As produções culturais sul-coreanas se espalharam pelo mundo e conquistaram uma legião de amantes do estilo musical, das coreografias e das telenovelas românticas.
No Brasil, essa paixão é gigante: entre 2018 e 2025 o número de streamings nas plataformas de música cresceu 326%, segundo o Spotify. Por isso, é comum conhecermos ao menos um k-poper desde a metade dos anos 2010.
O fenômeno da conquista cultural sul-coreana acontece graças às possibilidades contemporâneas de lançamento mundial. Quando não havia serviços de streaming, a maioria dos filmes que passavam nos cinemas e na televisão aberta eram hollywoodianos.
Hoje, por outro lado, o investimento dos outros países chegam por canais de streaming; da mesma maneira, o YouTube é um grande distribuidor de videoclipes, produtos importantes para os fãs da música pop coreana.
Retrato disso é a música Golden, da animação da Netflix Guerreiras do Kpop (ou Kpop Demon Hunters, no título original). No primeiro semestre de 2025, completou seis semanas seguidas no topo da lista da Billboard Hot 100, o ranking das músicas mundiais mais ouvidas de cada semana, representando a força da influência cultural do k-pop e da cultura coreana no mundo.
Essa influência é o que a área das Relações Internacionais chama de soft power. Ao pé da letra “poder suave”, é um conceito desenvolvido por Joseph Nye, da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.
Ele define a capacidade dos países de exercer influência sobre outros sem utilizar a força física ou armada, mas pelo poder de atração de sua cultura, valores e estilo de vida. Cria-se, assim, uma relação diplomática entre os países envolvidos.
O soft power não afeta apenas as relações de uma nação com outra, mas também o estilo de vida da população do país que absorveu a influência de determinada cultura, como esclarece Maíra Ourives no artigo "Soft Power e Indústria Cultural: A Política Externa Norte-Americana Presente no Cotidiano do Indivíduo", publicado em 2013 na revista científica Rari.
Como isso acontece a partir do impulso do poder cultural de algum país? Os filmes hollywoodianos, por exemplo, têm tanto investimento para circularem por todo o mundo que são o principal meio de propaganda do “sonho americano”.
A vida escolar estadunidense é almejada por crianças e adolescentes. O Natal com tradições de assar biscoitos, e até a festa de Halloween. Além do desejo e do aumento de consumo de alimentos fast-food, como o McDonald’s que possui cerca de 43 mil lojas espalhadas pelos países.
Enquanto isso, os telespectadores sequer se questionam, ou percebem, sobre como suas vidas passam a ser influenciadas por essas obras. Essa é a dominação cultural de um país para outro.
Conheça o k-pop a partir das músicas mais ouvidas de alguns grupos
A partir da década de 2010, uma nova onda de entretenimento começou a crescer continuamente no Brasil até os dias de hoje: a cultura sul-coreana, como apresenta a bacharel em Comunicação Social - Audiovisual Lara Jalila no TCC “A cultura dos fandoms de k-pop: como a prática dos fãs contribuiu no crescimento e espalhamento do gênero a partir de 2015”.
O pop sul-coreano (k-pop) e as telenovelas (k-drama) foram abraçados e hoje influenciam o estilo de roupa, o corte de cabelo, a alimentação e até hobbies, como iniciar na dança.
A pesquisadora também discute que o boom do k-pop no mundo surgiu com o lançamento da música e videoclipe no YouTube Gangnam Style, do cantor solista Psy, em 12 de julho de 2012. Com refrão marcante, “Eh sexy lady / Oppa gangnam style”, a música foi a primeira a atingir o marco de um bilhão de visualizações e permaneceu no top 1 até o dia 10 de julho de 2017.
Visando o lucro e observando o sucesso de Psy, as empresas mais ricas da Coreia do Sul colocaram investimentos pesados na música pop coreana. O resultado foi essa imensa disseminação da cultura coreana no mundo.
Foi o amor compartilhado pela música e telenovelas coreanas que realmente uniu ainda mais as irmãs Sofia Soares, 22, e Beatriz Soares, 18. Quando o k-pop se popularizou e o grupo BTS explodiu, elas tinham certo preconceito com a música e com os fãs por “ser modinha”, como disseram.
