Logo O POVO+
Renda dos pobres melhora, mas ascensão social ainda é tabu
Comentar
Reportagem Especial

Renda dos pobres melhora, mas ascensão social ainda é tabu

Apesar de cenário econômico mais favorável, com elevações reais do salário mínimo e menor índice de desemprego da história, pesquisa aponta que pessoas de baixa renda tendem a permanecer em empregos de baixa remuneração

Renda dos pobres melhora, mas ascensão social ainda é tabu

Apesar de cenário econômico mais favorável, com elevações reais do salário mínimo e menor índice de desemprego da história, pesquisa aponta que pessoas de baixa renda tendem a permanecer em empregos de baixa remuneração
Tipo Notícia Por
Comentar

 

 

“A cidade não para, a cidade só cresce. O de cima sobe e o de baixo desce”. A letra de Chico Science, líder do grupo Nação Zumbi, parece uma sentença para o Brasil. Lançada em 1994, representava a realidade de muito tempo e continua atemporal. Neste contexto (tão antigo e tão atual), a projeção de ascensão social das classes D e E, que teve crescimento da renda, deve ser reduzida na próxima década.

Isso é o que aponta levantamento da Tendências Consultoria. Ela ainda revela que, no contexto pós-pandemia, as classes mais altas devem liderar a recuperação da renda domiciliar no Brasil, sendo a ascensão social ainda um tabu, ou, até mesmo, um temor.

Mobilidade social das classes D e E deve ser limitada na próxima década, segundo pesquisa. Imagem aérea do Campo do América, comunidade pobre fincada no bairro Meireles, bairro nobre de Fortaleza(Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Mobilidade social das classes D e E deve ser limitada na próxima década, segundo pesquisa. Imagem aérea do Campo do América, comunidade pobre fincada no bairro Meireles, bairro nobre de Fortaleza

Segundo os dados retirados de levantamentos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aliados a projeções futuras da consultoria, a retomada da economia brasileira, com aumento de salários e índice recorde de menor desemprego da história, deve favorecer inicialmente o topo, caracterizado na pesquisa pelo alto funcionalismo público e empresários.

"A elite do funcionalismo público sente menos os efeitos da crise, já que a dinâmica econômica pouco interfere em seus salários e planos de carreira. Com rendimento atrelado aos ganhos de suas empresas, os donos de negócio buscam recuperar o padrão histórico de lucro, antes de reajustar salários de empregados e recontratar", diz o relatório.

 

Estratificação dos domicílios em 2025, por renda

 

Na estratificação dos domicílios segundo a renda, essa classe mais abastada corresponde àqueles com renda mensal superior a R$ 26,4 mil, o equivalente a 3,9% da população. A classe B é representada por quem ganha a partir de R$ 8,5 mil, fatia de 15% dos brasileiros.

A fatia correspondente às classes C (que ganham entre R$ 3,5 mil e R$ 8,5 mil) e D e E (até R$ 3,5 mil) respondem por 31,7% e 49,4% da população, respectivamente.

 

 

Essa definição é importante para destacar as peculiaridades de cada grupo, desde a resiliência do grupo economicamente dominante diante de crises, até a vulnerabilidade das camadas menos abastadas perante as oscilações econômicas ano sim outro não.

Exemplo disso é a dimensão do peso do custo dos itens essenciais na renda da população. Na classe A, despesas com habitação, transportes, saúde e cuidados pessoais, comunicação, educação e alimentação, consomem menos de 49% do dinheiro disponível mensalmente.

Para efeito de comparação, entre as demais camadas sociais, o peso no orçamento varia entre 61,7% e 79,4%. Ou seja, se a renda de uma pessoa da camada mais pobre da população for de um salário mínimo, de R$ 1.518, o que "sobra" são R$ 304 mensais.

A Tendências pontua que a redução da mobilidade social no Brasil segue um senso comum em países com grande desigualdade de renda, notabilizando um processo conhecido por "educação não revertida em produtividade" — na qual os grupos mais pobres, mesmo estudando mais, não conseguem empregos melhores ou receber promoções com salários mais altos, por exemplo.

Alessandra Benevides, professora da Universidade Federal do Ceará (UFC) em Sobral e pesquisadora nas áreas de desigualdades e pobreza, analisa que o principal desafio relacionado à baixa mobilidade social é a pobreza crônica, que passa entre gerações seguidas de convivência com o sufoco financeiro.

Desigualdade de renda persistente gera casos de pobreza crônica, avalia pesquisadora(Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal Desigualdade de renda persistente gera casos de pobreza crônica, avalia pesquisadora

"A formação da renda pode vir de salário, benefícios e outras origens passivas. Nas classes A e B, essa renda mensal cobre os gastos essenciais e dá uma certa margem para planejar um futuro. Nas classes C, D e E, as pessoas estão no limite e o valor do salário mínimo atualmente não permite que uma família viva com dignidade", afirma.

