A jornalista reforça que, independente do nome, “Bolsonaro vai mandar nessa decisão e vai ser competitivo”.

Para além do nome para presidente, vale ressaltar que a direita brasileira continua se movimentando de outras formas, conforme analisa Paula Vieira. A própria Michelle, ainda que a cientista não considere a prioridade do PL para presidente, mobiliza as mulheres. O cearense André Fernandes (PL) “sustentaria uma formação dessa legenda partidária na entrada da direita no jogo democrático”.

ParaTodosVerem: montagem traz à esquerda a ex-primeira-dama do Brasil, Michelle Bolsonaro, em evento evangélico. À direita, André Fernandes, durante campanha eleitoral, com apoiador(Foto: FABIO LIMA/O POVO/Daniel Galber/Especial para O POVO)
Foto: FABIO LIMA/O POVO/Daniel Galber/Especial para O POVO ParaTodosVerem: montagem traz à esquerda a ex-primeira-dama do Brasil, Michelle Bolsonaro, em evento evangélico. À direita, André Fernandes, durante campanha eleitoral, com apoiador

Há ainda outros segmentos: os militares e os líderes religiosos evangélicos. Estes, para Érico Firmo, ainda que determinantes na política, não estariam exatamente na liderança das chapas.

“Parece que hoje ninguém está na liderança, e aí é que eu falo da pulverização (após a saída de Jair)”, analisa o jornalista, que já interliga este fato ao futuro para além de 2026: “Eu diria que o campo da direita segue muito forte. Por mais que as pesquisas mais recentes indiquem uma possibilidade de o Lula ser reeleito, é uma dúvida o futuro da esquerda pós-Lula, o que irão construir em seguida. Já em relação à direita, tem muitos nomes”.

 

 

Sob a luz da história

Nos corredores dos prédios de Brasília, os quadros de ex-presidentes revelam que dois outros ex-chefes do Executivo traçaram a mesma rota de Lula e Bolsonaro: do topo para uma cela. Acontece que há uma linha tênue entre a Presidência e a prisão, como relembra o jornalista Érico Firmo.

Além dos candidatos de 2022, foram presos após a Presidência: Fernando Collor, primeiro presidente eleito democraticamente após a ditadura, que está em prisão domiciliar. Michel Temer (MDB), por outro lado, foi detido em 2019, no âmbito da Operação Lava Jato.

 

Os quatro presidentes presos após a redemocratização

 

Além destes casos, outras punições contra presidentes incluem impeachments: novamente de Fernando Collor, em 1992, e de Dilma Rousseff, em 2016. Tudo isso em 40 anos de democracia.

“Uma realidade muito atribulada”, resumiu Firmo. A diferença do caso de Bolsonaro, para ele, estaria justamente no que os opositores mencionaram mais acima: a prisão sob um contexto histórico e social.

 

“Por mais que o Brasil venha no poder da democratização se acostumando a prender ex-presidentes, não se acostumou a punir crimes contra democracia, tentativa de golpe de Estado."

- Érico Firmo, colunista de Política do O POVO+

 

O mesmo é salientado por Juliana Dal Piva: “É a primeira vez que pessoas que tentaram um golpe de Estado vão responder por esse crime e ser responsabilizadas”.

A jornalista, no entanto, tem dúvidas sobre o futuro da política brasileira. Acha incerto traçar perspectivas definitivas sobre se esse teor democrático deve permanecer. “A prisão de Bolsonaro, quando se der de vez na execução da sentença, vai representar esse momento de virada e transformação. Mas, a gente vai ter que entender se essa transformação é permanente”, disse.

ParaTodosVerem: Jair Bolsonaro, ex-presidente, se despede em uma multidão(Foto: Sergio Lima/AFP)
Foto: Sergio Lima/AFP ParaTodosVerem: Jair Bolsonaro, ex-presidente, se despede em uma multidão

Há quem analise sob outra perspectiva, com mais otimismo. “Conseguimos segurar um golpe”, resumiu um tanto aliviada a cientista política Paula Vieira. Ela reforça que a democracia, “mesmo em risco”, conseguiu sustentar os eixos democráticos.

“Eu acho que esse é o peso político da prisão do Bolsonaro, de ter uma leitura de um estado que ele é forte, um estado brasileiro forte, soberano, com independência dos poderes. Nós temos o aparato Legislativo, de maioria ao Bolsonaro, mas temos o Judiciário fazendo esse enfrentamento e o Governo Federal um pouco mais distanciado da discussão, para exatamente manter a independência dos poderes."

E completa: “A democracia é isso, plural, não é a eliminação da direita, mas que a direita conviva dentro de um sistema democrático, dentro do sistema de direito democrático, sem tentativa de golpe. Acho que essa é a importância histórica, o peso histórico da prisão do Bolsonaro”.

 

 

"Olá! Aqui é Ludmyla Barros, repórter do O POVO+. O que achou da matéria? Te convido a comentar abaixo!"

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