Mas em 2019, no ensino médio, Sofia quis se enturmar e conhecer o que as amigas escutavam. Por isso começou a ouvir o grupo masculino NCT, do qual é fã até hoje. Já Beatriz começou antes, em 2017, sendo fã do grupo feminino BlackPink, depois da prima, Letícia, apresentá-la ao novo estilo musical do momento.
As duas já gostavam de dançar desde crianças, quando faziam balé e assistiam às coreografias do Michael Jackson. Quando superaram o preconceito de algo novo, se apaixonaram pelas múltiplas artes que o k-pop une: “Para mim e para a Bia, (o que mais chamou atenção no pop sul-coreano) foi a dança e a performance”, declara Sofia.
Veja onde estão as lojas e restaurantes coreanos em Fortaleza
“Os videoclipes também são muito interessantes. Eles criam um conceito e, geralmente, seguem uma narrativa, uma história. Os clipes se interligam”, conclui. Foi assim que elas começaram a tentar aprender as coreografias, em casa.
Beatriz relembra a irmã sobre como a paixão pela música fez com que elas mergulhassem mais na cultura coreana num todo, seja testando a culinária, seja aprendendo o idioma.
“O idioma, a gente também já tentou aprender. A gente sabe escrever o alfabeto. Assim, ler o alfabeto, mas a gente não sabe o significado porque a gente não avançou, né?”, complementa.
O professor Nonato Furtado, diretor do Instituto Confúcio na Universidade Federal do Ceará (UFC) – órgão vinculado ao Ministério da Educação chinês e que funciona em parceria com a Universidade de Nankai – explicou ao O POVO+ os impactos do aprendizado de uma nova língua.
“Do ponto de vista profissional, o impacto é imediato. Num mercado globalizado, falar outro idioma deixou de ser diferencial e se tornou requisito. Profissionais bilíngues ou multilíngues têm mais oportunidades.”
Fazendo uma referência direta ao papel do Instituto Confúcio, que possibilita e estimula o intercâmbio de professores, pesquisadores e estudantes chineses e brasileiros, ele declara que há um impacto ainda mais aprofundado: “Aprender a ver o mundo por outra perspectiva. É desenvolver empatia, flexibilidade cognitiva e capacidade de diálogo.”
O k-pop e o k-drama deixaram de ser somente arte coreana. Com a exportação mundial, viraram produtos para a diplomacia e propaganda do país. Mais uma vez, retornamos ao soft power.
No dia a dia, a influência está nas roupas inspiradas no que as protagonistas dos k-dramas usam, no corte de cabelo e nos acessórios dos idols, no interesse de aprender o coreano e de experimentar as comidas típicas.
“A arte coreana amplia os horizontes culturais, conecta os jovens a uma cena globalizada, estimula a criatividade na música, na dança, na moda, na produção de conteúdo”, declara Pyero Talone, professor de Música da Universidade Estadual do Ceará (Uece), bacharel em Relações Internacionais e pesquisador da música enquanto instrumento de diplomacia cultural.
O professor também faz um paralelo com seu objeto de estudo, os Estados Unidos na década de 1940, e debate que, antes, as pessoas se influenciavam pelo estilo de vida norte-americano porque o instrumento que tinham para consumir era o cinema e o rádio com distribuição milionária dos EUA. Hoje, com o YouTube, a Netflix e o Spotify, as produções mudaram e, com elas, o público e a inspiração também.
Clique ou passe o mouse nas imagens para ler um pouco sobre algumas das comidas típicas coreanas
Nonato explica, também, o conceito de “internacionalização”: ele diz respeito à atuação que os países fazem além de suas fronteiras, uma dinâmica fácil e permanente no mundo globalizado e que permite não só o intercâmbio de pessoas, mas também de conhecimentos e cultura.
A internacionalização abre oportunidades para crescimento de ambos os países, mas precisa ter sensibilidade e respeito perante às diferenças culturais, assim como abertura para compreender o outro.