Ponto característico da parcela mais pobre da população é a dependência de benefícios e assistências governamentais, que passa a ser um condicionante de ter ou não renda. Alessandra pontua ser necessário romper com esse ciclo, o que significa planos governamentais que combatam outras deficiências estruturais de serviços públicos.

Para a pesquisadora, o Brasil tem esse desafio estrutural há décadas, com os mais pobres com crescimento "conta-gotas", sendo necessário mudar o perfil dessa classe de baixa renda.

"Tem sido dado como sucesso da política o fato das pessoas estarem deixando o programa, mas precisamos mudar o perfil da classe de mais baixa renda por meio da educação. O programa não pode exigir apenas a frequência na escola, mas que escola ele está frequentando? Qual a qualidade? Vai permitir que essa criança rompa o ciclo de pobreza ao sair da escola encontrando um bom emprego formal?", questiona.

O primeiro ponto é a oferta de educação para que a formação permita o acesso a empregos de melhor qualidade, tirando pessoas do trabalho precário de baixa remuneração, resume Alessandra.


 

A educação como ferramenta transformadora de realidades

Ferramenta transformadora de realidades, esse é o poder da educação para Rogerio Bie, 24, o terceiro de seis irmãos de uma família de pais agricultores que não chegaram a concluir a 5ª série do Ensino Fundamental. Ele se tornou o primeiro da família a ingressar e concluir o Ensino Superior.

Natural de Santa Quitéria (a 200 km de Fortaleza), uma das cidades mais pobres do Nordeste, ele defende o fortalecimento de políticas públicas transversais, principalmente as de acesso à educação, para que jovens sertanejos tenham a oportunidade de lutar por um futuro melhor para suas famílias e comunidades.

Rogerio boe, jovem cearense que saiu de um assentamento do MST para os Estados Unidos(Foto: Acervo Pessoal Rogerio Boe)
Foto: Acervo Pessoal Rogerio Boe Rogerio boe, jovem cearense que saiu de um assentamento do MST para os Estados Unidos

Formado em Jornalismo pela UFC, Rogerio é mestrando em Mídias e Narrativas Emergentes na Arizona State University, nos Estados Unidos.

O cearense conta que a vida em meio ao movimento social durante a infância o fez perceber que a dificuldade em alcançar os objetivos não era ligada à falta de esforço ou capacidade, mas de acesso a espaços e oportunidades, que só aconteceu via políticas públicas de educação.

Parte da família de Rogerio Boe, de Santa Quitéria, interior do Ceará(Foto: Acervo Pessoal Rogerio Boe)
Foto: Acervo Pessoal Rogerio Boe Parte da família de Rogerio Boe, de Santa Quitéria, interior do Ceará

"Desde muito cedo, o fato de eu ter crescido na zona rural, em um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), me fez compreender o quanto o processo de mobilidade social é marcado por desigualdades históricas e sociais e em como a educação seria o caminho para quebrar o ciclo (de pobreza) e mudar essa realidade da minha família e minha comunidade", ressalta.

Para o futuro, Rogerio afirma querer retornar ao Ceará para contribuir na luta contra a desigualdade de acesso às oportunidades. Ele lembra dos pais como grandes inspirações já que, mesmo sem alto grau de estudo, sempre foram incentivadores na luta por uma boa educação.

"Eu vejo que ainda sou uma exceção em uma realidade em que muitos jovens com a minha origem deixam de participar de muitas oportunidades porque têm que sair da escola para trabalhar e ajudar a família, ou então porque não têm um computador em casa para ter acesso a iniciativas. Espero retornar para a minha comunidade para contribuir na luta por uma sociedade mais equânime", comenta.


 

Distribuição de renda melhora, mas acúmulo de riqueza e impostos ainda favorecem desigualdades

Dados do IBGE apontam que 8,6 milhões de brasileiros saíram da pobreza no último ano. A proporção de pobres na população caiu de 27,3% em 2023 para 23,1% em 2024, o menor patamar desde 2012, quando iniciou a série histórica.

Ainda que os resultados sejam positivos, a avaliação é que a velocidade e a eficácia deste processo não estão ocorrendo da maneira necessária.

Para Haroldo da Silva, PhD em Economia e vice-presidente do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP), outro ponto a ser observado na problemática em torno da baixa mobilidade entre classes sociais são as condições abundantes que o Brasil oferece para permanecer rico e passar o patrimônio entre gerações.