“Ela diversifica conexões, aumenta a resiliência das nações e fortalece o diálogo intercultural, promovendo uma visão de mundo mais cooperativa e menos centrada em fronteiras. No campo universitário, ela envolve cooperação acadêmica, mobilidade estudantil, produção científica conjunta e intercâmbio linguístico e cultural”
Telenovelas sul coreanas com idols de K-pop atuando como protagonistas
Uma outra onda de popularização asiática precedeu o fenômeno do k-pop e dos k-dramas: as animações japonesas. Conhecidos popularmente como animes e sendo adaptações para a televisão dos mangás (quadrinhos japoneses), essas animações são produtos que chegaram ao Brasil por volta dos anos 1960, na TV aberta, e conquistam cada vez mais fãs, como apresenta a tecnóloga em Produção Publicitária Bruna Oliveira no TCC “A influência e o impacto cultural das animações japonesas sobre o consumo de produtos licenciados”.
Temáticas como a jornada do herói, romance, mundo extraterrestre ou terror desenvolvidos nos animes fazem com que uma grande diversidade de jovens se identifiquem e se apaixonem pelas histórias. A paixão é levada para dentro da vida dos fãs, que se fantasiam e vão para eventos, o fenômeno chamado cosplay.
Uma produção cultural famosíssima no Japão, tanto quanto Naruto ou Dragon Ball Z é no Brasil, é a série de livros Anne de Green Gables, da escritora canadense Lucy Maud Montgomery. A órfã ruiva é tão popular entre os japoneses que foram produzidos dois animes recontando a sua história.
Essa influência cultural dos livros canadenses no Japão, mesmo sendo países tão distantes, levou os japoneses a abrirem uma escola de enfermagem chamada Green Gables, cujo objetivo é fazer com que os estudantes aprendam com os mesmo valores que a Anne prega na história: respeito a todos e amor pela literatura.
Além da escola de enfermagem, no Japão também há uma réplica da casa que Anne morou com Marilla e Matthew, inaugurada em 1990 na cidade de Ashibetsu, em Hokkaido.
Durante a colonização portuguesa no Brasil, por exemplo, uma das formas de dominação foi a imposição da língua portuguesa aos povos indígenas e aos africanos escravizados. Atualmente, o efeito contrário acontece graças ao alcance cultural do Brasil em Portugal.
Pyero Talone reconhece os benefícios das trocas culturais, mas também faz um alerta para a romantização de uma indústria que não é perfeita: “Há de se lembrar que o modelo coreano tem os seus problemas. Geralmente, todas as bandas também têm um padrão estético a ser seguido, e isso pode ser problemático em relação à auto-imagem dos jovens.”
O internacionalista comenta sobre a possibilidade da comparação que os jovens podem fazer de suas próprias imagens com a dos idols, que possuem uma rotina de treinos e alimentação irreais para pessoas comuns. “Então, a gente tem que ter cuidado para não romantizar e gerar expectativas irreais.”
Pyero finaliza comentando as pressões que os grupos de k-pop sofrem das empresas — e dos próprios fãs.
Em 2019, por exemplo, a cantora Sulli, ex-integrante do grupo K-pop f(x), cometeu suícidio após lutar contra a depressão e o bullying online. Sulli era conhecida por ser “uma figura polêmica na Coreia do Sul (um país ainda muito conservador quanto aos direitos femininos e da população LGBTQIAPN+), conhecida por desafiar normas sociais e ser vocal sobre questões como saúde mental e liberdade pessoal”, de acordo com o Museu da Pessoa.
A influência do Brasil no cotidiano dos portugueses
Da mesma forma que os EUA, durante a Guerra Fria, fazia sua propaganda a partir do cinema e de personagens, a Coreia do Sul se utiliza de outros artifícios: a internet e as redes sociais. Vídeos no YouTube, perfil dos idols no Instagram e os streams no Spotify fazem surgir um sentimento de aproximação dos fãs com os seus idols favoritos.
Cheul Hong Kim, diretor do Centro Cultural Coreano no Brasil (CCCB) — instituição vinculada ao governo da República da Coreia — afirma ao O POVO+ que, graças ao intercâmbio cultural, a economia da Coreia se movimenta ainda mais.
“A Coreia conseguiu se aproximar ainda mais do público mundial por meio do K-pop e dos K-dramas, o que despertou um grande interesse pela língua coreana, pela gastronomia e pelas tradições culturais”, esclarece. Leia a entrevista na íntegra:
O POVO+ - Primeiramente, eu gostaria de entender a visão oficial sobre como a Coreia do Sul vê a exportação de sua cultura. Atualmente, o incentivo cultural chega a ser uma política pública para movimentar a exportação de produtos ou o turismo no país?
Cheul Hong Kim - O governo da Coreia vê a cultura não apenas como uma indústria, mas como um ativo essencial conectado ao futuro do país. Com o apoio do Ministério da Cultura, Esporte e Turismo, entre outras instituições, a difusão da cultura coreana no exterior tornou-se um dos pilares das políticas públicas, contribuindo para fortalecer a imagem da Coreia e ampliar o intercâmbio internacional.
O k-pop, os k-dramas, o k-food e o k-beauty já conquistaram admiradores em todo o mundo, resultado não apenas do apoio governamental, mas também dos esforços conjuntos de empresas, artistas e fãs.
O POVO+ - E quais são os benefícios dessa troca cultural? Como fica a imagem da Coreia do Sul após o boom do K-pop e do K-drama?
Cheul Hong Kim - A troca cultural desempenha um papel fundamental no aprofundamento da compreensão e do respeito entre países. A Coreia conseguiu se aproximar ainda mais do público mundial por meio do K-pop e dos K-dramas, o que também despertou um grande interesse pela língua coreana, pela gastronomia e pelas tradições culturais.
Hoje, a Coreia é vista não apenas como uma referência em conteúdos culturais, mas também como um país inovador, criativo, além de ser reconhecida como liderança em tecnologia digital.
Ao mesmo tempo, continua sendo reconhecida como uma nação que valoriza sua tradição e identidade. Em países como o Brasil, a Coreia deixou de ser percebida como distante e passou a estar cada vez mais conectada ao cotidiano das pessoas, fortalecendo um sentimento crescente de proximidade cultural.
O POVO+ - E como se movimenta a sua economia a partir dos produtos culturais sendo exportados e amados mundo afora?
Cheul Hong Kim - A indústria cultural da Coreia injeta dinamismo em toda a economia. O sucesso do K-content (conteúdos culturais coreanos) impulsiona as exportações de bens de consumo, como alimentos e cosméticos, e transforma cenários de filmagem em destinos turísticos, gerando efeitos positivos em diversos setores.
Por exemplo, marcas de cosméticos utilizadas por artistas de k-pop ganham visibilidade global, enquanto locações de k-dramas se tornam pontos obrigatórios para turistas internacionais. Esse fenômeno cria um verdadeiro “efeito em cadeia”, em que a cultura se conecta ao consumo e ao turismo. Nesse movimento, a Coreia apresenta um modelo de crescimento integrado entre cultura e economia.
Conheça a entrada do CCCB
Uma outra ferramenta de aproximar os brasileiros, no nosso caso, da cultura coreana, é realmente a implementação de um ambiente físico como o CCCB no país. No Brasil, o Centro fica localizado desde 2019 na avenida Paulista, mas foi inaugurado em 2013 no Bairro Santa Cecília, também em São Paulo. Porém, o CCCB faz parte de uma rede global de 35 instituições que se localizam em 30 países diferentes e possuem a mesma missão: fazer o intercâmbio cultural da Coreia do Sul para a população de cada país.
Dentre as atividades que o CCCB propõe estão: exposições de arte, mostras de cinema, apresentações musicais e festivais. Entre as atividades promovidas estão os cursos de língua coreana, o k-pop, aulas de Taekwondo, coral, dança tradicional e Gayageum – um instrumento tradicional coreano, de acordo com as informações divulgadas pelo próprio Centro Cultural Coreano.
Essa iniciativa deixa claro as intenções governamentais do governo da Coreia do Sul de boa diplomacia entre os países a partir de iniciativas culturais, ao fortalecer uma troca mútua e colaboração.