O economista cita o exemplo do Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCDM), que atualmente, no Brasil, tem alíquota média de 4%. Ela deve ser elevada para 8% graças à reforma tributária. No entanto, o percentual fica aquém da média do grupo dos países mais desenvolvidos (OCDE), que é de 15%. Nos Estados Unidos e no Reino Unido, a alíquota é de 40%.

O estudo O papel do sistema de heranças na desigualdade brasileira, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), aponta que o aumento da expectativa de vida tem possibilitado maior acúmulo de capital aos doadores até a transmissão aos filhos, o que reforçaria a elevada desigualdade existente, "reduzindo a importância do investimento em educação e do empreendedorismo na determinação do nível de riqueza pessoal".

Número de pobres e extremamente pobres caiu no Brasil, mas distância para os ricos segue longa(Foto: FABIO LIMA)
Foto: FABIO LIMA Número de pobres e extremamente pobres caiu no Brasil, mas distância para os ricos segue longa

Na avaliação de Haroldo, a debilidade no processo de cobrança do ITCD é um promotor de desigualdades, havendo a necessidade urgente de revisão do arcabouço tributário brasileiro, além do que já foi revisado na reforma sobre a renda, olhando ainda para patrimônio.

"Esse é um tema importante que não pode ser deixado de lado", defende. "Portanto, o CEP onde uma pessoa nasce no Brasil é muito relevante para o seu futuro", afirma.

Citando o trecho da música A Cidade, de Chico Science, ele conclui que o Brasil dá sinais de que está no caminho certo para tentar mitigar desigualdades, "mas está extremamente atrasado nos mecanismos de melhoria de mobilidade social", restando ainda muitas mudanças para diminuir o número de gerações necessárias para mudar de classe.


 

Em 13 anos, Brasil e Ceará melhoram cenário, segundo o IBGE

Há 13 anos, o Brasil tinha 68,4 milhões de habitantes na pobreza; em 2019, o número caiu timidamente, para 67,5 milhões. Em 2020, mesmo com a pandemia, o número de pessoas vivendo com menos de US$ 6,85 por dia caiu para 64,7 milhões.

O índice de extrema pobreza também vem retraindo. Em 2012, 6,6% dos brasileiros sobreviviam com até US$ 2,15 por dia. Em 2021, chegou ao pico de 9% da população (18,9 milhões de pessoas), até que em 2024 recuou para 3,5% da população (7,4 milhões).

O movimento ocorreu também no Ceará, que obteve a menor desigualdade da série histórica, de acordo com o índice Gini, usado como parâmetro internacional. Em 2024, o índice foi de 0,487, ante 0,510 no ano anterior.

Desde a pandemia, renda dos ricos foi a que mais se recuperou(Foto: FABIO LIMA)
Foto: FABIO LIMA Desde a pandemia, renda dos ricos foi a que mais se recuperou

O índice é medido de zero a um, sendo que, quanto menor for o valor, melhor. O relatório do IBGE aponta que a combinação de impactos de programas sociais e um maior dinamismo no mercado de trabalho contribuiu para o resultado.

Apesar da redução do número de pobres e extremamente pobres no País e no Ceará, o tamanho da desigualdade de renda ainda assusta: No ano passado, os 10% mais ricos concentraram um volume de rendimento três vezes maior do que os 40% mais pobres.

 

 

Ranking dos milionários: Brasil em destaque mundial em meio à desigualdade persistente

Para além da metodologia aplicada pelo IBGE, o banco suíço UBS considerou não apenas a renda para determinação do índice Gini (que é a forma de análise do instituto brasileiro), mas todo o patrimônio de uma pessoa.

Neste recorte, o índice brasileiro seria de 0,82, empatando com a Rússia como o mais desigual entre os 56 países com maior economia do mundo. Esses 56 representam mais de 92% da riqueza global. 

O levantamento do UBS ainda elaborou o ranking dos milionários. Ao fim de 2024, os Estados Unidos abrigavam mais ricos do que Europa Ocidental e China somados, com cerca de 23,8 milhões de habitantes com patrimônio superior a US$ 1 milhão.

Em igual período, o Brasil abrigava mais de 430 mil pessoas com riqueza equivalente a pelo menos US$ 1 milhão, sendo o 19° do mundo. O País liderou o ranking dos países da América Latina, seguido pelo México, com 399 mil milionários.

A riqueza combinada dos milionários brasileiros, segundo o UBS, é de US$ 1,672 trilhão. Levando em consideração a população total de 211 milhões de habitantes, a população de milionários brasileira é equivalente a 0,2% do total.