Explore por dentro do CCCB
O poder que a arte, num todo, possui para sensibilizar e estimular criações autorais de pessoas “comuns” é evidente quando vemos um exemplo tão próximo de nós. Breno Moura nasceu no bairro Rodolfo Teófilo, em Fortaleza, mas hoje mora e faz arte na grande cidade de São Paulo, com o nome artístico BrenoX
Ele relembra o início de sua trajetória como fã de k-pop. “Esse grupo se chama VIXX. No cearense aí seria ‘vixi’. Eu achei daora. Aí acabei usando o X para colocar no meu Instagram porque não dá para ser o ‘Breno’. Aí a primeira letra que veio foi o X. Eu botei o X e ficou Breno X (xis) ou Brenox (brenoquis), enfim. As pessoas começaram a me reconhecer com o nome do Instagram e não como meu nome.”
Clique na imagem e leia o perfil completo de BrenoX
A história de Breno começou em 2012, aos 12 anos, quando jogou Just Dance pela primeira vez. Ele se sentia perdido na escola, não acreditava ser bom em nada, mas ao ganhar a partida de dança no vídeogame, teve uma luz de que era bom naquilo. No mesmo ano, Breno foi competir no Sana, o maior evento geek do Norte e do Nordeste, que ocorre duas vezes ao ano no Centro de Eventos do Ceará.
Foi um dos grupos competidores de danças cover de k-pop, composto por pessoas mais velhas que ele, que viu potencial em Breno e o convidou para dançar com eles. “E aí foi do jogo para os palcos, literalmente”, relembra. “Minha primeira apresentação em grupo foi em 2014, eu acho. O nome do grupo era Warriors Black, nem existe mais.”
Em 2014, ele começou a ensaiar as coreografias com o grupo, como dançarino de apoio. Em 2015, ganharam o primeiro lugar na competição do Sana dançando as músicas "One shot” do B.A.P e “N.O" do BTS.
“Era uma comunidade de várias pessoas, de várias realidades e que me abriu muito esse acolhimento artístico, que eu estava me descobrindo artista também. Eu não sabia o que diabo que eu tava fazendo e quando eu percebi, a gente estava ganhando um troféu”, declara.
Em 2019, o artista montou o próprio grupo, abriu as inscrições e até hoje seus ex-colegas, mais novos que ele, o enxergam como referência. Breno, já conhecido como BrenoX nessa época, passou seus conhecimentos dos tempos de Warriors Black para frente. BrenoX estava montando o FutureX.
Participar dos grupos e das competições fizeram Breno tomar a atitude que, provavelmente, foi a mais realizadora para ele: subir no palco e cantar. Antes, ele cantava escondido em um aplicativo de karaokê, mas finalmente se apresentar na frente das pessoas o fez descobrir sua grande paixão. Foi em um dia de de 2017, cantando “Fake Love”, também do BTS, que ele viveu novamente uma “primeira vez” em um palco.
“Me descobri compositor na pandemia”, relembra. “Eu sinto demais as coisas, então acabo escrevendo demais. Eu comecei a transformar esse rolê da música, que era só dança, em algo mais autoral meu”.
Depois da pandemia, ele foi para São Paulo para participar de um reality de música. Vivenciando a vida paulistana pela primeira vez, ele viu uma chance de trabalhar melhor com o audiovisual, que se tornou seu “ganha pão” desde que fez cursos de fotografia e cinema na Casa Amarela da Universidade Federal do Ceará (UFC ) — e com a sua arte.
Hoje, BrenoX produz música, tendo feito seu primeiro lançamento em 2021 com Cativar (com influências estéticas que ele admira no k-pop) e faz freelance de produções audiovisuais para outros artistas e empresas. Ele também pontuou que uma de suas grandes conquistas foi seu contrato de dois anos com a MTV, onde aprendeu muito sobre o mundo da música e os bastidores.
O k-pop proporcionou para ele, e muitas outras pessoas que ingressam nos grupos de cover, a construção da sua própria arte e seu legado autoral. As relações que criou com aquela comunidade do Sana persiste e o emociona até hoje.
“Eu tava até com uma amiga minha esses dias, a Atena, que também fazia parte do FutureX. Ela me agradeceu e eu comecei a chorar muito porque eu nunca pensei que ‘a pessoa que não sabia fazer nada’ podia guiar alguém para fazer alguma coisa. Foi um momento que eu falei: ‘Valha, eu cheguei em algum lugar’. Só que por causa do k-pop a gente grudou e mesmo depois de desgrudado, eles continuaram na arte”, comenta.