 

No Ceará, desigualdade caiu na média, mas disparidades regionais são "gritantes"

Puxado por um desempenho positivo das regiões metropolitanas de Juazeiro do Norte, Sobral e, principalmente, de Fortaleza, o Ceará viu seu nível de desigualdade social decair nos últimos anos, segundo o IBGE.

No entanto, rincões de pobreza localizados em outras regiões do Estado mostram que as disparidades ainda são "gritantes" dentro do Estado.

Pesquisa do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) dá a noção das diferenças. A renda média das pessoas responsáveis pelo domicílio segundo as regiões de planejamento do Ceará podem variar até 52%.

Rincões de desigualdade de renda são notáveis entre regiões do Ceará, aponta levantamento do Ipece(Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Rincões de desigualdade de renda são notáveis entre regiões do Ceará, aponta levantamento do Ipece

Na Grande Fortaleza, o valor médio de renda mensal chega a R$ 2.609,36, resultado pavimentado por municípios com alto dinamismo econômico, como Fortaleza, Eusébio, Itaitinga, Aquiraz, Caucaia e Maracanaú, destaca o relatório do Ipece.

"Essa região também se destaca pela elevada concentração urbana e formalização do mercado de trabalho, maior escolaridade da população e melhor acesso a serviços e infraestrutura", pontua.

Aparecem após a RMF a região do Cariri (R$ 1.570,30) e o Sertão de Sobral (R$ 1.562,38), possuindo rendas médias 39,8% e 40,1% menores do que a Grande Fortaleza, respectivamente.

Na outra ponta, o Sertão de Canindé (R$ 1.253,56) e o Maciço de Baturité (R$ 1.244,93) são as regiões com menor renda média das pessoas responsáveis pelo domicílio.

No recorte municipal, o município de Eusébio (R$ 4.607,83) apresenta o maior valor de renda entre os 184 municípios cearenses, seguido por Fortaleza (R$ 3.084,07).

Em contrapartida, municípios como Miraíma, Tejuçuoca e Ararendá registraram valores inferiores a R$ 1.050. "A análise estatística indica forte assimetria, com a maioria dos municípios concentrados abaixo da média estadual", descreve o estudo.

Condomínios de alto padrão têm atraído moradores de maior poder aquisitivo ao município do Eusébio, na Região Metropolitana de Fortaleza(Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Condomínios de alto padrão têm atraído moradores de maior poder aquisitivo ao município do Eusébio, na Região Metropolitana de Fortaleza

A disparidade entre os valores médios é tão grande que a Grande Fortaleza se torna uma ilha de "riqueza" em relação ao restante do Estado, explica o analista de políticas públicas do Ipece Victor Hugo de Oliveira Silva, um dos responsáveis pelo estudo.

Para o analista, o processo de melhoria tem por base investimentos em saúde e educação. Ele destaca que a aposta na melhoria do capital humano representa avanço importante, especialmente a partir de 2007, quando o Programa de Alfabetização na Idade Certa (Paic) se tornou política de estado.

Com o Paic, as crianças têm ficado mais anos na escola e até chegado aos ensinos Técnico e Superior, o que consequentemente muda o perfil da massa de trabalhadores. Se antes os empregos ofertados demandavam baixa qualificação, o cenário atual deveria ser outro.

Na avaliação do especialista, o grande desafio está aí: qual tipo de emprego será ofertado para absorver a primeira geração de jovens cearenses que fizeram todo o caminho da escola desde a alfabetização pelo Paic?

A renda dos 1% mais ricos do Estado corresponde a 21,1% da Renda Disponível Bruta (RDB) do Estado(Foto: José Cruz/Agência Brasil)
Foto: José Cruz/Agência Brasil A renda dos 1% mais ricos do Estado corresponde a 21,1% da Renda Disponível Bruta (RDB) do Estado

"Se o jovem, do Interior ou da Capital, for formado para um alto nível de educação e só encontrar trabalho que não o utilize o saber técnico adquirido, esses jovens vão sair de suas cidades ou do Estado. Vão para o Sul e Sudeste em busca de oportunidades de emprego", aponta.

Outro ponto destacado é o fomento à interiorização dos negócios e incentivo a setores tradicionais, para aumentarem a incorporação tecnológica para gerar valor agregado a esses serviços.

"Por mais que haja migração de capital humano, quando você gera maior dinamismo no Interior, algumas pessoas com maior nível de educação ficam. Mas é preciso ter meios para absorver e melhorar o nível da economia local", aponta.

 

 

Mais notícias de Economia

"Oie :) Aqui é Samuel Pimentel, repórter de Economia do O POVO e apresentador do programa de educação financeira Dei Valor. Qualquer comentário ou sugestão é só falar comigo. Quer curtir mais conteúdos? Vem navegar no OP+"

O que você achou desse conteúdo?